Gestão em Saúde: Com 10 leitos, UTI do HMM atende pacientes de alta complexidade
Assim como o corpo humano possui órgãos vitais, um hospital também. Sem a recepção ou enfermaria, por exemplo, não há condições de funcionar, pois cada departamento realiza um papel fundamental dentro de uma unidade hospitalar, como é o caso da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), que pode ser considerada o coração do hospital, pois é nela que os casos gravíssimos são reabilitados, por meio de profissionais de todas as áreas necessárias, como os próprios médicos, cirurgiões, ortopedistas, enfermeiros, assistentes sociais etc.
Em Marabá, a UTI do Hospital Municipal (HMM) dispõe de 10 leitos equipados e 12 profissionais de saúde, além de outros 10 espalhados pelo hospital que atuam quando necessário. A UTI do HMM recebe, na maioria das vezes, pacientes cardiológicos, nefropatas (doentes renais) e com doenças no trato respiratório.
“A UTI é para aquele paciente que não conseguiu ser reabilitado nas clínicas e termina vindo para cá, a fim de receber uma assistência mais rigorosa, com qualidade e com uma equipe multiprofissional, onde ele vai ser avaliado em todos os seus ângulos, como nos sinais vitais, na questão da medicação etc. Muitas vezes, esse paciente vem encaminhado, pelo SAMU, direto para a UTI. Há também os que chegam pelo Pronto Socorro (PS) e são encaminhados à Unidade de Cuidados Especiais (UCE), recebem toda assistência, e depois são encaminhados para cá”, destaca a Enfermeira Maurícia Macedo, coordenadora da UTI do HMM desde 2020.
Segundo a enfermeira, a Unidade começou a funcionar em 30 de julho de 2020, exclusivamente para a pandemia. Na época, o local foi preenchido com oito leitos, inicialmente. Após a redução dos casos de Covid, a UTI passou a receber os demais pacientes de alta complexidade.
Em setembro de 2022, foi inaugurada a nova UTI, no Bloco B, composta por 10 leitos adultos, sendo 9 leitos de UTI adulto geral e um de isolamento. Todos são equipados com monitores multiparâmetros, bombas de infusão, respiradores, eletrocardiograma e os equipamentos que compõem uma UTI. O novo espaço conta ainda com equipamentos para a realização de terapia de substituição renal (hemodiálise), 24 horas do dia.
Além disso, o ambiente conta centro cirúrgico, aparelhos de tomografia, endoscopia, sala de isolamento, vestiário, expurgo, depósito para equipamentos reserva, além da sala de espera, onde os acompanhantes mantém a comunicação com a equipe e repassam todas as informações necessárias sobre o paciente recém-internado na UTI.
“Nós temos aqui uma sala, onde os acompanhantes e visitantes ficam aguardando para receber notícias do paciente. Os mesmos devem passar todos os dados dele para que nosso enfermeiro e médico tomem a conduta necessária. Além disso, serão orientados pelo psicólogo e assistente social, onde haverá toda uma conversa e também as condutas do paciente”, explica a coordenadora.
Antes de adentrar à UTI, todos os profissionais e visitantes devem se trajar com toucas, máscaras faciais, aventais e protetores nos pés. “A partir desse momento, caso saia da Unidade, ao voltar, ele terá que se paramentar novamente. No caso dos pacientes, toda a roupa é trocada por uma específica da UTI”, reitera.
Visitas multiprofissionais
Além dos profissionais que acompanham diariamente os pacientes internados, a Unidade recebe visitas multiprofissionais, duas vezes na semana, onde há o acompanhamento com fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, médicos etc. O objetivo é estudar cada caso para realizar diagnósticos mais precisos e aumentar as taxas de alta, bem como reduzir a média de intubações.
“Dessa forma, a gente vai colocar em prática a análise desses profissionais, para poder restabelecer a saúde do paciente. É uma coisa que tem acrescentado muito, principalmente no prognóstico deles, pois percebe-se que há uma melhora evidente após essa visita multiprofissional, aqui”, pontua a enfermeira.
Farmácia satélite
A Unidade Intensiva também dispõe de uma farmácia para uso restrito aos pacientes da UTI, daí o nome ‘satélite’, onde a medicação é distribuída, além de ser feito o controle para a reposição. Dessa forma, como relata a coordenadora Maurícia, facilita-se a posologia aos pacientes, de acordo com a prescrição médica, em tempo real.
“Supõe-se que o paciente evoluiu com um novo quadro grave, não precisa o técnico ou enfermeiro sair da UTI para ir buscar a medicação, pois já é liberado de imediato aqui. Isso ajuda bastante na celeridade do atendimento. Além de fazermos o controle do que sai, para a reposição constante”, enfatiza a coordenadora.
Evolução da Unidade
De 2020 para cá, a UTI do HMM já recebeu melhorias significativas, como a ampliação de mais dois leitos, equipamentos tecnológicos e quadro de servidores. Quem acompanhou essa evolução significativa foi a médica intensivista Cláudia Caroline, que atua desde 2020 na Unidade.
“Eu comecei a trabalhar aqui na época do Covid, fui parte da equipe da linha de frente. Inicialmente, quando a UTI abriu, a nossa equipe ainda era um pouco menor e tínhamos oito leitos, mas depois tudo foi ampliado. Muitas melhorias foram feitas aqui pela atual gestão, principalmente em relação aos equipamentos. Hoje, nós temos alta densidade tecnológica em termos de imagem, exames, ecografia, tomografias, serviço de endoscopia, além de outros tipos de subsídios que dão suporte aos nossos pacientes, o centro cirúrgico, que está sempre disponível para qualquer procedimento”, descreve.
A missão de atuar numa UTI
Os responsáveis em monitorar os leitos, 24 por dia, em regime de escala, são a equipe de enfermagem. Para o enfermeiro intensivista Diógenes Stefânio, trabalhar dentro de uma unidade com pacientes críticos é mais do que um trabalho, é uma missão diária para salvar vidas que têm uma história de vida lá fora.
“Trabalhar na UTI é muito especial, porque requer habilidades especiais devido ao quadro de pacientes gravíssimos que aqui se encontram. Então, o nosso atendimento tem que ser voltado de maneira especial, para que a gente possa prestar uma assistência eficaz de enfermagem, juntamente com toda a equipe multiprofissional, atendendo as demandas especiais para cada paciente, na sua peculiaridade. Isso vai ajudar para que ele possa ter um bom suporte e ao sair daqui, tenha uma boa expectativa de vida, depois de todo um tratamento intenso, e esteja junto à sua família novamente, para poder aproveitar os melhores momentos da sua vida”, demonstra o profissional.
Texto: Sávio Calvo
Fotos: Sara Lopes