Semed: Sala de leitura da Escola Cristo Rei realiza bate-papo com escritores
“Papo reto da poesia, do verso, da prosa” reúne escritores, professores e alunos em um momento descontraído e muito especial.
Na manhã desta quinta-feira, 9, aconteceu na biblioteca da Escola Municipal Cristo Rei, no bairro Jardim União, o “Papo reto da poesia, do verso, da prosa”, um encontro especial dos alunos que frequentam o espaço, com autores de livros que eles leem na biblioteca.
Estiveram presentes os autores Orlando Morais, com o livro de crônicas O andarilho cego, e Josinaldo Viana, com sua autobiografia. Na ocasião, os estudantes puderam expressar suas percepções sobre as obras e trocar experiências com os autores.
A diretora da escola, Gleide Hartuique, pontua que foram os próprios alunos que demandaram esse momento com os autores, principalmente por serem pessoas próximas a sua realidade, da mesma cidade.
“Propusemos a trazer o Orlando Morais, escritor e conferencista, autor do livro O andarilho cego que chamou muita atenção da sala de leitura. Os alunos do 5º ao 9º ano simplesmente amaram o livro. E temos também o outro escritor, Josinaldo Viana que também tem livros, que é o próprio professor da sala de leitura, que fez a autobiografia. É um bate-papo, um sarau sobre esses dois livros. Os alunos têm aprendido, apreciado a leitura, fazendo as resenhas. Aí eles mesmos que deram a ideia de trazer os autores”, explica.
Orlando Morais, além de escritor também é professor e trabalha no setor administrativo da Secretaria Municipal de Educação de Marabá (Semed). O escritor analisa que é necessário fortalecer na visão dos estudantes a necessidade de construírem sua própria história.
No livro, Orlando apresenta a formação do ser humano por meio de crônicas, busca retratar uma caminhada sem abrir mão dos sonhos e como uma história é construída apesar dos sofrimentos e obstáculos. A vida é complexa e, por vezes, difícil, mas é necessário ter atitude e seguir em frente.
“Parabenizo a escola por promover essa interação do escritor com o aluno. É bacana a gente trocar ideias até para que os alunos conheçam quem é o escritor. Até certo tempo atrás os escritores eram deuses inalcançáveis, pessoas que ficavam tão distante e hoje em dia na nossa cidade tem tantos escritores, tantas pessoas que estão próximas. Eu me sinto muito honrado de ver as crianças trazendo os depoimentos e de poder compartilhar a minha história que não foi fácil, mas eu nunca abri mão dela”, ressalta o escritor.
Quando a obra encontra no leitor um lugar em que evoca sentimentos e reflexões é quando seu objetivo foi alcançado. Foi isso que aconteceu com a estudante do 7º ano, Andressa Silva, que ficou encantada pelo livro O andarilho cego.
Ela conta que ficou fascinada pelos trechos do livro em que o autor traz na narrativa sensações que transmitem afeto e nostalgia como estar na casa dos pais ou contemplar a paisagem por meio de uma varanda.
“Isso me trouxe um aprendizado, que eu tenho que dar mais valor à minha casa, construída pela minha mãe e pelo meu pai e que quando eu sair, quando eu tomar uma decisão, que eu crescer, me casar ou alguma coisa do tipo, eu vou perder aquilo, aquele meu conforto e nossa casa é nosso refúgio porque a coisa melhor que tem é um conselho de uma mãe, conselho de um pai, e quando a gente cresce meio que a gente acaba saindo dessa zona de conforto”, afirma a estudante.
No caso do escritor Josinaldo Viana, por se tratar de uma autobiografia, a obra suscitou questionamentos em alguns estudantes e um sentimento de identificação em outros. No livro, o autor retrata a infância e adolescência difícil que teve após a perda dos pais.
A partir daí, ele conta sua trajetória até se tornar professor. Atualmente, Josinaldo é responsável pela sala de leitura da Escola Cristo Rei e é um dos organizadores do Campeonato de Leitura em que, ao longo do ano, os estudantes leem livros e escrevem resenhas. Ao final do ano, o estudante que entregou mais resenhas após a leitura das obras, vence o campeonato.
“Para mim é uma experiência nova. Esse trabalho que está sendo realizado aqui hoje, que é esse Sarau Literário, é algo que eu sonhava muito em acontecer. Para mim é algo extremamente importante e interessante porque a gente consegue mostrar para outras pessoas aquilo que você pensa, o seu trabalho. De certa forma, é algo gratificante porque você vê que os alunos que leram, as pessoas que leram o livro acabam se interessando por aquilo que você fala, por aquilo que você faz”, diz.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Secom