Saúde: Profissionais da Atenção Básica ganham capacitação sobre Controle de Tabagismo
Nesta terça-feira (26), médicos, enfermeiros, odontólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos da Rede de Atenção Básica, das Unidades Básicas de Saúde (UBS), estão reunidos na Faculdade Carajás em uma capacitação para abordagem e tratamento do Tabagismo em Marabá. O encontro teve início às 08h com encerramento previsto para 18h. O objetivo é atualizar os profissionais da Estratégia da Família, que dão suporte à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no tratamento de uma pessoa fumante. Atualmente apenas 08 UBS são referências no atendimento, mas a partir desse semestre, o município pretende implantar o programa em todos os postos, desde que estejam com profissionais capacitados.
De acordo com a coordenadora municipal do Programa Nacional do Tabagismo, Helane Moreira, a capacitação é importante para a retomada dos atendimentos em grupo, que deverá ter início na primeira semana de agosto. Os atendimentos haviam sido suspensos por conta da pandemia do coronavírus.
“Devido ao período pandêmico, por dois anos tivemos orientações por notas técnicas, houve a suspensão do acompanhamento em grupo dos tabagistas e passamos a fazer individual. Vimos que a demanda aumentou em todo o país em relação à dependência em nicotina. Então, temos uma previsão de reiniciar as atividades na primeira semana de agosto, nas UBS, por isso nossa preocupação é realmente fazer essa capacitação, preparando-nos para que a demanda encontre o atendimento nas Unidades de Saúde”, pontua a coordenadora.
Na capacitação foi abordado assuntos sobre o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, protocolo clínico e diretrizes terapêuticas do tabagismo que tiveram mudanças, principalmente em relação a dispensação da medicação, bem como as novas leis de 2020/2021 para que os profissionais trabalhem o programa conforme orientações do Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer.
As pessoas que queiram participar do Programa de Controle do Tabagismo podem procurar as UBS e manifestar o desejo de parar de fumar.
“Geralmente nossa orientação é que as Unidades Básicas de Saúde tenham um livro de registro para relacionar as pessoas que desejam parar de fumar. De acordo com o Ministério de Saúde, a orientação atualmente é que os grupos iniciem apenas com 10 pessoas. Importante ressaltar que o desejo deve ser da própria pessoa e não de um familiar, para que o tratamento tenha melhores resultados”, explica a coordenadora.
A enfermeira Marivalda de Jesus trabalha no programa desde 2011, na UBS Laranjeiras e participa da capacitação.
“Na minha prática diária eu tenho visto bons resultados. Temos conseguido que muitas pessoas parem de fumar e essas capacitações são muito importantes, proveitosas, porque sempre repassam informações para novos profissionais, ampliando essa oferta de tratamento pelo SUS” observa a enfermeira.
Porque existe dependência e como funciona o programa
Segundo o INCA, as pessoas não param de fumar porque a nicotina presente em qualquer derivado do tabaco é considerada droga por possuir propriedades psicoativas. Ao ser inalada produz alteração no sistema nervoso central, trazendo modificação no estado emocional e comportamental do usuário que pode induzir ao abuso e dependência. O quadro de dependência resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo para consumir a droga, estabelecendo-se assim um padrão de autoadministração caracterizado pela necessidade tanto física quanto psicológica da substância, apesar do conhecimento de seus efeitos prejudiciais à saúde.
Ao ingressar no programa de tratamento do tabagismo, as gestões das diferentes instâncias assumem o compromisso de organização e implantação das ações para o cuidado da pessoa tabagista. O tratamento inclui avaliação clínica, abordagem mínima ou intensiva, individual ou em grupo e, se necessário, terapia medicamentosa juntamente com a abordagem intensiva.
O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Tabagismo (PCDT) é um documento oficial do Sistema Único de Saúde (SUS) que estabelece os critérios para o diagnóstico do tabagismo, o tratamento, o uso de medicamentos e outros insumos apropriados, o acompanhamento e também trata dos resultados terapêuticos.
Equivocadamente muitas pessoas acreditam que o tabagista é um “viciado”, “sem força de vontade”, “que não deixa de fumar porque não quer”. Não é isso. Na verdade, quem fuma sofre de dependência química, ou seja, é alguém que ao tentar deixar de fumar, se defronta com grandes desconfortos físicos e psicológicos que trazem sofrimento, e que pode impor a necessidade de várias tentativas até que finalmente consiga abandonar o tabaco.
Entender o que acontece com o tabagista e suas tentativas de parar de fumar é fundamental para que se possa ter a real dimensão do problema. Portanto, se você quer parar de fumar, comece escolhendo uma data para ser o seu primeiro dia sem cigarro. Este dia não precisa ser um dia de sofrimento. Faça dele uma ocasião especial e procure programar outra coisa que goste de fazer para se distrair e relaxar.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Secom