Cultura: Festejo Junino encerra com apresentação do Pássaro Junino Rouxinol e todas as juninas do Grupo A
A última noite do 35° Festejo Junino de Marabá, no sábado (02 de julho) iniciou com a apresentação do grupo cultural Pássaro Junino Resgate do Rouxinol. Os cordões de pássaros juninos fazem parte da cultura popular paraense e chegaram a Marabá na década de 1930.
O cordão de pássaro conta uma história, por meio de espetáculo onde os brincantes, representando personagens como ciganas, cangaceiros, caçadores e policiais, formam semicírculos ou meia lua. A atração finalizou a apresentação fazendo dois apelos ao público, que apoiem os grupos de pássaros e que libertem os pássaros presos nas gaiolas.
O coordenador do grupo José Marques, o Mestre Zequinha, acredita que o festejo é um espaço que as pessoas podem expressar seus sentimentos e que, muitas vezes, se já é difícil cantar livre, imagina cantar preso. Por isso o apelo para o fim das gaiolas.
“O rouxinol, além de ser uma tradição folclórica, o pássaro em si quase não se vê mais nesse região. Então, a gente faz esse apelo para que a sociedade olhe com mais carinho para os pássaros”, explica o Mestre Zequinha.
Em seguida, ocorreu a apresentação das nove quadrilhas juninas do Grupo A. A Secretaria Municipal de Cultura (Secult), em conjunto com a Liga Cultural de Marabá e os coordenadores das juninas, decidiram que todas as agremiações seriam campeões. Sendo assim, todas pisaram na arena sendo vencedoras do festejo.
Diante disso, a decisão valorizar os investimentos realizados para as apresentações das juninas, após dois anos sem festejo por causa da pandemia.
“Nada mais justo pelo tamanho do investimento, tanto da prefeitura, através do fomento e as estruturas também fora a parte, e pela Lei Semear, através da Equatorial, que não seria justo que todas as quadrilhas não pudessem se apresentar duas vezes até para valorizar mais o investimento que foi feito. Não teve nenhuma alteração no brilho do evento por causa desse fato, dessa mudança em relação ao julgamento”, avalia o titular da Secult, José Scherer.
A auxiliar administrativo Bruna Shimenne, 24 anos, aprovou a ideia de todas as juninas serem campeãs este ano. Ela participou do festejo apenas no último dia, quando conseguiu uma folga do trabalho e conta que gostou da organização e da beleza do festejo, além de perceber que o amor pela festa junina não acabou.
“Todas têm esse mérito pelo esforço e dedicação, pela paixão que cada uma tem porque é isso que importa, a dedicação de cada um, de estar aqui, de se disponibilizar, que tem umas que vieram de longe para estar participando”, ressalta.
Quem abriu as apresentações das juninas foi a Fuá da Conceição com o tema “Alegria, Alegria, o Circo Encantado da Fuá”, que animou o público e trouxe a alegria após dois anos de pandemia.
A segunda junina da noite foi a Moleka Sem Vergonha, do bairro Amapá. A junina reapresentou na arena o enredo “Amor que bem a morte superou, como dia o contador, amor magia e paixão”, que apresentou a história de Maria Bonita e Lampião, tendo como pano de fundo as tramas do cangaço.
A Balão de Chita, do núcleo São Félix, foi a terceira junina da noite. Mais uma vez, o grupo iniciou com uma homenagem às outras juninas, dessa vez com os próprios coordenadores, segurando os cartazes com os nomes de cada uma. Ao final, os brincantes desejaram vida ao público presente.
A volta à infância ficou por conta da apresentação da junina Amor Perfeito, da Marabá Pioneira, com o tema “Baú da Memória: Ser criança não é brinquedo, não”. Com personagens como Emília e Visconde de Sabugosa, do sítio do Pica Pau Amarelo, Soldadinho de Chumbo, Bailarina, Capitão América e Homem Aranha, a junina buscou fazer o público reviver suas criança interior. A aprender terminou com uma grande pipa aparecendo na arena.
A Splendor Junino, do bairro Francisco Coelho, apresentou o tema “Chega de Saudade” também falando sobre a falta que os festejos juninos fizeram após dois anos de pandemia. A apresentação contou com passos de forró, xaxado, xote e buscou trazer de volta a alegria de uma festa junina.
