Educação: A magia de “Tia Nila” na portaria da Escola João Anastácio
Professora de matemática? Não; de Português? nada; História? Nananinanão; Inglês? Ops, not; de Ciências? Negativo; de Educação Física? Também não. A servidora mais querida pela maioria dos alunos da Escola João Anastácio de Queiroz, é simplesmente “Tia Nila”. Isso mesmo, a agente de portaria, cujo verdadeiro nome é Manzanilla Vieira Medina, faz a alegria da criançada e retribui o carinho com palavras de afeto na entrada, durante o recreio e na saída.
E engana-se quem pensa que ela seja preferida somente pelos alunos. Pais, diretora e outros professores também elogiam essa senhora de cabelos brancos e voz aveludada que recebe e despede-se de quem chega em uma das maiores escolas municipais da Nova Marabá, na Folha 16. Ela é carioca, veio do Rio de Janeiro com a irmã e o cunhado (que era militar), em 1997. Mas Manzanilla acabou ficando em Marabá e se tornando “Tia Nila”.
Ela tem estrada na educação. São 20 anos na função de agente de portaria, mas já foi (ASG) Agente de Serviços Gerais e – também – professora, quando a Escola João Anastácio funcionava na Folha 27, numa estrutura bem acanhada.
Depois que o prédio atual foi inaugurado, ela também foi pra lá e, hoje, pode ser considerada um patrimônio da escola e referência no trabalho que executa. E a agente de portaria não se importa de andar a segunda milha. Quando chega à escola, logo cedinho, ela abre as salas de aula, liga a bomba de água e vai para o portão da escola, quando os alunos começam a chegar.
Ela do lado de fora, eles do lado de dentro, o diálogo começa. Dão bom dia, falam sobre vários assuntos. Quando a reportagem dialogava separadamente com Manzanilla, os alunos se aproximaram, sem saber que ela estava sendo entrevistada, e pediram para que a agente de portaria fosse para a sala de aula, porque o professor de determinada disciplina ainda não havia chegado.
Quem também percebeu o cuidado diferenciado de Nila com os alunos foi a secretária de Educação, Marilza Leite, logo no primeiro dia de aula deste ano. Ela viu quando os alunos correram para abraçá-la e, do alto de sua longa experiência em escolas de Marabá (mais de 30 anos), Marilza entendeu que mais que abrir e fechar portão, há uma história de amor e cuidado recíproco entre a agente de portaria e os alunos. “O exemplo dessa mulher precisa ser contado. Uma servidora humilde, que, no dia a dia, entende que seu trabalho também é parte da educação”, diz a secretária.
A diretora da Escola, Mariluce Leal, ratifica as palavras de Marilza Leite. Não esconde que Nila é a agente de portaria que mais se identifica com os alunos, mas os pais também se sentem seguros e sabem que os filhos estão protegidos quando ela está na portaria. “A Nila tem um carinho especial com os alunos. Um dia, numa confraternização de final de ano, pedi aos alunos para apontar qual o servidor da escola – e isso envolvia professores – que eles mais gostavam. Eles saíram correndo, foram ao portão e trouxeram a Nila nos braços. Todos ficamos encantados com esse carinho dos alunos”, revela a diretora.
Nila diz que os alunos querem demonstrar o carinho e gratidão com seu atendimento, que às vezes lhe dão alimentos também. Outros até mesmo lhe tomam bênção, como se parente fosse. Ela, por sua vez, no final da aula, chega a emprestar o aparelho celular para aqueles que precisam lembrar os pais que a aula acabou. “Eu também aconselho bastante. Para mim, todos são bons alunos, todos merecem o mesmo tratamento”, explica.
Entre os alunos que amam a Tia Nila está o Kelvy Alencar, 13 anos de idade. Ele estuda estuda há sete anos na Escola João Anastácio de Queiroz, onde agora cursa o estudante do 8º ano do ensino fundamental. Para ele, a “Tia Nila” é outra mãe, carinhosa, atenciosa e faz a alegria dos alunos, que ao mesmo tempo são seus amigos. “Ela suporta a gente, mesmo barrando, às vezes, quem chega muito atrasado. No horário do recreio, muitos vêm para o portão só pra ficar conversando com ela”, testemunha.
Texto e fotos: Ulisses Pompeu