Defesa Civil: Prefeitura construiu mais de 700 unidades nos abrigos oficiais
A cheia dos rios Tocantins e Itacaiúnas já afetou até a noite desta segunda-feira (17), 3.410 famílias. Desse total, 680 estão desabrigadas, 1.830 desalojadas (nas casas de parentes e amigos e aluguel) 485 ribeirinhos e 435 ilhadas, que ficam no andar de cima da residência, contrariando a recomendação da Defesa Civil de não se manter em área de risco.. A régua fluviométrica apontou, às 18 horas desta segunda (17), 13 metros acima da normalidade. Diante dos números, a Defesa Civil do município e a Sevop (Secretaria de Viação e Obras Públicas) já construíram mais de 700 unidades para acolhimento familiar, com água potável, banheiros e luz elétrica, nos 18 abrigos disponibilizados para os atingidos. Além da estrutura, as famílias recebem assistência de saúde, cesta básica, segurança e apoio psicossocial.
O secretário municipal de Obras, engenheiro civil Fábio Cardoso Moreira, explica que se trata de um trabalho realizado em conjunto com a Defesa Civil, a qual realiza o cadastramento das famílias que procuram pelo órgão, abrindo dezenas de pontos em Marabá, para poder construir os abrigos, conforme a localização das famílias.
“Temos uma média de 700 abrigos, fora o apoio a alguns desalojados que optaram por ficar nas suas lajes, realizamos a assistência conforme o cadastramento da Defesa Civil”, detalha Fábio Cardoso, acrescentando que o apoio aos abrigos é um trabalho de toda a gestão, entre a Saúde, Serviço Social, Segurança, SSAM (Serviço de Saneamento Ambiente), com limpeza dos abrigos e área, abastecimento de água potável e outros. Para garantir água potável foram construídas duas torres com caixa d‘água em cada abrigo, além de pontos de energia.
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Luís Silva, diretor técnico da Seaspac (Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários), lembra que a Seaspac tem cadastrado as famílias atingidas nos abrigos. “Disponibilizamos uma equipe que ia cadastrando as famílias que procuravam para mudanças, indicando se as casas estão alagadas e, posteriormente, a gente iniciou o trabalho de cadastramento e atualização dos cadastros dentro dos abrigos, porque essas famílias mudam constantemente e o número aumenta, para entrega de benefícios eventuais, entre eles, cestas básicas, kit de material de higiene pessoal”, declara.
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Ainda segundo o diretor técnico da Seaspac, esses cadastros objetivam acompanhar o número total das famílias que estão dentro dos abrigos. Atualmente, as equipes da Seaspac estão na sede da Defesa Civil no cadastramento e itinerante visitando abrigos e atualizando as famílias que entram nos espaços para entrega de cesta básica.
Os CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e Coordenadoria da Mulher também farão atividades rotineiras nos abrigos. “Um conjunto de atividades que tem como objetivo, fortalecer o vínculo de crianças e adolescentes e também dar apoio psicossocial para as famílias atingidas que estão em vulnerabilidade social”, sublinha Luís Silva.
Atualmente todos os abrigos e não-oficiais já receberam as cestas básicas doadas pelo Governo do Estado. Nesta terça-feira (18), continua a entrega das cestas básicas para famílias ribeirinhas. “Estamos montando a logística necessária para chegar até essas famílias ilhadas”, conta.
O Serviço de Saneamento Ambiental (SSAM) realiza limpeza nos banheiros químicos diariamente nos abrigos. A Guarda Municipal de Marabá também faz rondas constantes em todos os abrigos.
REPERCUSSÃO
A dona de casa Antônia Marcos Portel, de 56 anos, moradora da Rua Vital Brasil, no Bairro da Paz, mudou-se com o esposo para o abrigo em frente à obra Kolping, há cerca de 15 dias. Ela se deslocou às pressas porque a água estava subindo em um nível muito rápido. “Enche todos os anos, mas esse ano foi bastante diferente. Aqui está melhor, a água lá está cobrindo meu barraco, nós estamos aqui, já ganhamos cesta básica e peço que venha mais. Vou tomar a vacina na ação de saúde que iremos receber. Está bem coberto o abrigo, graças a Deus”, afirma.
Desempregado há seis meses, Adriano de Lima, de 35 anos, mora na Rua Porto da Balsa, no bairro Amapá, também está no abrigo da Kolping com a esposa e mais três filhos. É a primeira vez que a água chega até à casa dele.
“Nunca tinha mudado por esse motivo, em três anos morando nesse endereço a água ainda não tinha me tirado de lá. Ficou uma situação complicada, porque algumas coisas estragaram, a água está dando na cintura. Aqui está melhor, porque não estamos nos molhando, tendo um tratamento melhor, vindo alimentos, as pessoas estão estendendo a mão. Deus coloca o governo para nos ajudar. As pessoas do município perguntam nossa situação, até mesmo equipe da Semed veio aqui para agilizar a transferência da escola das crianças, caso precisem. Está tudo bem aqui, está melhor do que lá”, comenta.
Morando há duas semanas no abrigo da Folha 32, a dona de casa Eroni Campos Bezerra, de 45 anos, respira mais aliviada no seco. “Aqui está um pouco melhor, recebemos assistência médica, gostei do atendimento e fui bem tratada. Eles vieram vacinar e consultar o povo. Veio a cesta básica também. Lá na minha casa, o nível do rio está muito alto, perdi até documento. Aqui está melhor”, disse Eroni.
Os abrigos são localizados: em frente a Obra Kolping, na antiga Borges Informática, no bairro Francisco Coelho, Rua 05 de abril, Praça Paulo Marabá, Folhas 14, 31 e 32, na Avenida Sororó, dois no bairro São Félix, sendo um no Ginásio, Curral, Laje da Yamada, Galpão do Opção Calçados, e na Transmangueira. Há três abrigos não oficiais, sendo dois no bairro Santa Rosa/Z-30, Associação do Santa Rosa e na Rua das Cacimbas.
Texto: Emilly Coelho
Fotos: Magdegilson Teixeira