Semed: Emoção e dedicação para continuar os estudos marcam formatura dos alunos do CEEJA
Concluir uma nova etapa da vida é um momento de grande satisfação e emoção para qualquer pessoa. Para os mais de 150 alunos que formaram no Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA), a noite desta quinta-feira (8), no plenário da Câmara dos Vereadores de Marabá, o sentimento de realização após tantas batalhas é ainda maior.
Marlene Maria dos Santos, 49 anos, é um desses exemplos. Ela abandonou a escola ainda criança. Há cinco anos sofreu um acidente, provocando a perda das pernas. Ao invés de se abater, Marlene fez o contrário, decidiu entrar em grupos de dança e voltar a estudar.
“Hoje faço capoeira, dança e realizo, aqui, um sonho através do apoio que tive dos professores e do meu filho. É um orgulho muito grande para mim, enquanto cadeirante concluir o EJA. Aviso a todos os deficientes para não desistirem, porque a gente perde o movimento, perde um membro, mas não perde a vontade de sonhar”, comenta.
Ela conta que está é apenas a primeira etapa. Após concluir o fundamental, o objetivo agora é completar o ensino médio e, posteriormente, a faculdade. “Quero estudar psicologia”, conta orgulhosa. Orgulhoso também está seu filho. O pequeno Ezequiel dos Santos, 12 anos. “Estou sentindo a maior emoção da minha vida e estou muito feliz por minha mãe”, conta o garoto.
A professora Fernanda Rodrigues explica que o CEEJA aceita alunos a partir dos 15 anos que não concluíram o fundamental, possui várias extensões ao longo de Marabá e faz um apelo para que todos busquem concluir os estudos.
“Hoje são mais de 100 alunos concluindo o fundamental e 45 concluindo o ensino médio. É um momento que vemos quantos alunos têm essa oportunidade novamente de estudar. Temos escolas e extensões, com apoio da Prefeitura, no São Félix, Morada Nova, Cidade Nova, Marabá Pioneira. Ninguém precisa ficar sem estudar, não tem isso de idade”, destaca.
As matrículas não fecham e o aluno pode procurar os locais em qualquer época do ano. Em Marabá, a escola de referência é a Tereza Donato de Araújo, no núcleo Cidade Nova. O Diretor de Ensino da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Fábio Rogério, explica que no CEEJA as aulas são diferenciadas.
“O modelo CEEJA é personalizado, com aulas semipresenciais, ou seja, ocorre tanto nas salas de aula como de maneira remota”, conta, parabenizando os formandos. “Os estudantes são protagonistas por vencerem os obstáculos, driblando os desafios do trabalho, famílias, e concluírem essa etapa. Um privilégio poder oportunizar políticas públicas para que eles concluam com êxito essa fase. que de alguma forma. foi ceifada anteriormente”, celebra.
A Maria Fátima, 68 anos, agradece o empenho de todos que ajudaram na busca pela graduação. “Todos são maravilhosos, da cozinheira, da limpeza, aos professores. Pretendo continuar estudando e fazer faculdade. Quero ser assistente social porque eu gosto de gente”, reitera.
Amante da leitura, ela conta que largou o estudo ainda criança, porque achava os professores muito violentos e, após uma viagem, para visitar os parentes mais jovens em Palmas (Tocantins), foi sensibilizada a voltar a estudar.
“Antigamente, os professores brigavam muito, batia, por isso larguei, quando retornei, a primeira coisa que pedi foi para os professores não gritarem comigo. Quando fui para Palmas todos faziam faculdade e me cobraram, ‘porque você não volta, você lê tanto’. Eles me ajudaram, amigos ajudaram, professores ajudaram e hoje estou aqui, aprendendo muita coisa”, comemora Maria.
Um outro momento marcante dessa noite especial foi proporcionado por Raimundo Silva Santos, 58 anos. Ele não é professor, não é parente dos alunos e nem estava se formando. Raimundo foi convidado pelos professores para contar a história dele e servir de inspiração para os formandos do dia.
Isso porque Raimundo já foi um deles. Em 2017, ele concluiu o ensino médio no EJA. No ano seguinte ingressou na faculdade e hoje é engenheiro. “Quando cheguei aqui foi como voltar no tempo, Para mim foi uma felicidade imensa voltar aqui para a cerimônia, me sinto honrado. Que todos pensem que estão apenas iniciando e não devem parar por aí, a busca pela informação é muito gratificante. Que essa conclusão sirva de motivação para buscarem estudar ainda mais”, conclui.
Você pode conhecer mais sobre o CEEJA em Marabá aqui.
Outras fotos:
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Paulo Sérgio