Semed/SMS: Prevenção da gravidez na adolescência é abordada pelo Programa Saúde na Escola
Contribuindo com o pleno desenvolvimento dos estudantes da rede pública, por meio do fortalecimento de ações que integram a Saúde e a Educação no enfrentamento de vulnerabilidades, o Programa Saúde na Escola (PSE) aborda várias temáticas, entre elas a prevenção a gravidez na adolescência. O assunto foi palestrado aos estudantes do 8º e 9º anos da Escola Julieta Gomes Leitão, no auditório da Unidade Básica de Saúde Amadeu Vivácqua, no São Félix II.
-O cuidado em trabalhar esse tema tem justificativa. De acordo com dados do Ministério da Saúde, os números de casos de gravidez na adolescência diminuíram no país, mas ainda estão altos. Por dia, mais de mil adolescentes tornam-se mães no Brasil. São 44 bebês que nascem, por hora, de mães adolescentes. Além disso, duas dessas adolescentes têm entre 10 e 14 anos, o que, perante a lei caracteriza-se como casamento infantil e abuso sexual.
A enfermeira Suzana Souza trabalha na UBS Amadeu Vivácqua e explica que a palestra surgiu a partir de solicitação da escola. Ela explica que é imprescindível ter uma dinâmica em que eles se sintam seguros para debater o assunto.
“Como a gente vai falar com adolescentes, a gente tem que saber como orientá-los ao mesmo tempo em que a gente não incentive a prática da iniciação sexual. Eles são participativos porque adolescente é curioso. Quando tiramos eles da sala de aula para cá, parece que eles ficam mais à vontade para falar. A gente tentar mostrar para eles que eles podem falar, se abrir, assim como a gente tenta ter uma conversa mais relaxada, mais descontraída. Com adolescente, você tem que saber conversar para poder prender a atenção deles. Tentar ser o mais próximo possível para que eles possam interagir com a gente e aprender”, ressalta a enfermeira.
Além dos dados sobre gravidez na adolescência, são apresentados os principais métodos anticoncepcionais disponibilizados pelo Sistema único de Saúde, assim como todas as consequências relacionadas ao tema, principalmente para as meninas, que são mais afetadas. Entre essas consequências estão a evasão escolar, impactos na saúde física da mãe e do bebê e na saúde mental da mãe, riscos de aborto espontâneo, eclampsia, parto prematuro, diabetes gestacional, desnutrição fetal e malformações, já que o corpo da adolescente ainda não está preparado para a gestação. Há também os riscos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) e consequências.
No que diz respeito à escola, o estigma social pode ocasionar a evasão escolar da mãe, comprometendo seriamente o futuro. A gravidez nesse período da vida não é o fim, mas resulta em diversos impeditivos difíceis de superar sem uma rede de apoio. Por isso, a importância de conscientizar sobre o tema, como destaca a diretora da escola, Francisca Chagas.
“Tratar de gravidez na adolescência é tratar de saúde pública. Apesar de os índices de gravidez na adolescência terem caído um pouco, é um tema que precisa ser muito discutido. Adolescência é uma fase em que eles têm que se preocupar com saúde, escola, educação, os cuidados básicos que precisam ter, o projeto de vida”, afirma.
A palestra ocorreu nos dois turnos da escola e contemplou 140 estudantes. Além das informações repassadas pela enfermeira, eles receberam um material impresso informativo com respostas para algumas dúvidas.
Para o professor de língua portuguesa, Everaldo Marinho, a palestra é importante porque significa uma ação conjunta das áreas de saúde e educação junto aos estudantes, aliando os conhecimentos no repasse de informações.
“Informação é sempre saudável e se a informação for tecnicamente bem feita, é essencial para que o adolescente se desenvolva com segurança. Quando o assunto trata-se de sexualidade, requer mais cuidado porque ainda temos muitos tabus a serem superados. A gente acha isso interessante porque as secretarias de saúde e educação começam a dialogar sobre o assunto. O papel da política pública de saúde com a política pública de educação é exatamente fazer valer a prevenção e o conhecimento sobre como se viver bem, se viver saudável”, pontua o professor.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio Santos