Professores fora de série: 30 anos dedicando amor à educação
“A minha família me dá muita força e eles me entendem, abraçam a minha escola e meu trabalho”.
Efigênia da Silva, gestora da Escola Municipal Elinda Costa
Trabalhar na Educação foi um dos primeiros amores da vida de professora Efigênia da Silva Lima, 56 anos, atual gestora da Escola Municipal Elinda Simplício Costa, localizada no Bairro Laranjeiras. A história de amor e dedicação desta pedagoga, especialista em gestão escolar e Educação Especial, começou ainda na pré- adolescência como auxiliar de professora.
Aos 16 anos, Efigênia já estava atuando em sala de aula na rede pública. Aos 18, se tornou professora de matemática para alunos do segundo segmento, no turno da noite. Além da docência e gestão, ela atuou como coordenadora pedagógica na escola e na Secretaria de Educação. Em 2021, entre idas e recomeços, completa 30 anos de serviços prestados a Marabá, e agora vê a aposentadoria se aproximando com a sensação de dever cumprido.
“Se fosse pra eu voltar e começar de novo, eu começaria. Porque eu amo o que faço. De trabalhar na Educação e ver os resultados. Tenho aquela satisfação de lutar por aquela criança até ela dizer: aprendi. Gosto de ter a certeza que ela vai aprender. Não desisto das crianças, como professora e como gestora muito menos”, destaca a pedagoga.
De acordo com Efigênia, a leitura de uma coleção de Graciliano Ramos foi o despertar para uma vida inteira dedicada à Educação. A leitura incentivada pela irmã Esmeralda Serrano, da qual também se tornou auxiliar em aulas de reforço no quintal de casa, na Marabá Pioneira, foi o que abriu as portas para a profissão.
“Eu fui ajudando e me apaixonando pelo o resultado dela com aquelas crianças e um belo dia eu fui convidada para ser auxiliar em uma sala de aula e passei a gostar. Aos 16 anos já me vi aqui nesta escola Elinda, fechando um contrato e me vi trabalhando com muitas crianças”, revela a gestora.
A história de Efigênia e a EMEF Elinda Simplício Costa se misturam em muitos momentos. Lá, foi professora, coordenadora e encerrará a carreira como gestora. Efigênia acompanhou a transformação da pequena escola, na época sem muros, sem muitas salas, ao mesmo tempo em que construía sua própria vida. Casou-se, teve três filhos, sem deixar de se aperfeiçoar na profissão. “A minha família me dá muita força e eles me entendem, abraçam a minha escola e meu trabalho”, pondera Efigênia.
Já são 7 anos como gestora da Escola Elinda, e em 2021 ela lidera uma equipe de 34 profissionais e uma média de 610 alunos, entre o 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. É conhecida pelo bom relacionamento com toda a comunidade escolar, em especial com a família de seus alunos chegando a interferir em situações em que precisa defender os direitos das crianças.
A modelo Yohana Daiana Araújo, 14 anos, foi aluna da EMEF Elinda por 5 anos, na gestão da diretora Efigênia e conta como é a relação da educadora com seu público.
“A tia Efigênia sempre foi uma pessoa importante, pessoa maravilhosa, ajudou muito na minha educação. Cuida muito dos alunos como se fossem filhos dela e esse é o diferencial dela, os alunos confiam muito nela”, observa a ex-aluna.
O professor Pedro Souza, 54 anos, tem um currículo profissional notável. O militar aposentado, ex-vereador, ex-secretário de educação e atualmente jornalista passou pela docência de Efigênia décadas atrás.
“Professora respeitada pelo seu modo de tratar os alunos. Muito atenciosa, competente, apesar de muito jovem já demonstrava aptidão. Ela contribuiu com a minha educação, com certeza. Naquela época ainda não era o Ensino Médio, e lembro que pra estudar na escola Acy Barros era preciso fazer seleção. Ela foi minha professora e eu consegui fazer o teste e ser aprovado para estudar na Acy Barros”, enfatiza o professor.
Aposentadoria
O processo de aposentadoria de Efigênia da Silva Lima está em andamento e a professora tem se preparado para a chegada do afastamento. Ela frisa que a escola conta com o PDDE sem pendência, conselho atualizado, a resolução pronta no Conselho Municipal da Educação, PPP adequado, o plano de ação 2020/2021 readaptado por causa da pandemia, hino e bandeira da escola construídos. Além disso, a secretaria também está informatizada.
“Eu tô trabalhando o desapego. Minha mesa, minha cadeira, minha escola, meus alunos. Esse desapego é muito difícil. Mas tô muito feliz! Vou olhando para trás novamente e com aquela sensação de dever cumprido. Porque tudo que passou pelas minhas mãos eu consegui transformar. Pelo o amor que tenho à educação, ao aposentar-me sairei de cena, mas continuarei no espetáculo”, finaliza Efigênia com lágrimas nos olhos e um sorriso no rosto!
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento