Servidor Público: Mais de trinta anos dedicados ao atendimento de crianças e adolescentes
Carlão madruga todos os dias em prol de ajudar crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade
Aos 53 anos, Carlos Magno Lemos de Souza, conhecido como Carlão, vai completar no mês de abril, nada mais, nada menos que 33 anos no serviço público municipal. O goiano, filho de mineiro, garantiu que não tem preguiça para desempenhar o trabalho, e conseguiu ao longo dessas três décadas criar laços que ultrapassam a área profissional.
Carlão é coordenador do Ceaca (Centro de Atendimento a Crianças e Adolescentes) e nunca trabalhou em outro local. “Fiz o meu papel com cidadão e como servidor. Não me arrependo de tudo que já fiz por eles”, disse Carlos, se referindo ao projeto que atende crianças e adolescente em situação de vulnerabilidade social, por meio do artesanato.
O horário normal de trabalho do coordenador é o comercial, de 8 às 12 horas, e de 14 às 18 horas, porém, ele faz diferente. “Eu chego aqui em torno de 6h15 da manhã todos os dias, não porque sou obrigado, mas porque é meu sistema. Eu moro no Bairro São Félix, e deixo logo as coisas organizadas. Sou o último a sair também, por volta de 19 horas, deixando tudo encaminhado”, contou o servidor.
O coordenador conta que algo ainda mais motivador são os comentários de muitos pais de alunos a respeito do trabalho dele. “Não te conheço, mas meu filho te adora”, sublinhou Carlão. O que também o deixa muito agradecido é o apoio do prefeito Tião Miranda ao projeto Ceaca.
Para Carlos Magno, fazer as coisas de forma certa é fundamental. “Tudo é registrado nos livros [vendas de artesanato], tudo é correto e com honestidade. Tenho a credibilidade do gestor e secretaria Seaspac [Secretaria de Assistência Social Proteção e Assuntos Comunitários da Prefeitura]”, acrescentou. Prova do esforço, ele exibe na parede da sala onde trabalha, um diploma de honra ao mérito que ganhou em 2010, ocasião que veio toda a família dele do Tocantins para o prestigiar.
O servidor mais antigo do Ceaca constituiu família em Marabá. Hoje ele custeia os estudos de uma filha no Paraguai, no curso de Medicina, com o suor do trabalho no Ceaca. “Tenho uma meta a vida inteira, não tenho preguiça de trabalhar”, frisou.
CEACA
No final da década de 1980, o Ceaca tinha como atividade principal um viveiro de muda e horta. Hoje, o projeto foi estendido e colhe bons frutos recuperando famílias, utilizando pedaços de madeira na construção de objetos. Atualmente são atendidas 100 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social que fazem atividades na área do artesanato. Os alunos recebem 60% dos lucros das vendas, e o restante fica com o projeto social para custeio de despesas.
“Temos bons frutos a colher, sempre ensinei para eles [alunos] os princípios de honestidade, pontualidade e hoje muitos alunos que foram do Ceaca me agradecem, além das famílias. Muitos dizem que a vida começou com o projeto Ceaca e tudo para eles era o Carlão, porque ensinei os bons caminhos e responsabilidade com o mercado de trabalho”, acentuou. Carlão lembrou de vários casos bem-sucedidos, a exemplo de um garoto que participou do Ceaca e hoje é professor universitário concursado.
“Eu faço isso aqui com amor, eu não preocupo mais tanto com salário. Pretendo continuar a caminhada”, finalizou ele.
Um adolescente que estava no setor da serraria confeccionando objetos afirmou que Carlão é o pilar do projeto Ceaca e quem o faz vivo até hoje, resgando vidas da marginalidade.