8 de Março: Há dez anos, viveirista da Seagri cultiva dedicação e colhe saúde e admiração
Cleonice da Silva Santos é uma mulher de 62 anos, que há 10 anos, trabalha como viveirista no setor de produção de mudas da Secretaria de Agricultura de Marabá (Seagri). Ela faz parte de uma equipe composta por 32 pessoas e 8 são mulheres, que literalmente põem as mãos na terra, e todos juntos produzem milhares de mudas e sementes para doação. Vestida com os equipamentos de proteção individual (botas, luvas, chapéu e avental), no viveiro, Cleonice é responsável pela sementeira, mas também planta, quando é necessário, e mais, faz questão de enfatizar que o serviço executado por elas é o mesmo dos colegas homens.
Cleonice trabalha de segunda a sexta-feira e pega no batente cedinho, às 07 da manhã. O meio de transporte é a bicicleta, pedala da Marabá Pioneira até à Agrópolis do Incra, em um percurso que dura cerca de 20 minutos. Mas quem disse que Cleonice reclama da vida?! Como mulher de religiosidade forte, católica apostólica romana e praticante, como bem frisa, ela externa a gratidão pelo trabalho. Disse que passado o fim de semana, nas segundas-feiras acorda motivada para retornar ao serviço.
Para entender melhor tanta gratidão é preciso voltar um pouco na história. De acordo com Cleonice, durante muitos anos trabalhou no comércio, ocupando vagas como gerente de loja de materiais elétricos, de balconista, de caixa, mas quando a idade chegou, enfrentou o gosto amargo do preconceito, até encontrar na Prefeitura de Marabá uma nova oportunidade.
“Quem me acolheu em 2012 foi a Secretaria de Agricultura e estou aqui me empenhando nesse trabalho, que é um trabalho árduo, trabalhamos no sol quente, na chuva, mas tudo que eu faço aqui dentro da secretaria, no viveiro, faço com amor. Claro que a gente pensa no salário, mas estou aqui firme e forte. Graças à Deus tenho saúde do corpo e da mente. Sou tão feliz!”, afirma.
A viveirista que prefere não se descrever como uma mulher guerreira, mas não pode negar que é uma batalhadora. Cleonice também é mãe de seis filhos, avó de 21 netos, bisavó de 10 bisnetos e que tem, como forte característica, o gosto pela independência feminina, por meio do trabalho. Ela se descreve como uma pessoa de “pés no chão”, firme e decidida no que faz.
“Pensei que quando eu chegasse na terceira idade, ficaria dentro de casa, fazendo crochê, cuidando dos netos, dos filhos, mas estou aqui no mercado de trabalho, prestando serviço. Isso pra mim é muito importante, não gosto de reclamar da vida. Eu ainda tô com toda força, e enquanto Deus me der força e vontade de viver, não quero parar de trabalhar não”, diz orgulhosa.
Além de chefe de família e profissional, Cleonice dedica parte da vida dela para trabalhos voluntários. É membro da Pastoral da Criança, da equipe de liturgia e do apostolado de oração. Contudo, ela ainda consegue cuidar do seu lado feminino. Disse que sempre encontra um jeitinho de deixar unhas e cabelos arrumados.
“Sou vaidosa, eu gosto de estar sempre bem bonita, arrumada. Já gostei muito de dançar, de brincar, badalação, mas hoje já tô deixando, porque tudo tem seu tempo. Agora é mais família, igreja, trabalho. Claro que saio, para dar uma volta com a família, comer uma pizza, passear na orla, fazer uma viagem. Me sinto uma mulher realizada, porque as coisas aconteceram. O que eu tenho, dar pra eu viver dignamente”, conclui.
Em nome da dona Cleonice, essa mulher batalhadora, que ama a vida, parabenizamos todas as mulheres de Marabá.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento