Saúde: Abertura da campanha Fevereiro Roxo acontece na UBS Emerson Caselli
Na tarde desta quinta-feira, 15, teve início a campanha Fevereiro Roxo, na Unidade Básica de Saúde (UBS) Emerson Caselli, no bairro Independência. A campanha tem como objetivo promover a conscientização sobre fibromialgia e lúpus, que são duas doenças crônicas. O evento contou com palestras e dinâmicas sobre o tema.
De acordo com Lilia Moura, coordenadora de Doenças Crônicas da Secretaria Municipal de Saúde de Marabá (SMS), a campanha tem como principal objetivo difundir informações sobre as duas doenças que, de uma maneira geral, ainda não são muito conhecidas e dispõem de diagnóstico complexo.
“A gente traz para a população essa conscientização, de saber mais sobre as doenças, de procurar as unidades de saúde, um atendimento médico, um atendimento de enfermagem, uma orientação a mais a partir do momento que você identifica algum dos sintomas”, destaca a coordenadora.
A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor intensa no corpo, o que pode desencadear outros sintomas como fadiga, cansaço, insônia, depressão, ansiedade, e inúmeros outros sintomas. O tratamento consiste em medicação aliada à atividade física e cuidados com a alimentação.
Na visão de Caroline Tremblay, presidente da Associação do Sul e Sudeste do Pará de Fibromialgia (Asspafibro), que palestrou na abertura, a campanha é necessária porque ajuda muitas pessoas, que não sabem que têm a doença, a encontrarem o melhor caminho para o diagnóstico.
“É muito importante esses tipos de campanha de conscientização porque existem muitas pessoas que têm a doença e não sabem, que têm os mesmos sintomas, sentem-se perdidos e não sabem para onde ir. Você chega ao médico e ele pode não te dar essa informação porque há sintomas que nem a gente acredita que isso está acontecendo. Hoje, eu estava lendo que são mais de 100 sintomas catalogados. O diagnóstico tem que ser muito minucioso”, afirma.
Até chegar ao diagnóstico de fibromialgia, a agente de saúde Edna Silva percorreu um longo caminho. As dores no corpo sempre foram intensas. A insônia e a depressão são outros sintomas que a acompanham, principalmente pela tristeza de se sentir sempre indisposta por causa das dores. Com o tempo, ela fez diversos exames, que descartaram possíveis diagnósticos, que só veio há poucos meses. Atualmente, ela realiza acompanhamento com reumatologista pelo Centro de Especialidades Integradas (CEI), com encaminhamento pela Atenção Básica, que é o protocolo para as duas doenças.
“A gente se sente indisposto e impotente. A gente se sente um nada porque quando a gente vai fazer alguma coisa, não consegue. A rejeição das pessoas quando a gente fala, acham que é preguiça, comodismo. Bate a tristeza e pioram as dores porque tem muito a ver com nosso psicológico. Eu vejo a importância da campanha de mostrar para as pessoas que isso não é brincadeira, não é frescura, não é comodismo, que a gente sofre muito esse preconceito. Então, a gente precisa mostrar mais para a população, mostrar isso para as pessoas para que se conscientizem de que isso é uma doença”, afirma.
O lúpus é uma doença inflamatória autoimune, que afeta órgãos, tecidos e articulações. Ela ocorre porque o sistema imunológico do indivíduo acaba por atacar as outras células. Entre os sintomas estão lesões avermelhadas no rosto e nariz, fotossensibilidade, inflamação nas articulações, alterações no sangue e nos órgãos. Problemas renais também estão entre os sintomas.
Vinte anos atrás, Lorena Ferraz, presidente do Grupo de Apoio a Pacientes Reumáticos do Sul e Sudeste do Pará (Garpa), teve um caso da doença na família: sua irmã gêmea, Brena. Inicialmente, ela apresentou problemas renais e alguns médicos a diagnosticaram com lúpus. Se hoje, ainda não há muitas informações sobre a doença, duas décadas atrás a situação não era muito diferente. Infelizmente, diante de outras complicações, a irmã de Lorena veio a falecer por causa da doença.
Quatro anos depois da morte da irmã, Lorena acordou um dia com inchaço nos membros inferiores. O diagnóstico de Brena ajudou Lorena a chegar mais rapidamente ao próprio diagnóstico. O tratamento foi realizado à base de medicamentos e mudanças no estilo de vida, que foram essenciais, como a prática de exercícios físicos e uma reeducação alimentar a fim de evitar alimentos que causam inflamação ao corpo.
“A campanha é de suma importância porque o diagnóstico não é tão simples assim. Leva-se um tempo. Quando a pessoa é diagnosticada muito rápido, ela tem um êxito melhor no tratamento. Agora quando demora o diagnóstico, e essas palestras, essas campanhas servem para isso, para anunciar que a doença existe, a gente explica como foi diagnosticada, como é o tratamento, para as pessoas abrirem os olhos sobre os sintomas”, pontua Lorena Ferraz, que também palestrou na abertura da campanha.
Tanto a fibromialgia quanto o lúpus são doenças que ainda não têm cura e que também não se sabe exatamente o que as causa. Estudos apontam alguns caminhos como a genética e fatores desencadeantes como estresse e calor, por exemplo.
Marabá possui leis que garantem atendimento preferencial e estacionamento às pessoas que possuem uma das doenças. A carteirinha é emitida pela SMS e a licença de estacionamento é emitida pelo Departamento de Trânsito e Transporte Urbano (DMTU).
A programação do Fevereiro Roxo segue nas Unidades Básicas de Saúde com os Dias D e a Blitz Educativa no dia 22, no semáforo da Câmara Municipal. Confira aqui a programação completa.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Aiteti Gavião