Cultura: 1ª Festa Literária de Marabá homenageia os escritores Airton Sousa e Eliane Soares
A segunda noite da 1ª Festa Literária de Marabá, neste domingo (22), foi marcada por um bate-papo descontraído com os escritores Airton Sousa e Eliane Soares, no 1º Encontro Literário, no Carajás Centro de Convenções. Os dois são os homenageados escolhidos por internautas, numa votação popular. A Festa está dentro da 23ª Feira-Pan Amazônica do Livro e das Multivozes. Em Marabá, a realização é da Secretaria Municipal de Cultura em parceria com o Governo do Estado.
O primeiro encontro literário foi mediado pelo professor José Rocha dos Santos Junior, do Instituto Federal do Pará (IFPA). Segundo ele, a Festa Literária de Marabá se destaca pela valorização aos escritores e artistas da região. “Esse momento é muito importante porque busca homenagear dois autores da terra. Geralmente se pensa em nomes da literatura nacional ou até mundial, e aqui fazendo esse movimento inverso, de homenagear o que a terra produz de literatura, esses autores que estão engajados com a produção literária é o ponto alto”, ressaltou o professor.
Durante o bate-papo, os escritores falaram de suas trajetórias como escritores e sob provocação do público, também destacaram seus posicionamentos políticos.
Eliane Soares é professora do curso de Letras, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, e já tem no histórico literário, marcos importantes. É autora de “Crisálida”, livro de poemas premiado pelo Instituto de Artes do Pará, Prêmio Max Martins de Poesia, ano de 2012. Ela também participou de duas antologias poéticas: Antologia Cidade Vol. II (2010) e “Ao Marulhar do Tocantins”, 2013. Eliane Soares, que é autora do termo “Marabela”, foi prestigiada pela plateia formada por dezenas de ex-alunos e fãs de seus poemas. A escritora diz que é devoradora da leitura e as inspirações de suas escritas são momentâneas.
“É uma honra muito grande está aqui num momento em que se comemora, se festeja a literatura, a linguagem literária regional. E dando continuidade a uma tradição que não começou agora, a tradição literária de Marabá é antiga, remonta a década de 1920, quando nós tivemos a primeira Academia de Letras da cidade. Me sinto honrada nesta primeira festa, espero que venha muitas outras e que muitos outros poetas e escritores locais também sejam contemplados com este momento”, afirmou Eliane.
Já Airton Sousa, com 37 livros publicados, impactou o público ao descrever a trajetória literária dele. O escritor se auto denomina um leitor tardio, por isso, destaca ter muito zelo com a escrita. “A feira é uma coisa linda porque agrada pessoas que amam a arte, a literatura. E receber essa homenagem na cidade em que nasci, não dar pra dizer que valor tem isso porque é muito sentimental. A gente sonhou com tudo isso, os artistas que escrevem, que dançam, que pintam, e nessa idade ser homenageado, é uma felicidade imensa” comentou o poeta.
Na Festa Literária Airton está lançado dois livros. O lançamento do primeiro “Anotações para um esquecido Deus dentro de nós”, foi neste domingo. o livro fala sobre saudades, perda e solidão e venceu o prêmio Literatura e Fechadura, concorrendo com mais de 200 livros a nível nacional. Já o segundo é voltado ao público juvenil e é intitulado “O infinito inteiro dentro dos seus olhos”, que foi vencedor de quatro prêmios literários, e conta a história de uma formiga que espera a mãe desaparecida do formigueiro, fazendo uma relação com a mãe e a natureza, abordando temas como a violência, a perda e o vazio.
Após o encontro literário, a banda marabense Metheoro encerrou a noite.
Festa teve abertura com casa cheia no sábado dia 21
A abertura oficial da 1ª Festa Literária de Marabá aconteceu na noite sábado (21) e encerra no próximo domingo (29). O secretário de cultura José Scherer diz que a expectativa é de que esse ano, 100 mil pessoas visitem a feira, nesses nove dias, superando os 80 mil do ano passado. No evento, podem ser encontrados mais de 20 mil títulos de livros e 20 editoras representadas. A expectativa é que a festa movimente cerca de 1 milhão de reais. Além disso, o público contará com apresentação de aproximadamente 3 mil artistas e alunos de escolas. “É realmente uma festa literária, o objetivo maior é o livro. Precisamos voltar ao costume do livro e esperamos que a feira seja um marco. Agora só precisamos mostrar o nosso bom gosto pela leitura”, ressaltou o secretário.
Para Marilza Leite, secretária de educação, o evento é um espaço importante para a democratização da cultura. Por isso é importante a participação das 54 escolas e dos mais de 2 mil alunos que se apresentarão durante a feira. “A feira se consolida no sul e sudeste com um dos eventos culturais mais importantes, por estar aberta ao público e assim convido todos os professores, e a comunidade de um modo geral, porque através da leitura, voamos, conhecemos lugares e num momento em que é tão comum assistir e tão difícil ler, eu vejo essa festa de importância impar”, enfatiza Marilza.
A pequena Anna Clara Rocha, 09 anos, estava encantada com tantas opções de leitura. Apesar da dificuldade em escolher os livros, ela decidiu levar um da série “Diário de um banana”. “Gosto bastante porque incentiva muito a minha leitura e a leitura de outras crianças. Aqui a gente encontra muitos livros infantis, uma variedade”, salientou.
A professora Anne Carolina Marques, aproveitou o Cred Livro cedido pela Prefeitura de Marabá, para ampliar a biblioteca e da filha Ana Rita, de 05 anos. “É uma iniciativa a leitura para adultos e crianças. Eu estou saindo com várias sacolas e é só o primeiro dia, ainda vou voltar. São livros para conhecimento, para qualificar minhas aulas e para minha filha também”, disse.
A programação da festa inclui diariamente rodas de conversas com escritores, apresentações culturais, encontros literários, espaço infantil com oficinas e contações de histórias, além de atrações musicais. A programação acontece das 10 às 22 horas. Nesta segunda-feira (23), o dia será dedicado a vozes LGBTQI+.
Confira a programação completa aqui FESTA LITERÁRIA DE MARABÁ – PROGRAMAÇÃO GERAL
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Ulisses Pompeu