Educação especial: CAES realiza exposição de materiais pedagógicos na Praça Duque de Caxias
Na manhã desta sexta-feira, 16, aconteceu na Praça Duque de Caxias, em frente ao Museu Municipal, uma exposição de materiais pedagógicos elaborados pelos professores e funcionários do Centro de Atendimento Especializado na área de Surdez (CAES), ligado à Secretaria Municipal de Educação de Marabá (Semed).
A ação faz parte da programação do centro em comemoração ao Dia Nacional do Surdo celebrado no dia 26 de setembro. De acordo com Iracelma Costa, diretora do CAES, a exposição mostra à sociedade o que é realizado pelo centro.
“Hoje é uma exposição de materiais didáticos confeccionados pelos professores surdos, professores de disciplinas. Esse material ficará exposto aqui para as pessoas verem que tipo de trabalho é feito no CAES. No dia a dia, nós temos os professores surdos que alfabetizam os alunos na própria língua. Então, nós trabalhamos com material didático confeccionado pelos próprios professores. São várias atividades, dinâmicas que são trabalhadas com cada faixa etária, em cada série”, explica a diretora.
Entre os materiais em exposição estavam jogos lúdicos e educativos que têm por objetivo estimular o aprendizado e alfabetização tanto em língua brasileira de sinais (Libras) quanto em língua portuguesa.
A fonoaudióloga especializada em audiologia, Karini Costa, trabalha no CAES e fala sobre a importância dos materiais no atendimento às necessidades auditivas de cada pessoa atendida no centro. Além disso, os instrumentos auxiliam no desenvolvimento das habilidades auditivas, estímulo à linguagem e articulação.
“Então, por isso são pensados recursos de acordo com a necessidade de cada um; preciso trabalhar, estimular a memória, memória auditiva, a compreensão do que se ouve porque ouvir é diferente de escutar. Então, nós ouvimos com a nossa orelha, mas nós escutamos com o nosso cérebro. A gente precisa saber que existe essa diferença. Muitas vezes o surdo quando passa a usar um dispositivo, ele começa a ter a percepção auditiva do som, mas ele não sabe o que é. Então, a gente vai treinar para que ele consiga discriminar o que ouve e depois, posteriormente, conforme a gente vai fazendo trabalho, ele consiga compreender a informação que chegou ao cérebro”, explica.
Diego Fiuza é professor do CAES e é surdo. Para conversar com ele, que se comunica por meio de Libras, foi necessário ter a tradução do intérprete Augusto Cézar Bezerra, que também faz parte do centro.
Diego conta que chegou em Marabá em 2017 e que se formou em Pedagogia e Letras/Libras em Brasília. Desde cedo, ele sempre teve preocupação com os materiais utilizados junto aos estudantes surdos.
“Os materiais de ensino aqui em Marabá são importantes. Porque é muito importante, várias pessoas, vários locais precisam de Libras. Eu penso justamente isso. Eu aprendo sempre, cada vez mais, para conseguir evoluir, ajudar os meus alunos. Desde pequeno, a gente está sempre dando importância ao aluno para ele evoluir e conseguir aprender. É importante o CAES, muito importante os materiais porque ajudam a ensinar os alunos. Eu sou um professor surdo e preciso sempre estar tendo essa troca porque essas experiências são importantes em adaptação, em português. As palavras em português eu preciso ter um sinal, um significado. Eu adapto para os meus alunos aprenderem porque é importante”, ressalta.
O Centro de Atendimento Especializado na área de Surdez (CAES) surgiu em 2017 e atua diretamente no ensino comum. Atualmente atende 96 alunos surdos e deficientes auditivos, a partir dos quatro anos de idade. Entre suas atividades estão a alfabetização em português e Libras, e o ensino de matemática.
Para os alunos que participam do ensino comum, o atendimento ocorre no contraturno da escola. É importante ressaltar que as atividades realizadas junto ao centro não são aulas de reforço, mas sim uma atividade complementar com foco na alfabetização mediante acompanhamento pedagógico.
“O CAES atua diretamente no ensino comum. O aluno do ensino comum é atendido no contraturno no centro especializado para que ele possa potencializar suas habilidades no ensino comum. O CAES faz o acompanhamento desse aluno surdo e faz o acompanhamento dos professores no ensino comum. A escola solicita, o CAES vai até a escola propor formações e intervenções de acordo com a necessidade de cada aluno”, explica Thais Martins, coordenadora da Educação Especial da Semed.
Ronni Cândido tem 35 anos e é aluno do Caes. Ele compartilha sua experiência no centro. Para conversar com ele, também foi necessário a tradução do intérprete Augusto Cézar Bezerra.
“Há quatro anos que estudo no CAES e queria aprender mais sobre Libras. Com uma semana comecei a melhorar. É bom. Durante a manhã eu estudo, aprendo matemática, aprendo as atividades de Libras também. Eu vejo isso tudo e gosto”, explica Ronni Cândido.
O CAES fica localizado na Folha 26, próximo à sede da Ordem dos Advogados do Brasil. A diretora Iracelma Costa faz um convite para que as pessoas conheçam o centro.
“Pedir que as pessoas que conhecem um surdo que ainda não estão estudando, que não tem escolarização para que procure o centro, procure o Departamento de Educação Especial, porque a gente precisa ter contato com essa pessoa surda. O CAES ainda não é muito conhecido e muitas pessoas não sabem que ele existe. Então, por isso a gente faz esses eventos para que tenham conhecimento do centro”, reitera.
A ação ainda contou com uma peça interpretada por professores do CAES chamada “O palhaço apaixonado”. Além disso, estudantes de medicina de uma faculdade particular realizaram testes de glicemia e aferição de pressão arterial no local.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Ascom PMM