8 de Março: A transformação da mulher com a chegada da maternidade
A história de Vitória Ketlen Lima, de 20 anos, é a verdadeira história da menina que se tornou mulher por meio da maternidade. Ela teve a Maria Aurora França Dias, no domingo (5), no Hospital Materno Infantil, na Marabá Pioneira. Antes, como ela mesma se descreve, era uma menina irresponsável, que só pensava em si mesma e em festas, mas que sempre guardou o desejo de ser mãe. Sua vida se transformou quando descobriu a gravidez.
Vitória só soube que estava grávida quando sentiu os primeiros enjoos e, ainda inexperiente, achava que estava apenas passando mal. A irmã, que também estava grávida e havia descoberto primeiro, foi quem deu a ideia de fazer o teste que atestou positivo. “Fiquei desesperada e, ao mesmo tempo feliz, mas ainda assim fiz mais três testes, porque sou ansiosa. As coisas acontecem e eu não acredito. Depois disso, ainda fiz o exame de sangue. Sabe quando fui acreditar que ia ser mãe? Quando vi minha filha na sala de parto, nascendo”, relembra.
A gravidez não foi planejada e diante do susto, a ansiedade, que já era presente, aumentou e, logo, os medos vieram à tona. “Tinha medo dela nascer com problema, de não dar conta, de estar sozinha, mas quando eu sentia ela chutar na minha barriga, sabia que não estava sozinha e que Deus tinha me enviado um anjo”, diz emocionada.
Quando o médico a chamou para a sala de parto e aplicou a anestesia, ela viu que estava realmente acontecendo. “Quando ouvi o choro, vi que estava acontecendo. Fiquei aliviada. Mesmo vendo todos os ultrassons, jurava que tinha alguma coisa com ela, mas no dia que eu a vi de perto, vi que era saudável. Ela pegou no meu rosto e só não consegui chorar porque ainda estava anestesiada, mas fiquei muito emocionada”, relata.
Para a mãe de primeira viagem, o sentimento é uma mistura de amor com temor. “Fico olhando para ela e a sensação é de muito medo, pois é um amor que eu nunca senti na vida. Sabe quando a gente sente que tem um ser que ama a gente de verdade, que a gente olha assim e a tristeza desaparece?! Deus falou pra mim que ia dar certo, que bastava eu confiar nele”, conta.
Aos sete meses de gestação, Vitória estava passando por um momento difícil e não tinha nem começado a montar o enxoval da nova vida que estava para chegar. Para isso, ela contou com a ajuda de pessoas próximas, como a cunhada, o irmão e o pai, além de outros amigos. “As pessoas foram me dando as coisinhas dela e foi naquilo que fui despertando que não estava sozinha. De uma hora para a outra, foram aparecendo as pessoas certas e estenderam a mão pra mim”, comenta.
Nos sonhos, Vitória sempre se via com uma menina de mãos dadas com ela e mesmo que os outros dissessem que era menino, ela já tinha a certeza no coração. O nome foi escolhido por causa do significado especial. Aurora significa “novo dia”, “nascer do sol”, “indicativo de um novo dia” e foi isso que aconteceu na vida de Vitória, que agora viu o sol brilhar novamente com a chegada da filha, que já é muito amada.
Hoje o aprendizado é em relação à amamentação, que não tão romantizada como muitos pregam, traz dor física, mas Vitória como uma mulher forte e quer o melhor para a filha insiste para que a filha pegue o seio e se alimente. “Eu deixo ela mamar, mesmo com dor, até ela se acalmar. Estou tendo auxílio de todos aqui no hospital materno infantil”, frisa.
O técnico em enfermagem, Marcos Rafael Dias, acompanha Vitória e outras mulheres nesse momento especial e vê essa transformação de mulher em mãe. “A gente vê no olhar, dia após dia, principalmente por ser uma mãe nova, que está descobrindo esse mundo de poder gerar um ser, de poder dar essa criação. É interessante quando a gente observa o olhar diferenciado dessa paciente, após o procedimento obstétrico para o seu filho quando tem o primeiro contato. Isso é incrível, isso é contagiante, que nos deixa apaixonados a cada dia pela dádiva que a mulher tem em poder gerar um filho. A mulher é sim um ser superior em relação ao homem. Ela é um ser forte, um ser diferenciado”, enaltece.
Para o futuro, Vitória ainda deseja terminar os estudos e ter o próprio negócio no ramo de costura, pois sempre gostou de “fazer modelos”, como ela mesma diz. Ela afirma que só deseja que a filha esteja sempre ao seu lado e que ela consiga dar tudo para a criança.
“Quero dar as coisas para ela sem precisar pedir para ninguém. Sabendo que foi eu que dei para minha filha. Quero passar para ela o meu melhor. Ela vai conhecer os meus defeitos, mas que ela saiba que sempre vou estar ali por ela e quero que ela seja uma mulher que sempre corra atrás de seus sonhos e que ela nunca deixe que ninguém diminua ela em nada. Só quero que ela seja uma mulher forte”, conclui.
No HMI, por mês nascem 600 bebês de mamães de Marabá e outras 23 cidades da região.
Se tornar mãe, não traz só mudanças físicas ao corpo da mulher, mas mentais, emocionais e até cerebrais, como confirma uma reportagem feita pela BBC.
Outras mulheres que viraram mamães, registradas no HMI
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Jéssika Ribeiro