Linha de frente: Acolhimento e profissionalismo para lidar com a saúde emocional na pandemia
Além do desgaste físico o psicólogo Diego Rodrigues, que atua na linha de frente no combate à Covid-19 no município, lida diariamente com lado emocional dos pacientes e servidores no Centro de Testagem. Um desafio para ele que acolhe cada história com empatia e profissionalismo.
A rotina profissional de Diego Rodrigues Vieira, 34 anos, foi alterada pela pandemia do novo coronavírus e não é só pela exaustão por conta da jornada de trabalho aumentada. É que cabe ao Diego a entrega dos resultados dos testes da Covid-19 realizados na Central de Testagem que funciona na Folha 31, Nova Marabá. A demanda de atendimento tem crescido a cada dia, e atualmente realiza uma média de 70 testes, diariamente. A missão exige do psicólogo ainda mais autoconhecimento e domínio técnico para lidar com a situação.
“Não tive muita dificuldade porque eu já trabalhei tanto com a questão de vulnerabilidade social, quanto com a saúde mental, que são dois atravessamentos principais que a covid vem onerando prejuízos para a população em geral”, esclarece o psicólogo.
Na sala de atendimento do Diego, ele se depara com situações que vão desde medos, fobias, processo de luto por conta da doença, a outros tipos de impactos, a exemplo dos financeiros. E não é só dos pacientes que ele tem de cuidar, mas também dos colegas de trabalho que todos os dias estão frente a frente com o coronavírus. Para não se deixar abater emocionalmente, Diego revela como faz para driblar os reflexos gerados pela covid.
“Acolho as demandas, consigo ouvir as problemáticas das mais diversas que a gente possa imaginar da mente humana e consigo dar seis horas do dia e esquecer totalmente o que eu ouvi, acolhi e não levar comigo pra casa. Tem muitas histórias comoventes, de pessoas que perderam 3, 4 familiares pro covid, não tem como ficar totalmente apático. Tento me imaginar no lugar da pessoa pra poder dar apoio, suporte técnico, mas sem carregar o peso” explica o psicólogo sobre o método adotado para desenvolver a função.
Na Central da covid são realizados cerca de 100 atendimentos diários somente para pessoas com sintomas da doença. Assim como os demais colegas de trabalho, médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, bioquímicos e os servidores do apoio, Diego vive o real risco de contaminação o dia inteiro. No ano passado ele chegou a ser infectado e desenvolveu o tipo moderado da doença. Um susto que conseguiu superar em duas semanas.
“Minha família é de Belém, então em vários momentos tive de enfrentar os sintomas sozinhos em casa. Uma hora ou outra um amigo ia me ver, dar apoio se precisasse levar ao hospital, mas não foi um caso que precisasse de internação”, comenta.
O profissional de saúde mais do que nunca segue paramentado, com o uso de máscara, luvas, avental, álcool em gel e o distanciamento. Ele aconselha a população sobre como ajudar no combate ao coronavírus e consequentemente a cuidar da própria saúde e das outras pessoas.
“Digo que é necessário que a população volte a acreditar na ciência, na vacina, nas coisas que sempre deram suporte historicamente no mundo. Deixe um pouco mais de lado as fake news, videos de wattsapp, evitar automedicação. Se atentar mais para as orientações que venham do Ministério da Saúde, dos profissionais de saúde que estão atuando nisso. Máximo de Isolamento possível, proteção, uso de máscara, EPI’s, álcool em gel. Busquem o serviço diante de qualquer possibilidade de gripe e virose”, orienta o profissional que atua na linha de frente há cerca de um ano.
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Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento