Linha de frente: O cuidado redobrado dos profissionais com as gestantes e os bebês
No Hospital Materno Infantil (HMI) foi montado um plano de contingência para evitar a contaminação pelo coronavírus. A enfermeira Vanice tem atuado na área de isolamento do hospital, onde são internadas as pacientes infectadas e conhece bem as consequências que o vírus causa na vida das pessoas.
O olhar distante da enfermeira Vanice Maria da Costa Silva destoa da profissional alegre e sorridente de um ano atrás. O sorriso deu lugar à preocupação. É o efeito da pandemia do novo coronavírus que tem afetado cada vez mais os profissionais de saúde que têm que lidar dia a dia com os casos de Covid-19.
A enfermeira que trabalha há 10 anos na profissão e 9 deles na maternidade pública (HMI), onde nascem média 600 bebês por mês, tem convivido de perto com o coronavírus. Ela tem atuado na área de isolamento do hospital, onde são internadas as pacientes infectadas e conhece bem as consequências que o vírus causa na vida das pessoas.
“Quando iniciou a pandemia começou o medo. Tanto delas [pacientes] ao vir, quanto o nosso, profissionais de saúde, em contrair o vírus”, destaca a enfermeira que lembra que a pandemia chegou num momento em que era implantado o parto humanizado no HMI.
Desde o início da pandemia no início de 2020, assim como os demais profissionais de saúde, Vanice relata que passou a reforçar os cuidados no trabalho. Mas mesmo com o uso das luvas, toucas, máscaras, aventais e do álcool indispensáveis e obrigatório para a segurança dela e das pessoas com quem convive, a enfermeira e uma colega contraíram o vírus. Uma experiência que ainda provoca dor a cada lembrança do período em que esteve contaminada.
“Mesmo com os cuidados, EPI’S, troca de roupa, banho, eu contraí e a minha colega também. É uma situação que a gente não sabe como aconteceu. Foi eu e logo em seguida a colega que revezou comigo nos cuidados com uma paciente. Fiquei longe do meu filho, da minha família, por 10 dias [chora]. Quando eu descobri, me isolei em casa. Recebia comida pela janela. A gente se sente muito impotente. É um sentimento inexplicável. E a preocupação era ter transmitido para outras pessoas”, descreve emocionada a enfermeira.
Com lágrimas nos olhos, Vanice Maria, que desenvolveu a forma leve da doença e cumpriu com todas as recomendações médicas, a exemplo, do isolamento, faz um apelo às pessoas.
“Se cuidem! Tomem as devidas providências necessárias para se protegerem. Não levar isso como uma brincadeira. A gente tá perdendo pessoas. Ultimamente tá acontecendo com pessoas próximas. Pessoas que desenvolveram a forma grave e nunca se recuperaram. Temos uma enfermeira aqui que voltou pra UTI. É sério se cuidem! Saio de casa com preocupação, hoje mais ainda” enfatiza a profissional de saúde de 35 anos de idade.
No Hospital Materno Infantil foi montado um plano de contingência para evitar a contaminação pelo coronavírus. As pacientes passam por uma triagem e ao serem detectadas com suspeitas de covid são encaminhadas para ambientes separados das demais. As enfermarias e o centro cirúrgico também têm locais isolados para receber as infectadas. Além disso, os profissionais de saúde receberam treinamento em Belém para o atendimento especial no caso de Covid-19. Desde o início da pandemia, 30 pacientes já foram atendidas com a doença.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento