Educação: Escola CMRio ensina disciplina e responsabilidade para alunos diariamente
Pedro Marques é um aluno tímido, contido, que fala pouco, mas suas qualidades aparecem no dia a dia do Colégio Militar Rio Tocantins (CMRio), em sua função como um dos comandantes das turmas de Ensino Fundamental II, que abrange do 6º ao 9º ano. Pedro é muito educado, estudioso e disciplinado e por isso se esforçou muito para passar na seleção que o colocou ali, em 2020, quando saiu da EMEF Albertina Moreira dos Reis.
Ele conta que sua adaptação foi rápida, pois já sabia como era o sistema da escola, porque seus irmãos haviam estudado lá, antes dele.
“Eu já sabia de alguns processos, porque meus irmãos já estudaram aqui. O estudo é muito bom. Aqui na escola, a gente tem professores qualificados. Então, acabamos nos desenvolvendo melhor. Aqui temos várias oportunidades. Hoje em dia eu sou comandante, fui selecionado por melhores notas. Eu sou comandante do Fundamental inteiro da tarde, comando oito turmas e isso desenvolve a liderança”.
Um dos pontos altos da escola é a disciplina. E isso tem que ser praticado na função que Pedro exerce todos os dias desde a entrada até a saída das aulas. “Eu tenho que dar orientações para eles, como o corte de cabelo, padrão da escola. O que está no manual. No início da aula, preciso colocar as oito turmas em forma. É sempre esse processo. Eu cobro o que está no manual. Se estiver fora do padrão, levo na supervisão militar”.
A escola disponibiliza a opção de clubes de robótica, fanfarra, futsal, voleibol, handebol, basquetebol, atletismo, jiu-jitsu e xadrez, nos quais os alunos participam no contraturno escolar, de acordo com a afinidade e interesse de cada um. Pedro faz parte da fanfarra e toca o instrumento surdo. Os ensaios acontecem às terças e quintas-feiras.
Além disso, também há os clubes de Português e Matemática que os alunos participam conforme indicação dos professores que identificam a necessidade. Para o 9º ano, a participação nas aulas extras de Português e Matemática são obrigatórias como reforço preparatório para o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB).
A mãe de Pedro, a auxiliar de serviços gerais, Adenilde Marques, disse que a vida do filho melhorou depois que ele foi estudar na escola com supervisão militar.
“Foi ótimo, porque o espelho que a gente via na rua era muito feio. Depois que se tornou CMRio foi uma maravilha e o sonho dele era vir pra cá. Tenho o maior orgulho dele. Ter um filho estudioso é a melhor coisa”, elogia.
Adenilde relata ainda que antes não confiava em deixar o filho ir sozinho para a escola, por causa da segurança. “A gente não tinha confiança de mandar os filhos, porque tinha muito bandidagem na rua. Agora não, os policiais ficam na porta acompanhando. Aqui eles aprendem principalmente a disciplina. Porque na adolescência, nessa fase, se não tiver uma disciplina boa, dá tudo errado”.
A liderança da escola enfatiza que Pedro sempre teve um diferencial, desde quando começou a estudar no CMRio, no 6º ano. A professora de Matemática, Regiane Barbosa, relata qual foi a percepção dela.
“Desde quando chegou, a gente já observava um diferencial nele, porque ele sempre foi um menino muito compromissado, muito educado, um aluno que nunca deu trabalho na sala de aula. Geralmente quando chega no 9º ano, alguns mudam, mas o Pedro continuou o mesmo menino responsável. Ele é aquele aluno que qualquer atividade que você passa pra casa ele traz, questionador quando você tá no quadro explicando, que vem até a mesa tirar dúvidas, que cuida da turma. Todos os colegas têm bastante respeito pelo Pedro por conta da postura dele na sala de aula. Ele é um destaque não só na sala de aula, mas na escola como um todo”, frisa.
Quanto ao retorno dos pais sobre essa disciplina e responsabilidade, Amanda afirma que eles ficam maravilhados. “Quando eles veem os meninos, por exemplo, na hora da saída, quando também têm esse momento cívico, onde todos saem marchando até o portão, os pais ficam ali com o celular gravando. Eles amam esse momento que os meninos entram e saem da escola e eles querem que os meninos participem por conta dos programas que a gente tem aqui, dos projetos que a gente tem aqui. Tem vários eventos incluindo literatura e robótica, por exemplo, os pais gostam de ver os meninos inseridos nesse ambiente escolar”, pontua.
Amanda Foro, vice-diretora da Escola CMRio, também é só elogios para Pedro.
“Eu conheci o Pedro no ano de 2021, quando eu era sua professora no sétimo ano e já via que ele tinha essa vontade de estudar. O Pedro sempre foi um aluno muito dedicado e continuei sendo professora dele antes de assumir a vice-direção. O Pedro se destaca nas notas e no comportamento. Ele tornou-se comandante de turma, que é um benefício para os melhores alunos do bimestre ou os melhores alunos do ano. Eles recebem uma identificação, que é a abraçadeira, que os identifica como comandante do período da tarde e também faz um curso de comandante. A gente os prepara para que consigam liderar esse grupo”.
De acordo com a professora Regiane, a escola contribui bastante para chamar o aluno à responsabilidade, além da disciplina. “A gente sabe que a aprendizagem não depende só daquele momento com o professor ali dentro da sala de aula. O aluno precisa tirar um momento para estudar em casa e aí essa disciplina faz todo diferencial nesse momento. Aí vem também a parceria com os pais”, garante.
Regiane afirma ainda que em termos de ensino, a escola busca preparar os alunos para a vida, procura ensiná-los a enfrentar as dificuldades fora do ambiente escolar, para o mundo do trabalho. “Eu sempre falo para eles que eu gosto de ver os meus alunos no topo, porque a gente sabe que o mercado de trabalho é concorrência e você precisa se destacar, precisa ser bom para ocupar um espaço. E eu acho que isso é um ponto bem significativo, porque a partir daí eles começam a querer se desenvolver, aparecer mais, aprender mais, se destacar mais. Eu sempre falo que você, quando é um bom estudante, você é um excelente funcionário”, fundamenta.
Todos os dias, nos dois períodos, os alunos tem um momento cívico antes de entrar em sala de aula. Eles ficam em forma na quadra, enfileirados, e cantam os hinos que são designados para o dia, que varia entre o hino do Brasil, hino do Pará, hino de Marabá e o hino da Polícia Militar. Após esse momento, eles são levados para a sala de aula para guardar o professor em sala às 7h30.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Paulo Sérgio