Dia da Árvore: Símbolo de imponência, castanheiras embelezam cenário urbano de Marabá
O Brasão do município de Marabá exibe uma castanheira. Ela é a árvore símbolo da cidade pelo grande impulso econômico, nas décadas de 1920 a meados de 1980, que a castanha propiciou. O ciclo da castanha atraiu centenas de famílias para a região, ampliando o processo de urbanização de Marabá.
O jornalista e escritor Ulisses Pompeu pesquisa a história das castanheiras da cidade há algum tempo. Ele revela que uma das primeiras imagens de uma castanheira aparece em um periódico da Associação Marabaense de Letras de 1925 e, depois disso, Marabá adotou a árvore como símbolo.
Ulisses lamenta o fato de que, na década de 1990, principalmente, as madeireiras “invadiram” a região e começaram a derrubada de muitas árvores, inclusive a castanheira. “Por se tratar de uma madeira nobre, acabou sendo alvo dessas madeireiras e acabamos perdendo muitas”, relata, destacando que a Nova Marabá era um castanhal que pertencia a uma família tradicional da cidade.
No ano de 1967, quando foi descoberto o minério em Carajás, o Governo Federal observou que haveria uma explosão demográfica aqui. Resolveram, então, ampliar a cidade, tirar o foco da Marabá Pioneira por causa das enchentes e transferir para a Nova Marabá, que foi planejada na época. “Chegou-se a cogitar, inclusive, pavimentar as ruas com tacos de madeira, já que era um material abundante na região, mas acabaram por não fazer isso”, pontua o jornalista.
Hoje ainda existem, dentro da cidade, mais de 100 castanheiras que sobrevivem aos efeitos do tempo e da urbanização. Mesmo havendo uma legislação estadual, que regula isso, algumas pessoas não respeitam. A lei 6.895, de 01 de agosto de 2006 esclarece que a supressão total ou parcial da castanheira só será admitida mediante prévia e expressa autorização do órgão ambiental competente e do proprietário ou possuidor do imóvel, quando necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou de relevante interesse social, bem como em caso de iminente perigo público ou comum ou outro motivo de interesse público.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente enfatiza que a população pode denunciar crimes ambientais nos telefones (94) 3312-3350, Whatsapp (94) 98198-3350/ 3312-3350 ou pelo aplicativo do Disque Denúncia Sudeste do Pará. Em junho de 2022, a Semma e o Conselho Municipal de Meio Ambiente replantaram uma castanheira na rotatória de acesso aos três núcleos urbanos do município. A árvore foi retirada de um terreno na Folha 33, Nova Marabá.
Produtividade e sensibilidade
A castanheira é conhecida como a rainha da floresta, pois é a mais alta de todas. A árvore cresce lentamente, o período de maturação demora e começa a produzir a partir dos 15 anos de idade, podendo chegar a 800 anos de vida. “Não é igual o açaí, que você planta e começa a produzir com três ou quatro anos de idade”, informa Ulisses.
Outra curiosidade é que a castanheira é uma árvore colaborativa, porque ela guarda água dentro de si e, em períodos de seca, ela compartilha com outras árvores mais necessitadas por meio de suas raízes.
O escritor destaca ainda que, quando as árvores ao redor são derrubadas, a castanheira fica vulnerável e se der um vento forte, ela fica suscetível à queda. Ela também atrai raios facilmente e tem várias na cidade que são vítimas desse fenômeno da natureza.
Livro e histórias
Ulisses Pompeu está escrevendo um livro intitulado “Castanheiras do asfalto”, em que mapeia todas as castanheiras na zona urbana, como uma localizada no meio de uma casa, dentro da garagem. Há outra que está seca, pois anelaram a árvore, ou seja, cortaram com o facão ao redor dela para que a seiva não passasse da raiz para os galhos, e assim a árvore morre, mas continua em pé. “Isso representa um perigo, pois pode cair em cima da casa das pessoas. É um problema”, relata.
Outro exemplo de uma castanheira sobrevivente é a que fica ao lado do residencial Castanheira. Ela foi atingida por um raio, que abriu um buraco no tronco e, mesmo assim, ainda produz muitos frutos.
Esse trabalho, segundo ele, se tornará um livro didático para as escolas públicas de Marabá e contará com patrocínio da Empresa Vale e Conselho de Meio Ambiente. O livro possui ainda QR Code, onde a pessoa escaneia com o aparelho celular e consegue saber a localização da castanheira descrita na referida página. O livro deve ser lançado ainda esse ano, até o mês de setembro, debaixo de uma castanheira, dentro do residencial Castanheira, com a presença de convidados e alunos de escolas do município.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Sara Lopes