A sexta junina a se apresentar foi a Arrastão do Amor com o tema “Bem Pai D’égua” que teve como enredo uma história de amor vivida em pelo mercado do Ver-o-Peso em Belém. Cenário, músicas como guitarradas, carimbó, calypso e brega, além de trajes e acessórios remeteram ao ambiente sempre movimentado do mercado. No final, os brincantes encenaram o tradicional Círio de Nazaré.
A Sereia da Noite apresentou em seu espetáculo a história de Verequete, o mestre do carimbó, que faleceu em 2009. Durante a apresentação, músicas do cantor e compositor, além de outros clássicos musicais paraenses formaram a trilha sonora da junina em um universo em que tudo levava ao carimbó.
A penúltima atração da noite a se apresentar foi a junina Gigantes do Norte que fez uma homenagem à “Joelma: menina do interior” contando a história da cantora desde sua chegada a Belém vinda do interior do estado até o sucesso nacional. A trilha sonora foi embalada por músicas da artista desde a época em que fazia parte da banda Calypso até a carreira solo.
Para fechar a noite, a junina Fogo no Rabo, do bairro Santa Rosa, apresentou ao público o tema “Da raiz à evolução sem faltar a tradição” abordando as mudanças que as juninas passaram ao longo dos anos ao mesmo tempo em que prestou homenagem às pessoas que, no passado, trabalharam para fazer do festejo junino de Marabá uma referência no estado.
A apresentação final das juninas foi um momento bem especial para a costureira Márcia Cristina Jacinto que trabalha há 26 anos nesse ofício, o mesmo período em que realiza trabalhos de costura para a junina Fogo no Rabo. Ao longo dos anos, ela também trabalhou na confecção de figurinos de outras juninas como a Gigantes do Norte e Splendor.
“É uma emoção muito grande porque tu confecciona as roupas desde já do começo, a escolha dos tecidos. Depois vem se apresentar aqui na arena. É muito gratificante para o nosso trabalho”. “As quadrilhas estavam muito bonitas. Tudo bem animado… tudo bem organizado. Valeu a pena a espera e muito”, reitera a costureira.
Mariane Macedo participou do festejo todas as noites. Ela conta que a ansiedade para Cauê a época do festejo chegue logo é grande e que ficou satisfeita com a estrutura e organização do eventos, e com as apresentações das juninas.
“Como a gente passou dois anos sem esse festejo eu achei super organizado, a estrutura está perfeita, não tenho nada do que reclamar. A gente espera praticamente o amor todinho ansioso para esses dias. Então, a gente fica muito ansioso porque é muito bom. Todos nós amamos isso. Todas as juninas estavam perfeitas, dedicação, organização. Eles empregam realmente tudo aqui na quadra para apresentar para gente”, analisa.
Na visão do secretário José Scherer, o evento cumpriu com o objetivo de fomentar a cultura popular, por meio das apresentações das juninas, bois-bumbás e outros grupos culturais da cidade.
Além de ter um palco, que contou com apresentações de bandas e cantores locais, a praça de alimentação movimentou a economia com cerca de 60 barracas destinadas à venda de comidas e artesanatos. No último dia, quem garantiu a animação foi a Banda Chapéu de Couro.
Segundo a Secult, cerca de 3500 brincantes passaram pela arena. Além disso, a projeção da secretaria é que mais de 100 mil pessoas estiveram nos nove dias de festejo junino. De acordo com José Scherer, há a intenção de ampliar a capacidade de público para os próximos festejos. “Foram superadas todas as expectativas em termo de público, em termo de participação, em termo da alegria do evento, em termos de organização. Enfim, em tudo. Deu muito certo”, ressalta, elogiando todos que fizeram essa festa.
“Parabéns a todos os dançarinos, grupos juninos, bois-bumbás e os grupos que se apresentaram na praça de alimentação, nossos artistas. Só elogios. Só boas lembranças ficarão no nosso coração, na nossa mente. Agora, organizar o próximo de uma forma melhor ainda”, reitera o secretário.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Aline Nascimento / Jordão Nunes / Sérgio Barros