Educação: Em 18 meses, jovens e adultos podem concluir ensino fundamental com o CEEJA
Pessoas a partir dos 15 anos que não conseguiram concluir o ensino fundamental podem completar essa etapa dos estudos em um ano e seis meses. Isso é possível com o Centro de Educação para Jovens e Adultos (CEEJA), que disponibiliza atendimento individual e coletivo e professores qualificados oportunizar a conquista do diploma com ensino personalizado.
O CEEJA está localizado na Escola Professora Tereza Donato de Araújo, na Travessa da Ubá, próximo à Secretaria Municipal de Assistência (Seaspac), Cidade Nova, que tem vagas abertas o ano inteiro e os alunos são beneficiados com material didático e merenda gratuita. As aulas no CEEJA acontecem nos três turnos: manhã, tarde e noite. A frequência presencial, deve ser obrigatória, no mínimo duas vezes por semana, mas os estudantes recebem todo o atendimento e orientação docente necessária para o aprendizado.
Atualmente, o CEEJA conta com 2.014 alunos distribuídos entre a sede e anexos espalhados no município. Só na sede, são 402. A professora Melquina Silva, professora de Língua Portuguesa, é uma das docentes que desenvolve a metodologia de ensino na sede. Ela explica que o trabalho é feito de acordo com a realidade dos alunos, por isso, as aulas contemplam da alfabetização ao letramento, já que muitos alunos chegam com o desafio, tanto de aprender a ler e a escrever, quanto de interpretar textos. O primeiro contato do aluno é com o projeto Recepção.
“Nesse projeto trabalhamos com uma interatividade com o aluno, para saber de onde ele vem, quais os objetivos que ele tem, como foi a vida escolar dele, e principalmente para orientá-lo em relação ao projeto. Material, nossas expectativas, as dele, e a partir daí o aluno começa a frequentar um grupo de estudo que é formado por disciplina”, esclarece a professora.
Diferente do ensino regular, no ensino personalizado os conteúdos das disciplinas, que são oito no total, são organizados por módulos, que compreendem o currículo de cada nível de ensino. São basicamente duas disciplinas a cada dois meses.
No atendimento presencial, o aluno possui dias certos e frequência a cumprir, e o estudo se dá na forma coletiva, com aulas expositivas e avaliação. No caso da forma individual, o aluno é atendido conforme necessidade de reposição de aula ou reforço de conteúdos. Já na etapa à distância, o aluno cumpre a carga horária da disciplina por meio de pesquisas, leituras e resolução das atividades propostas e orientadas pelo professor.
“Estamos com matrículas abertas durante todo o ano. Todos os dias temos alunos chegando e alunos concluindo. Qualquer cidadão a partir dos 15 anos que quiser estudar, pode nos procurar, se tiver problemas de letramento, estamos aqui com atendimento individualizado para ajudar, alfabetizar se for o caso, trabalhar todas as dificuldades que o aluno apresenta”, assegura a docente.
Histórias inspiradoras
Maria Ivanilde Rodrigues, 15 anos, disse que ficou prejudicada por conta da pandemia, e a mãe dela encontrou, no CEEJA, a oportunidade da filha recuperar o tempo perdido. A adolescente está gostando da modalidade que vai inserir a jovem no ensino médio, em breve, sem grandes prejuízos.
“Na pandemia, não consegui recuperar o ensino, e então vim para cá tentar recuperar os estudos. É bom, os professores são excelentes, a merenda também é muito boa, tenho tudo. E eu venho todos os dias, sem falta”, disse.
Angelina da Silva, 62 anos, está firme no objetivo de concluir o ensino fundamental. Angelina conta que os filhos já estão formados e são grandes incentivadores nessa busca dela pela aprendizagem. Ela sabe que não dá para voltar ao passado, quando sofria por não poder ajudar os filhos com os estudos, mas prefere olhar para a frente, e está feliz com os conhecimentos adquiridos.
“A família inteira do meu pai nunca aprendeu a ler e a escrever. Eu trabalhava na roça. É muito ruim não saber ler e escrever, e eu não sabia se quer ensinar os meus filhos. Agora chegou a minha vez, já sei ler e escrever, tirar do quadro, estou feliz”, declara.
Quem também está otimista é Iracy Oliveira, 70 anos. O sonho da aposentada era se tornar uma psicóloga, mas disse que não teve muitas oportunidades na vida. “Minha mãe todo dia tinha um menino pra nós cuidar, e não dava pra estudar. Então depois eu tive de estudar para aprender meu nome, ler alguma coisa, porque a pessoa que não tem estudo é cego. Cego de tudo. Não tem como fazer nada. E aqui encontrei as portas abertas pra concluir o ensino fundamental e ver se consigo terminar o médio”, ressalta a aposentada.
Serviço
Os interessados em se matricular no CEEJA podem procurar a sede na Travessa Ubá, s/n, Quadra especial, Agrópolis do Incra, Bairro Amapá, munidos dos documentos pessoais e do comprovante escolar de conclusão da quarta série (5º ano).
Escolas anexas do CEEJA na Nova Marabá são Martinho Mota, Folha 27, João Anastácio, Folha 16, José Flávio, Nossa Senhora Aparecida (Coca-Cola). Na Cidade Nova, nas escolas Darcy Ribeiro e Josineide Tavares, no bairro Liberdade, e Maria das Graças, no Jardim União. Na Marabá Pioneira, a escola Judith Gomes Leitão. E em São Félix, a Walquise Viana, e lá em Morada Nova, a Pedro Peres. Na Vila Capistrano de Abreu, a escola Nagib Mutran disponibiliza o sistema modular.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento