Mês da Mulher: A trajetória de lutas e conquistas de Vanda Américo
Vanda Régia Américo Gomes, ou simplesmente Vanda Américo, é a atual presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá. Ela começou a trabalhar aos 14 anos de idade, no extinto Funrural e aos 16 anos já ocupava o importante posto de escrevente juramentada do Cartório do 1º Ofício de Marabá. Posteriormente, assumiu o cargo de visitadora sanitária da Sucam (Superintendência de Campanhas de Saúde Pública), alcançando o carisma da comunidade. Com incentivo de sua mãe, Mariquinha (Maria Américo dos Santos) ela candidatou-se a uma vaga na Câmara Municipal e foi eleita vereadora pela primeira vez em 1989. Ao todo, foram 7 mandatos consecutivos.
Já na Câmara Municipal, encampou, junto com outros colegas, a luta para derrubar a oligarquia que dominava o município há décadas e instalar a democracia. “Naquele tempo, ainda existia capangas a serviço de alguns grupos, o que favorecia o crime. Eu fazia discurso na tribuna da Câmara com revólver 38 cano curto na cintura por causa das ameaças”, relembra, mas sem nenhuma saudade.
Mesmo diante desse ambiente hostil, Vanda destacou-se na política e na conquista de direitos para a comunidade e relembra que o comandante da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, à época, general Valdésio Figueiredo, deu bastante apoio os jovens parlamentares como ela, diante da tensão que existia. “Ele colocava gente do Exército na Câmara e isso nos dava certa tranquilidade. Nós conquistamos a democracia e a consolidamos”, recorda.
Ela também foi uma das mentoras para criação do Projeto do Estado de Carajás, no início da década de 1990, ao lado do colega Miguelito. Juntos, percorreram vários municípios da região para mostrar a importância de criação de um estado para melhorar a oferta de serviços públicos.
Em janeiro de 2017, Vanda Américo foi convidada pelo prefeito Tião Miranda a assumir a presidência da Fundação Casa da Cultura de Marabá. Desde então, a FCCM tem passado por várias mudanças e ampliado o trabalho em diversas áreas.
Ela ampliou o atendimento da Escola de Música Moisés Araújo, com a implantação do projeto “Música em todo canto”. Fortaleceu o setor de pesquisas, criando uma comissão multidisciplinar com profissionais altamente qualificados, o que possibilitou assinatura de convênios com várias instituições e empresas.
Também ergueu um muro ao redor do prédio da Fundação; construiu um amplo galpão de música; está edificando um prédio para a reserva técnica de Arqueologia e Geologia, orientada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional); e coordena as obras de restauro do Museu Municipal, na Marabá Pioneira, e de conclusão do Cine Teatro, na Folha 16.
A presidente também conseguiu firmar parceria com o Ministério Público Estadual para desenvolver o projeto “Reviver”, que ajuda os índios Suruí a recuperar uma área degradada por incêndios, com plantio de mudas frutíferas e florestais, como a castanheira. “Estamos vivendo um novo momento nas ações desta instituição, tanto na abrangência de nossas pesquisas quanto na preservação da memória de Marabá e região”, diz ela.
Texto e Foto: Ulisses Pompeu