Meio Ambiente: Projeto Quelônios devolve mais 1600 filhotes à natureza e enche comunidade de esperança
Na manhã de domingo, 15, mais 1600 filhotes de tartarugas da Amazônia e tracajás foram devolvidos ao Rio Tocantins, como parte da operação de preservação das espécies do Projeto Quelônios, desenvolvido pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) e Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam).
O Projeto funciona desde 2017 e já soltou mais de 140 mil filhotes durante estes 5 anos. Somente este ano já foram 20 mil filhotes.
O vice-prefeito de Marabá, Luciano Lopes Dias, esteve presente na cerimônia de soltura dos filhotes, na sede do projeto, que foi aberta ao público.
“Hoje vim com a família para aproveitar esse projeto tão legal, capitaneado pela Unifesspa e que conta com total apoio da Semma. Trabalho que a cada ano mostra-se mais importante e hoje a a participação da comunidade é fantástica”, comenta.
A prefeitura também atua na preservação do rio e suas espécies com a Semma através da fiscalização, assim como em outros projetos como Gari dos Rios que mantém as praias e águas limpas.
“A Secretaria de Meio Ambiente atua em todas as questões ambientais relacionadas ao rio, sempre presente trabalhando em prol da manutenção e qualidade. Não só neste projeto como na fiscalização durante todo ano, como por exemplo na piracema. Também fazemos limpeza periódica, não só no veraneio, mas durante todo ano, a equipe do Gari dos Rios fica à disposição para limpar e preservar”, acrescenta.
Como explica a técnica ambiental da Semma, Simone Alves, a secretaria dá apoio logístico ao projeto com embarcações, pessoal, auxilia na coleta dos ovos e transporte, tanto dos quelônios como dos servidores.
“A gente dá apoio na época da coleta dos ovos, hoje ajudamos também no transporte dos participantes. Estamos sempre dando apoio logístico quando solicitado. Ajudamos a soltar os quelônios nos outros pontos, no decorrer do rio e atuamos ao longo ano ajudamos na preservação do rio em geral, piracema, coleta, proteção dos ovos para que os ribeirinhos não tirem antes da hora, “complementa.
Os filhotes foram soltos por crianças que participaram do evento. Antônio Jesus Mesquita, 7 anos, foi uma das crianças a participar. “Foi muito legal, não imaginei que elas eram tão pequenas e tão rápidas”, comenta o pequeno escoteiro.
Além da soltura dos quelônios, a cerimônia contou com ações educativas como uma série de palestras para conscientizar a população, jogos e desenhos que ensinavam sobre o funcionamento dos nossos rios e suas espécies.
“Temos as atividades do quebra-cabeça, falando do projeto, da piracema. Temos a mostra de todos os peixes que temos no rio, cachorra, pintado, pirarucu e alguns correm risco de extinção. Temos desenhos para os visitantes pintarem. Então o objetivo é estar aqui também trazendo essas informações para comunidade”, comenta um dos líderes dos Escoteiros em Marabá, José Maria Júnior, que auxiliou nas atividades.
Aline Carvalho, 39 anos, participou pela primeira vez da iniciativa como convidada e ficou feliz com o que viu.
“Achei bem interessante, esse momento de interação com a comunidade, com as crianças e com o meio ambiente. É algo diferente e importante para conscientizar e aproveitar. Achei muito legal e produtivo”, comenta.
O Projeto
O Projeto funciona desde 2017 e através dele é feito o recolhimento dos ovos de quelônios, no período de estiagem, que começa a partir de julho.
“A gente faz o salvamento dos ninhos das praias da região, Praia do Tucunaré, Espírito Santo e outras. Resgatamos o máximo de ninhos que a gente consegue e esses ninhos são transferidos aqui para base, para incubadora onde monitoramos esse período de incubação da ninhada”, explica Cristiane Cunha, coordenadora adjunta do Projeto Quelônios.
Quando os ovos eclodem é feita a transferência dos filhotes para um tanque de quarentena. Lá eles permanecem de 30 a 60 dias. “Até ficarem um pouco mais fortes para soltarmos no ambiente natural, aumentando a chance de sobreviverem. Soltamos nas mesmas praias que coletamos os ovos. Hoje estamos soltando os que foram coletados aqui”, ressalta.
Por estudos e monitoramento estima-se que cerca de 30% dos filhotes chegam à idade reprodutiva. As Tartarugas colocam entre 100 a 150 ovos e os filhotes demoram cerca de 10 anos para chegarem a essa idade, já tracajás demoram cerca de 5 anos. “Então os primeiros tracajás que soltamos em 2017 começaram a entrar no período reprodutivo agora em 2022”, comenta Cristiane.
Ela ressalta que o projeto serve para preservar essa fauna que está em risco de extinção e que isso influencia em todo contexto socioeconômico da cidade. “É importante para ecologia local porque dispersam sementes, fazem parte da cadeia alimentar de outros animais. Importante na proteína animal para alguns peixes. Por isso se fazem importantes para preservação da pesca, com peixes grandes e saudáveis que são capturados por pescadores artesanais. É um conjunto de importância: pela própria espécie e pelo contexto social e econômico indiretamente envolvido”, finaliza.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes e Nathália Costa