Mab 110: Boi “Marabazin”, personagens lendários e lançamento do livro “A Boiúna” animaram a manhã de sábado, no Giro Cultural
Este é o segundo ano da programação, organizada pela Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM), que neste sábado, 29, incluiu a performance do Boi “Marabazin” e personagens lendários da região, conduzidos pela banda musical da FCCM.
Na programação do II Giro Cultural no Museu Francisco Coelho, na Marabá Pioneira, no segundo dia, no sábado, 29, o evento iniciou ao som da banda de música da FCCM. Por volta de 8h30, começou o cortejo mais aguardado pelo público, que trouxe o famoso Boi “Marabazin”, além de vários personagens lendários da região, como a Porca de bobes, Boiúna, Matinta Perêra, Curupira, Mulher de Branco, Saci-Pererê etc.
Segundo a presidente da FCCM, Vanda Américo, este ano, uma nova personagem lendária é apresentada. É a “Dona Orla”, que vem cheia de significados reflexivos à população.
“A ‘Dona Orla’, vai chegar muito garbosa, maravilhosa, trazendo a consciência e preocupação à nossa Orla, que é muito linda, mas o povo acha que aquele rio é um depósito de lixo. E ela chega com essa proposta de cuidar, conscientizar e trazer para a escola pública sobre a apresentação do meio-ambiente. Só assim nós vamos começar a cuidar melhor do nosso planeta. Precisamos começar agora, já”, recomenda Vanda Américo.
Para a presidente, é satisfatório reunir, por meio desse evento, vários públicos de toda cidade, pois promove, cada vez mais, a difusão da cultura local. “Esse 2º Giro está recheado de magia e fantasia, para mexer com o imaginário das nossas crianças. Ele traz as crianças para a praça. A cultura do boi é uma cultura popular, e a cultura popular é linda. Ela mexe, ela é viva, é emoção. E isso faz uma criança lá só São Félix interagir com uma criança da Nova, do Amapá. Então isso é fazer cultura. É movimentar. Essa sensação é muito bacana. E só assim conseguimos deixar para as gerações futuras valores e referências em cultura. Nossa região é muito recheada. Os pioneiros trouxeram muitas coisas para cá como o ‘Boi-bumbá’, ‘Santos Reis’, ‘Divino’, e precisamos resgatar esse patrimônio com toda força, cuidado e muito compromisso”, assegura.
Quem se emocionou e relembrou velhos tempos foi a técnica de enfermagem Cláudia Abade, 51 anos. Ela revela que há tempos não via uma apresentação com personagens lendários da região. “Eu vim trazer a minha filha que estuda aqui no Mendonça Vergolino, e Marabá estava precisando mesmo disso. Fazia muito tempo que eu não via uma coisa parecida. Muito bonito. Uma organização muito boa. Gostei muito. Nasci e me criei aqui em Marabá. Hoje eu vi coisas que há muitos anos eu não via e até me emocionei. A Casa da Cultura está de parabéns”, reconhece.
A diretora do Museu Municipal Francisco Coelho, Vânia Gomes, declara a sensação de ver que a história retratada pelo espaço se personifica nas ruas, através do Giro Cultural. “É um prazer enorme fazer parte desse projeto. Aqui, o Museu reconhece a missão e essa vocação de ser o guardião da nossa cultura regional. E é o que a gente faz, preservar, cultuar e propagar essa cultura. E esse resgate dessas, que ainda estão aqui no museu, faz parte do cotidiano. Nós temos uma sala que é destinada a essas lendas, onde elas estão e moram, e é esse universo que está aqui hoje na praça. Quando elas saem, elas se materializam”, enaltece.
Lançamento do livro “A boiúna”
Além dos cortejos e arrastões, neste segundo dia do II Giro Cultural, houve o lançamento da obra “A boiúna”, do escritor Airton Souza e ilustrada por Bino Sousa. Para o autor, foi uma experiência que o fez voltar aos tempos de criança. Além disso, Airton retratou, na obra, questões ambientais, como a poluição do meio ambiente.
“Foi um convite da Fundação Casa da Cultura. Ela criou um selo para divulgar as lendas dos imaginários e aí nos convidou a escrever livros sobre as nossas lendas. Então a gente teve a oportunidade de escrever esse livro ‘A boiúna’, ilustrado pelo Bino, que é um dos nossos artistas de referência. E a ideia é que esse livro circule nas escolas, para que as crianças conheçam as nossas lendas, nosso imaginário e a nossa cultura como um todo. O que nos faz, de algum modo, amar ainda mais essa terra, é o imaginário construído em torno dela. Eu tive que trazer à tona algumas referências de memória da minha própria infância e tentar também mapear algumas questões, em relação ao meio ambiente, nessa preservação do rio. Esse debate tão importante que vai cada dia mais se fortalecendo em torno da preservação da própria Amazônia”, aborda o autor.
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Texto: Sávio Calvo
Fotos: Paulo Sérgio