Festejo Junino: Boi Bumbá Estrela Dalva levará 120 brincantes para a arena
Nos últimos 29 anos, a Rua Maria Adelina, no Bairro Independência, já sabe. Época de São João é época de Boi Estrela Dalva. 15 vezes vencedores do festejo junino, os atuais campeões da festividade ensaiam ali mesmo, no fundo da casa do seu presidente e fundador, mestre Genival de Almeida, de 69 anos.
O Boi Estrela Dalva foi fundado em 23 de junho de 1993 e de lá para cá só deixou de participar do festejo na época da pandemia. Mas essa história na verdade começou alguns anos antes. “Em Imperatriz, eu fundei o Estrela Dalva com mais uns amigos, mas quando tive que me mudar, não deram continuidade. Quando cheguei aqui, refizemos ele e já são quase 30 anos”, comenta Genival, que também atua como vocalista ou 1º amo do boi.
Hoje, o Estrela Dalva conta com 120 brincantes, desses 118 são do Bairro Independência. Antes da paralisação devido à pandemia eram 150. E ao que parece, agora a tradição está garantida por muitos anos. É o que afirma Gilberto Souza de Almeida, 29 anos, vice-presidente. “É uma paixão. Movimento o bairro. Para gente é muito amor envolvido. Quando não teve, todos ficamos tristes. É mais do que só um boi, é a cultura e para nós é pura emoção”, destaca.
Ele participa do Estrela Dalva desde os 7 anos de idade. Já dançou, tocou bateria. Em 2019, quando ganharam o último título, ele atuou como o miolo do boi. Esse ano, estreia como segundo vocal e conta que ainda há dúvidas sobre qual tema será abordado.
“Temos uma tocada falando sobre a guerra que fala sobre paz e amor. Temos uma tocada falando sobre a caçada aos indígenas e à aldeia. Ainda estamos escolhendo. Mas posso garantir que será bonito”, acrescenta Gilberto.
O Estrela Dalva ensaia diariamente à noite. Como o local do ensaio é pequeno, ele fica dividido, com grupos ensaiando a cada dia. Nesta quinta-feira (26), foi a vez do ensaio dos índios e índias, somando 48 pessoas. A Carol Paixão, 33 anos, é um dos destaques do Estrela Dalva, representando a Índia Guerreira e atua na coreografia dessa ala.
Carol tem três filhos, de 14, 5 e 4 anos e eles já participam da festa do Boi. “Quando não teve [festejo], ficou buraco. Muitos jovens aqui no bairro até desenvolveram transtorno de ansiedade na expectativa se teria. Agora está tudo uma mistura de ansiedade, saudade, alegria, trabalho, emoção”, comenta Carol, que dança desde os 8 anos de idade.
Outro que está ansioso para o retorno é Maciel Soares da Rocha, que vai estrear na posição de Pajé do Boi Estrela Dalva. Ele dança há “apenas” 7 anos, após ser convidado para um ensaio acabou ficando. “Atuei 6 anos como cacique e agora serei Pajé. A dança do Boi se tornou algo muito especial para mim. A gente chega do trabalho cansado, mas não deixa de vir e de participar. Fazemos sempre o nosso melhor”, completa.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Paulo Sérgio
Confira outras fotos: