FCCM: “Música em Todo Canto” leva educação musical para estudantes da rede municipal
O projeto impacta na questão do desenvolvimento da criança na sala de aula. A gente percebe que a criança melhora muito no desenvolvimento, na aprendizagem, Nilva Américo, diretora da EMEF José Mendonça Vergolino.
Gabriela Cassol tem 9 anos e é estudante do 4º ano da Escola José Mendonça Vergolino, na Marabá Pioneira. Desde pequena, alimenta o sonho de ser cantora e viu no projeto “Música em todo canto”, Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM), uma oportunidade de conhecer o mundo da música.
Ela participa do projeto há dois anos e conta que quer aprender a tocar flauta e piano. A formação a ajuda bastante no aprendizado da escola. “Por isso que estou aqui hoje, porque o meu sonho me trouxe até aqui. Quando eu entrei na música, isso na escola, me deu motivos, ser mais focada, me ensinou a prestar mais atenção”, explica.
As extensões do “Música em todo canto” promovem aulas de música em escolas da rede municipal de ensino com o intuito de ampliar o ensino musical na cidade, alcançando mais pessoas.
Na escola José Mendonça Vergolino, na Marabá Pioneira, as aulas de flauta doce acontecem às segundas e quartas, e de musicalização infantil, às terças e quintas. São 100 vagas voltadas aos estudantes e à comunidade. Os dois cursos têm duração de dois anos, com módulos básico e avançado, para crianças entre 6 e 12 anos.
A musicalização infantil funciona como uma alfabetização musical, onde os alunos aprendem sobre os sons, timbres e propriedades sonoras. A partir dos conhecimentos adquiridos nesta fase, eles estão aptos para a iniciação em instrumentos como a flauta, por exemplo. Nesta fase, os alunos podem aprender diferentes estudos e perspectivas sobre o instrumento., conforme explica a professora Jane Lino, que ministra aulas pelo projeto na escola.
“Eles têm contato com música antiga, renascentista, clássica, para que venham trabalhar e aprimorar a questão do gosto musical. É muito fácil quando a criança gosta só do pop ou do carimbó, quando ela não tem contato com outras linguagens musicais. Então, a gente apresenta esse universo musical e ela tem a opção de escolher. Ela tem a liberdade de ter esse gosto musical”, pontua.
Jane Lino, que trabalha na FCCM desde 2017, é pedagoga, licenciada em música, especialista em educação musical e mestre em música. Com toda essa bagagem de conhecimento, a professora afirma que a educação musical apresenta ao estudante um leque de possibilidades e descobertas, tanto no desenvolvimento individual, quanto na coletividade em sala de aula.
“Ele vai desenvolver a leitura, a questão da fala dele, que ele vai desenvolver, com o canto coral, que a gente trabalha também essas questões de canto. A criança vai ter um domínio que, geralmente, as outras disciplinas não desenvolvem, que é a relação com os sons, essa relação de tempo, espaço, de controle do corpo, controle da respiração, controle das emoções. É lidar com o público, com a apresentação artística”, assegura.
O estudante Marcos Alves, de 9 anos, está no 4° ano na Escola José Mendonça Vergolino. Ele já cursou musicalização e, atualmente, aprende flauta doce com a professora Jane Lino. “Eu sempre quis estudar música. Aí, eu pedi para minha mãe me colocar. Comecei a tocar e nunca parei. Comecei a cantar e agora a música é um exemplo para mim. Quando eu crescer, eu posso ser um cantor ou um professor tipo a tia Jane”, expressa.
A parceria da escola com a Casa da Cultura é realizada desde 2014. As aulas ocorrem nos dois turnos e os alunos participam no contraturno da aula.
A diretora da escola José Mendonça Vergolino, Nilva Américo, revela que a iniciativa deu bons resultados ao longo dos anos por influenciar positivamente a vida dos estudantes.
