Cultura: Marabá orgulha-se de fazer parte do filme Pureza
No dia 19 de junho comemoramos o Dia Nacional do Cinema e para marcar essa data, relembramos que nossa cidade foi local de muitas gravações do longa brasileiro Pureza, protagonizado por Dira Paes, tornando-se um marco na vida cinematográfica de Marabá. O filme retrata a realidade do trabalho escravo no interior do Pará e a luta de uma mãe que sofre para encontrar seu filho. Uma história baseada em fatos reais.
Para saber um pouco mais sobre a produção do filme, conversamos com três marabaenses que trabalharam na produção do longa.
“Tivemos a oportunidade de viver uma experiência que eu talvez não viva mais. Aquilo abriu a mente para olharmos nosso trabalho de forma diferente e com mais criatividade e vontade de crescer. Esse foi o grande legado na área do audiovisual que o filme Pureza deixou para a cidade”, comenta Breno Pompeu, diretor de fotografia.
Apesar de no enredo algumas cenas se ambientarem como se fosse no Maranhão, Breno conta que 80% do filme foi gravado em Marabá e o resto em Brasília. “Teve cena na rodoviária, na praça, no Beco do Morcegão, Brejo do Meio e Folha 33 principalmente”, explica.
Entre as curiosidades, ele destaca que a maior parte das cenas foi gravada precisando apenas escolherem os ângulos para ambientação, mas algumas, como as imagens no hotel, tiveram modificações nas locações. “A fachada era de inox e tiveram que colocar uma de madeira por cima para simular a década de 80, em que o filme se passa”, revela.
Breno também explica que os participantes do filme aproveitaram a estadia na cidade para conhecer o festejo junino oficial de Marabá. “Eles curtiram muito, a Dira Paes até subiu no palanque e falou com o público, quem estava lá deve se lembrar”, recorda.
Para o fotógrafo Jordão Nunes, a experiência de participar serviu para aquisição de novos conhecimentos. “Foi muito interessante, aprendi muita coisa que não sabia como funcionava. Hoje, quando assisto qualquer filme, já fico imaginando como foi a cena com base no que aprendi e entendi, nesse período das filmagens em Marabá. Importante para região ter projeto nacional, com essa estrutura, por aqui”, completa.
Nunes conta que um amigo foi chamado para ser figurante e acabou atuando como auxiliar de figuração. “Ele interpretava um advogado, se não me engano, e, lá dentro, acabou evoluindo e começou a coordenar os figurantes da nossa cidade”, ressalta.
Inicialmente, eles trabalhavam apenas nas cenas aéreas, realizadas aqui no Pará, mas acabaram indo para as cenas em Brasília. “Eles gostaram e chamaram, com isso tivemos a oportunidade de fazer também as cenas que aparecem no filme lá em Brasília”, acrescenta.
O outro diretor de fotografia que trabalhou na operação dos drones, Vinícius Lira, revela que as imagens gravadas fora da cidade foram no Lago do Paranoá e no Congresso Nacional. “Foi certamente uma experiência maravilhosa, tanto em marabá, quanto lá, que levaremos para toda a vida”, discursa.
Lira reitera que a equipe, que veio de fora, sofreu com o calor da cidade. “Era algo entre abril e junho e o calor estava intenso. Eles ficaram com marcas no corpo. Já em Brasília, era o oposto, um friozinho. A Dira chegou a passar mal com o calor e foi necessário cuidados especiais com ela”, rememora.
Outro destaque é que houve um cuidado para que as gravações do filme não interferissem na rotina da cidade. “A maior interferência que teve foi na Ponte Rodoferroviária. Houve um ensaio antes e a gente teve uma única chance de execução , mas conseguimos realizar a cena de forma perfeita, com o trem passando no exato momento onde o carro da Dira estava”, comemora.
O filme Pureza já foi exibido em alguns locais públicos da cidade, o Cine Marrocos e Museu Municipal, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult). O filme também já esteve em cartaz nos cinemas de todo o Brasil obtendo bons resultados dos críticos.
Confira outras fotos:
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Arquivo pessoal