Educação: EJA garante novos caminhos do conhecimento para ex-aluno que se tornou professor
A história do professor Nacélio Madeiro costuma ser destaque na região pelas conquistas alcançadas na Educação e na luta pela defesa dos direitos das pessoas com deficiência (PcD). Para ele, a cegueira não é empecilho, mesmo com as dificuldades enfrentadas por aqueles que têm limitações, pois reconhece o próprio potencial. Tem no currículo, duas graduações em universidades públicas, mas não pára de buscar novas aprendizagens a fim de ampliar os conhecimentos.
Foi por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Escola Municipal Tereza Donato (CEEJA), que Nacélio começou a trilhar os caminhos que o fizeram sair da escuridão da falta de conhecimento. Graduado em Química pela Universidade Estadual do Pará e Sociologia na Universidade Federal do Sul e Sudeste Paraense (Unifesspa), Nacélio é enfático ao afirmar que a EJA é, sem dúvidas, uma ótima oportunidade para a retomada de jovens e adultos à Educação.
“Eu costumo dizer que a EJA dá essa oportunidade. Para as pessoas que acham que não tem mais condições de estudar, que já estão com a idade ou que não tem tempo porque trabalham durante o dia, a EJA é uma porta aberta para que você possa conseguir ingressar no ensino fundamental, terminar e passar para o ensino médio. E mais, ingressar numa universidade. Algumas pessoas até criticam, porque dizem que a EJA é somente para você concluir o seu ensino fundamental ou médio, receber o diploma, e ir para casa. Mas não é verdade! Porque eu sou prova viva”, destaca o professor Nacélio.
Atualmente, é no Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP), onde Nacélio atua como professor de braille e tecnologia assistiva com alunos deficientes visuais. Uma profissão que só alcançou, porque não desistiu da escola, de aprender as letras.
O professor lembra que ingressou no ensino fundamental, com mais de 20 anos, em 2006, e ao concluir a etapa, no prazo de 18 meses, seguiu com os estudos rumo ao ensino médio, colecionando vitórias na aprendizagem.
“Posso dizer que tivemos um avanço muito bacana porque os professores começaram a perceber que por mais que a gente tivesse limitação visual, tínhamos interesse e desempenhávamos, muito rápido as atividades. A gente conseguiu concluir lá em um ano. Então, de 2006 a 2008, eu estava fazendo parte da EJA. Então assim, não fiz cursinho, estudei os três anos lá na escola como eu falei, saí da EJA com o meu diploma para ir diretamente pra universidade”, comemora.
Nacélio enfatiza também a qualidade técnica dos professores da EJA, que trabalham em módulos as disciplinas e conteúdos exigidos na grade curricular da Educação Básica.
“Os professores que estão lá têm competência! Buscam aplicar o conteúdo de forma que o aluno venha conhecer, ter aprendizagem correta, para alcançar o nível superior. Do tempo que eu passei pela EJA, já evoluiu muita coisa. Os professores também tiveram formação, treinamentos para trabalhar com a educação especial, na época éramos cinco alunos com deficiência visual, cegos e baixa visão”, relembra.
O ex-aluno da EJA, agora professor Nacélio, sobre a EJA, só consegue fazer boas recomendações. “Eu indico para qualquer pessoa hoje, que procure a EJA e dê continuidade aos seus estudos. Eu indico sim a EJA. Professores que tão lá são pessoas assim muito bacanas, pessoas que vão te tratar bem, não vão te discriminar porque você já está numa fase da vida avançada”, conclui.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Secom PMM