“Nós temos muito resultados com esse projeto porque a gente tira a criança, que está lá na rua. Eles vêm, lancham. É uma forma de a criança não estar no meio da rua. O projeto impacta na questão do desenvolvimento da criança na sala de aula. A gente percebe que a criança melhora muito no desenvolvimento, na aprendizagem. A escola tem que cumprir a função social e esses projetos socioeducativos são muito positivos, são muito bem-vindos”, ressalta.
Já na Escola Cristo Rei, no bairro Jardim União, a parceria com a FCCM é recente, de 2022, e surgiu para dar apoio a um projeto consolidado da unidade de ensino, o “Canta e toca, Cristo Rei”. Segundo a diretora, Gleide Hartuique, o apoio da FCCM é imprescindível para alavancar o projeto da escola, que iniciou em 2018 e atende estudantes de 9 a 14 anos.
No momento, a extensão do “Música em todo canto”, para mais de cem alunos da Cristo Rei, disponibiliza aulas de musicalização, percussão e instrumentos de sopro, voltadas para o aprimoramento da banda escolar.
“A música realmente eleva a autoestima do aluno, desenvolve as múltiplas inteligências. Isso a gente tem percebido do 1° ao 5° ano e também do 6° ao 9°. Ela vem oferecendo ao aluno essa capacidade de interação com a comunidade. A música acaba encantando os demais projetos da escola e realmente trabalha essa proposta de interação com a própria música e também a proposta de ensino-aprendizagem dentro de sala de aula, que é a sala regular”, explana Gleide.
Aos 12 anos, o estudante Jardiel Santos já é multi-instrumentista. O fascínio pela música e a vontade de aprender a tocar um instrumento veio pela televisão, quando assistia pessoas tocando violão. Para ele, a música é uma forma de distração, além de trazer calma.
“Quando eu era pequeno, sempre tive vontade de fazer o projeto de música. Aí, eu entrei nessa escola e vi que tinha esse projeto e decidi entrar. Eu aprendi a tocar flauta, trompete e violão. Eu espero que no próximo ano eu consiga aprender saxofone. É uma forma assim de de vez em quando é para me distrair, de vez em quando toco em casa, aí eu me acalmo um pouco. Isso foi muito bom para me distrair”, afirma o estudante, que pensa na possibilidade de um dia ser professor de música.
Quem ministra aula para Jardiel é o professor Yago Ribeiro, que é graduando em música. Em sala de aula, ele trabalha instrumentos como flauta doce, violão, teclado, instrumentos de sopro para práticas de banda como trombone, trompete, saxofone, tuba, bombardino, percussão e canto coral.
Para o professor, a educação musical tem um grande impacto na vida dos estudantes. “Isso é bom para o desenvolvimento social, cognitivo do aluno, além de trazer resultados. Por exemplo, a influência da forma como essa criança lida na sociedade, na igreja, dentro da família. Então, a gente tem vários casos de alunos que já se desenvolveram bastante depois que entraram na música e desenvolvem a forma como agem dentro da sociedade. É sempre relevante, mais uma função da música, essa função social”, enfatiza.
A estudante Andressa Silva, 12 anos, está no 7° ano e foi convidada por amigos, que faziam aulas de música, a participar do projeto. O acaso fez com que a música cruzasse o caminho dela.
“Fui na secretaria, fiz a inscrição e de cara, logo quando eu cheguei, eu amei. O professor é participativo, faz dinâmicas com a gente na sala. Ele ensina bem e a gente compreende tudo direitinho. Eu aprendi flauta e esse ano quero fazer violão e teclado. Foi algo que surgiu de repente. Eu gosto porque é algo bom”, revela.
Entre outras escolas que recebem o projeto estão a Jarbas Passarinho, a Pequeno Pajé e a Família Agrícola.
Serviço
Na escola José Mendonça Vergolino, as inscrições para as aulas de musicalização e flauta doce continuam. A novidade é que a escola em parceria com a FCCM também disponibilizará aulas de canto coral para adultos, futsal, dança e karatê.
Para se inscrever, é necessário apresentar RG, CPF, Certidão de Nascimento, Comprovante de Residência, Cartão SUS e foto 3×4.
Confira outras fotos:
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes e Nathália Costa