Dia do Artesão: Hoje, 19, data especial dos que usam a criatividade para elaborar seus produtos
Hoje, 19, Dia do Artesão, os trabalhos criativos encantam os olhos e o coração de quem faz e de quem os adquire. A data estabelecida pela Organização das Nações Unidas é uma homenagem ao Dia de São José, carpinteiro.
Neste dia 19 de março é comemorado o Dia do Artesão. Data escolhida por ser dia de São José, considerado o padroeiro da profissão. Ou, como diz Rozimar dos Santos, artesã marabaense de 55 anos, padroeiro da paixão. Ela vende seus produtos na Feira do Por do Sol, projeto da Secretaria de Proteção e Assistência Social (Seaspac), que acontece aos domingos na Praça São Félix de Valois.
A história de Rozimar dos Santos com o artesanato começou aos 8 anos de idade, quando sua mãe, também artesã, utilizava pedaços de pano para desenhar e pedia para a menina costurar.
“Peguei gosto e quando minha mãe pegava algum trabalho para fazer com tecido, eu já pedia, já dizia que queria”, conta Rozimar. Com o tempo ela passou a fazer roupinhas para suas bonecas.
O artesanato é definido como a arte de criar ou modificar objetos usando as mãos como principal instrumento de trabalho. E esse dom, Rozimar tem desde criança. Ela conta que na escola sempre era escolhida para os trabalhos que exigiam habilidade manual. “Sempre fazia as capas dos trabalhos, fazia os melhores desenhos”.
Mas o dom passou a virar meio de vida somente quando teve a primeira filha, Iracema Cristina. Foi quando, por influência da mãe, decidiu fazer todo o enxoval da criança que viria a nascer. “Com isso peguei mais gosto com o trabalho que estava fazendo. Peguei paixão e fiz do segundo filho, sobrinhos, e agora dos netos, né”, sorri.
Novos rumos
Em 2015, aos 47 anos, Rozimar teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC), ao se recuperar as habilidades com as mãos, já não eram mais as mesmas, a coordenação motora estava comprometida. Foi quando ela passou a frequentar o Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Através do serviço social ela conseguiu fazer fisioterapia, ter acompanhamento psicológico e se reinventar como artesã.
“Lá no Cras tive esse suporte e aprendi a desenvolver o artesanato com mais precisão e perfeição. Hoje tenho habilidade, trabalho produzindo materiais e também administro minhas próprias oficinas, pois lá tem esse trabalho com o grupo de mulheres. Trago tudo como experiência de vida”, conta.
Ela também atua no seu próprio ateliê improvisado em casa. No contato que tem através da Feira do Por do Sol busca desenvolver novos produtos. “Na feira temos o gosto de estar sempre interagindo com as meninas e ir atrás de novidades. A gente pega o caroço de açaí, casca de cupuaçu e transforma no artesanato. Isso que é bonito para quem gosta e ama o que faz”.
Durante a pandemia Rozimar teve que se reinventar novamente. “Na pandemia muita gente sobreviveu, se conheceu e se reinventou através do artesanato. Eu comprei uma máscara, desmanchei ela para ver como fazia outras máscaras que depois veio a ser minha fonte de renda na época da pandemia. Como costureira fazia as máscaras e vendia. Hoje sou reconhecida pelo trabalho e pelo que faço é muito gratificante”, conta.
Os filhos também seguiram o que ela considera “uma forma de artesanato”. Iracema tornou-se confeiteira e o filho Igor Cristian, 18 anos, é músico e toca na Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM). “A gente colocou ele nas aulas lá, desde pequeno. Hoje não é mais aluno, mas está na banda. Os dois utilizam as habilidades com as mãos para ganharem a vida, seja na arte do artesanato, arte da confeitaria ou da música, faz parte da família”, conta.
Emocionada, ela encerra a entrevista deixando um recado para os outros artesãos de Marabá.
“O artesão tem que ter gosto, prazer de dizer, fazer e ser. Nem chamo de profissão, chamo de dom. Tenho o maior prazer em fazer meu artesanato como sei fazer. Faço com o coração e daqui de dentro que saem as melhores ideias. Tenho prazer em oferecer meu trabalho a outra pessoa. No artesanato cada peça é única, não existem duas. A gente pode fazer semelhante, mas não fica idêntico, como na indústria que é feita em escala. Os artesãos de Marabá têm que fazer seu trabalho com gosto, com amor, pois isso é o artesanato”, conclui.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes, Secom e Divulgação