MEIO AMBIENTE: GUARDA MUNICIPAL DÁ APOIO AO PROJETO “QUELÔNIOS DE MARABÁ”
A Secretaria de Segurança Institucional de Marabá, por meio da Guarda Municipal, está há mais de três meses participando do Projeto “Quelônios de Marabá”. O projeto visa à preservação e conservação da biodiversidade dos rios Tocantins e Itacaiúnas, com foco em quelônios (tartarugas e tracajás), e está com base montada na Praia do Tucunaré.
De acordo com o superintendente da Guarda, Roberto Lemos, atualmente nove agentes estão capacitados para atuar no combate a crimes ambientais, além da educação e conscientização para a preservação do meio ambiente, é o chamado grupamento ambiental.
No projeto, além de garantir a segurança das pessoas que trabalham nas entidades envolvidas, a Guarda Municipal, participa de todo o processo, desde a coleta de ovos, ao armazenamento deles nos ninhos e dos filhotes nos berçários, para posterior soltura.
“Dentro do processo, nós atuamos em todas as etapas. Assim como na conscientização das pessoas que frequentam essa área. Nós orientamos as pessoas a não pescar, até mesmo porque estamos no período da piracema; bem como, aos banhistas. Porque a gente sabe que o barulho e a desordem podem fazer com que os quelônios abandonem essa área, que é nativa deles”, ressaltou o superintendente.
O projeto foi elaborado pelo do Núcleo de Educação Ambiental da Universidade do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), por iniciativa do professor José Pedro de Azevedo, e está sendo executado com parcerias importantes. Além da universidade, são parceiros do projeto o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), o Ministério Público do Estado do Pará, (MPE), a Prefeitura de Marabá (Semma, Guarda Municipal e Casa da Cultura), ICMBio, Ibama, Exército Brasileiro (23ª Brigada de Infantaria de Selva) e o Instituto da Guarda Ambiental e Força Especial (Igafe).
Atualmente, o “Quelônios de Marabá” monitora 187 ninhos de tartarugas e 386 de Tracajás. Já nasceram mais de 3.400 filhotes que estão sendo mantidos em berçários, separados por espécie, até a soltura, que ainda não tem data definida para acontecer.
O engenheiro agrônomo Juscelino Bezerra, é quem coordena o projeto. Ele explica que a proposta é ampla, pois após o término das pesquisas da universidade, o intuito será o empoderamento das famílias para que elas possam dar continuidade ao projeto, com a criação dos quelônios.
Ele esclarece que os cuidados necessários, basicamente são com o manejo dos ovos. Devido a grande predação, eles são coletados nos ninhos naturais e levados para as incubadoras artificiais.
“Existe toda uma metodologia. A gente não pode girar o ovo, não pode deitar. Depois que a fêmea põe o ovo, ele tem de ficar na mesma posição até a eclosão, para não deslocar o embrião”, explica o agrônomo. Outro cuidado importante no manejo está relacionado ao sexo dos filhotes, que é determinado pela temperatura dos ninhos.
A conselheira do Comam, Maria Antônia Araújo, observa que a entidade aprovou recursos na ordem de mais de R$ 250 mil reais para a execução do projeto. O montante é oriundo de multas aplicadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma).
“É um dos recursos mais bem aplicados que é de grande importância pro munícipio, pra região. E mais importante vai se tornar quando as famílias se apoderarem da importância disso, começar a criar e ter a consciência que é muito melhor ter eles vivos do que caçando”, enfatizou a conselheira.
O Instituto da Guarda Ambiental e Força Especial (IGAFE) é outra entidade envolvida. A ONG está atuando com agentes de praia e são os primeiros passando por capacitação para o manejo com os quelônios, informou Wildeglan dos Santos, representante da ONG.
O autor do projeto, professor Zé Pedro, destaca que a hostilização das margens do rio e a predação dos tabuleiros de desova dos quelônios, tem sido uma ameaça séria de extinção das espécies, entre Tucuruí e São João do Araguaia. Por isso, a importância da conservação dos animais que nesta fase experimental deve chegar a 15 mil filhotes para soltura. Ele revela também que o objetivo é de futuramente estender as pesquisas a outras espécies que habitam os rios, como jacarés, aves e mamíferos, como o boto.