Cultura: Rock Rio Tocantins reúne 8 atrações, amantes de rock, reggae, hip hop e ritmos undergrounds na Orla de Marabá
Depois de muito tempo, os amantes da música alternativa voltaram a ter seu espaço em Marabá. No sábado, 5, a Praça São Félix de Valois, Orla de Marabá, foi palco de reencontros, animação e dos mais diferentes estilos como o rock, heavy metal, trash, reggae, rap e psytrance. A organização do evento foi da Landal Music Produções, com apoio institucional da Associação de Música Alternativa de Marabá (Amab) e da Secretaria Municipal de Cultura (Secult).
“É um atendimento à demanda que existe na cidade. Sempre vemos as músicas sertanejas, mas agora é a oportunidade de ver essa galera do rock e dar vazão para as bandas que temos na cidade. Eu já tive uma banda e sei como é importante aproveitar oportunidades que aparecem para manter a comunidade viva”, comenta o estudante de Economia Hugo Contente que curtiu o evento ao lado da namorada e de amigos.
O evento foi a quinta edição de um tradicional festival da cidade. O Rock Rio Tocantins faz referência ao rio que banha a orla mais famosa da cidade. A plateia pode prestigiar as atrações com as bandas 094REC, Surda Skina, Curimbó Tropeiro de Iracema, Ioda Reggae, Seculare, Broken Boned, Tomarrock, além da batida do Dj Babylon.
“Muito importante ter um evento como esse, após 10 anos sem o Rock Rio. A cena em Marabá estava enfraquecendo. Muita gente me fala que é um festival que marcou sua adolescência. Essa galera está aqui hoje, curtindo depois de tantos anos com uma galera diferente, mais nova que entra em cena agora. Que venham novas edições”, comenta Sany Belém, que trabalha como produtora musical.
A primeira atração foi o hip hop da Banda 094 REC, formada pelos rappers Hayone, Justin VM e Ariel. “Estávamos com saudade de ter um evento assim, aberto ao público, em um lugar tão legal que podemos reunir e prestigiar todo mundo”, comenta o rapper e beatkmaker Hayone.
A 094 REC começou em 2019, hoje faz shows e grava músicas autorais que estão disponíveis em todas as plataformas digitais, com inspiração em músicos como Marcelo D2, Emicida e Sabotage. Eles comentam sobre a dificuldade de se fazer música underground na cidade e como o evento vem para incentivar esses artistas.
“Banda totalmente regional. Um evento cultural underground dá oportunidade e poder de voz para os artistas locais que não costumam ter. Se já é difícil para ritmos mais populares começarem, imagina para quem faz um som mais underground. A expectativa é que venham outros”, comemora Hayone.
A primeira atração de rock veio com a Surda Skina, banda que existe desde 2016 e já tem alguns EP’s gravados nas plataformas digitais. Com um som de pop rock misturado com punk e influência de banda dos anos 80, eles mesclaram músicas autorais com as mais populares.
“Hoje aqui mesclamos o som para conhecer nosso som e curtir as músicas que são mais conhecidas. Muito bom ver a volta desses espaços para o rock e demais músicas undergrounds na cidade. Marabá precisava disso”, comenta o vocalista Reginaldo Silva da Silva.
Uma das principais atrações do evento, ao lado da Banda Broken Boned, foi a Curimbó Tropeiro de Iracema. A banda que surgiu durante a pandemia tem sido figurinha carimbada nos eventos alternativos da cidade e até mesmo em bares mais mainstream. Com um ritmo único e peculiar fica até difícil definir qual tipo de som a banda produz.
Nas palavras do baterista e percussionista Eduardo Batista Fernandes: “A banda faz a conexão entre as diversas formas de influência da história musical dos quatro componentes. Misturamos o rock progressivo que foi a base de boa parte de nossa infância. O regional de uma perspectiva muito singular na questão rítmica. A psicodélica da década de 70. Tentamos produzir um som com uma singularidade e letras locais, políticas, críticas e regionais, misturando elementos e desconstruindo uma formatação padronizada de música para construir uma outra viagem que não sabemos como definir com nomenclatura e classificação”, destaca.
Além da Curimbó Tropeiro, Dudu, como Eduardo é conhecido, também tocou na atração de reggae com a Yoda Reggae na apresentação da Banda Seculare.
“A Yoda tem mais de 10 anos e trazemos músicas autorais, mas também tocamos algumas mais conhecidas. A Seculare é uma reunião de amigos que se juntaram para celebrar a ideia do rock anos 80 e 90”, explica.
Jeová Silva produziu-se para a festa do rock e não se arrependeu do que viu. Ele conta que não costuma frequentar tanto a cena alternativa da cidade e comemorou o evento para poder prestigiar os ritmos que gosta.
“Fiquei sabendo por um amigo meu e estou adorando. É uma motivação, as bandas locais, a gente conhece muitas bandas boas de outros locais e aqui também temos bandas e produções muito interessantes”, comenta o biólogo, fã da Banda Iron Maiden.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes