Educação: Professores das salas de leitura participam de formação e minicurso na Unifesspa
Na última terça e na quarta-feira, 11 e 12, os professores das salas de leitura das escolas públicas do município participaram de uma formação no auditório da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), na Nova Marabá. O encontro foi ministrado pela doutora em Letras Juliana Pádua Silva Medeiros e contou também com a participação da escritora Gabriela Romeu, de São Paulo.
Segundo a coordenadora do Programa Marabá Leitora, Edileide Patrícia, cerca de 85 professores participaram da formação.
“Os professores saíram encantados. Na terça tivemos uma oficina falando sobre a formação do leitor para os professores da sala de leitura que foi muito especial e tem tudo a ver com o programa. Na quarta, falou-se sobre o livro como objeto, uma oficina maravilhosa para nossos professores, para que possam levar aos alunos”, explica a coordenadora.
Ela destaca também os benefícios da participação para os estudantes e professores. “É tremendo porque é uma forma de oportunizá-los a conhecer um pouco mais os livros, de adentrar no mundo da leitura e do encantamento, e a forma que foi conduzido aqui chega a emocionar e inspirar, para fazermos com o que o aluno também se sinta assim e busque sonhar através da leitura”, pontua.
A formação fez parte do 2º Seminário de Pesquisa em Andamento do Programa de Pós Graduação em Letras da Unifesspa (Poslet), que teve início no dia 11 e se estende até o dia 14 de abril. A vice-coordenadora do Poslet, Patrícia Romano, explica que além da oficina voltada aos professores da Secretaria Municipal de Educação (Semed), também ocorre o minicurso de seis horas que é aberto aos estudantes e também aos professores.
“Os alunos foram convidados a se inscrever para compartilhar as pesquisas. Também tivemos a formação com a doutora Juliana e a escritora Gabriela Romeu, que fez o lançamento de umas das obras dela com temática comum da região que são as águas do rios. A nossa aluna de pós graduação Socorro Camelo, que também é servidora da prefeitura, vai falar sobre seu projeto que foi premiado e dialoga com nossa natureza”, ressalta.
Ela reforça também a importância da parceria que vem sendo feita entre a faculdade e o município. “Que fique claro a importância que tem a parceria com a Semed, que está sempre aberta a receber nosso alunos nos estágios, as parcerias nesse processo de formação das salas de leitura que são tão importantes para os alunos de forma geral e para formação dos professores também”, complementa.
A palestra teve o nome “Percepção e Leitura: como formar leitores sensíveis”. A formadora de professores e pesquisadora de literatura de infância, doutora Juliana Pádua, foi a responsável.
“Nós exploramos a potencialidade do livro enquanto brinquedo que nos convida a avivar o corpo, a criançar a percepção, a desautomatizar o olhar. Entrando em um exercício lúdico sinestésico com S de sentir e com movimento. Eles puderam observar que a literatura contemporânea nos convida a uma leitura com o corpo todo. A sensibilidade não se dá apenas por temas carregados de humanidade, mas por um corpo apto a ouvir a palavra, a sentir a imagem e a tocar as mais diversas formas de materialidade”, expressa Juliana.
Uma das convidadas especiais e que participou da oficina foi a escritora Gabriela Romeu.
“Falamos sobre livro e percepção. Foram dias de muito aprendizado e muitas trocas com leitores e leitoras da cidade. É significativo quando conseguimos estar com os leitores percorrendo um caminho que fizemos há muito tempo no percurso da criação”, destaca.
A escritora está lançando na cidade o livro “Diário das Águas” que retrata um recorte da sua pesquisa das infâncias brasileiras. “Trago a relação da infância e natureza pelo elemento água. Entendo a relação das crianças ribeirinhas. Entendendo que tempo é esse, que lexo é esse que as crianças das águas falam, quais são seus imaginários”.
Ela conta que embora Marabá não seja citado diretamente no livro, a passagem pela cidade também a inspirou e influenciou na hora da escrita. “Percorri muitos territórios brasileiros registrando e recolhendo a narrativa das infâncias brasileiras. A Amazônia e o Norte do Brasil são muito especiais para mim. O retorno a Marabá tem sido muito legal, depois de 20 anos percorrendo diferentes rios brasileiros, lanço um livro que nasce em São Paulo, mas é como batizá-lo nas águas retornando aqui novamente. Todas as experiências que tive de corpo presente foram me dando camadas para escrevê-lo”, conclui.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes