Professores Fora de Série: A matemática da vida de Fabrício Rodrigues, somando vocação e incentivo para abrir portas
“Quando eu encontro com pessoas que foram meus alunos e hoje dentro da sociedade desempenham trabalhos excelentes e daí eles falam: professor você acreditou em mim e aonde eu cheguei! Você sempre falou que era possível e eu nunca esqueci. Então, essa é a maior conquista de todas. Quando o aluno reconhece, pra mim, vale muito mais que dinheiro”,
A facilidade com os números, desde a infância foi norteadora para a escolha da profissão do professor Fabrício Rodrigues Lima, 42 anos. Há 20 anos ele se dedica ao ensino da mais temível das disciplinas para muitos estudantes, a matemática. Mas com o professor Fabrício nunca foi assim. O gosto pelos números se transformou em intimidade, a cada novo aprendizado.
“De todas as disciplinas era aquela que eu mais me interessava e me dedicava. Minha paixão em ser professor começou pela minha paixão pela matemática, pelos números, que eu achava interessante”, revela o professor.
Quando Fabrício teve de escolher o curso de graduação, para qual iria prestar o vestibular na Universidade Federal do Pará (UFPA), a licenciatura em Matemática, naquela época, era a única opção e não deu outra. Ele conta que o amor pela docência nasceu logo nos primeiros contatos com a sala de aula, ao mesmo tempo em que uma importante missão iniciava. De levar a compreensão da matemática para os alunos. Mas este professor vai além da matemática, gosta de ensinar também sobre a vida.
“O que me desperta em ser professor é justamente ajudar aqueles alunos que têm o sonho, mas não sabem por onde começar, quais os caminhos. Então o que eu mais gosto é direcionar e os fazer acreditar que é possível. Incentivando, orientando, porque muitos dos nossos alunos não têm essa orientação em casa, infelizmente. Anos após anos eu tento fazer o máximo que eu consigo nesse sentido de orientar além do conteúdo matemático que é o necessário para eles fazerem as provas”, comenta professor Fabrício.
O professor fez carreira na escola Anísio Teixeira, no bairro Belo Horizonte, de onde nunca saiu desde que iniciou na profissão, tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio. Ele considera que a escola tem sido um ambiente favorável para desenvolver seu trabalho, aliás, lá teve muitas conquistas ao lado de seus alunos e dos colegas de profissão.
“A nossa escola teve muitas conquistas e eu como professor me sinto inserido neste contexto. Nas Olimpíadas de Matemática tivemos medalhas. Alunos que passaram em universidades em todos os cursos possíveis. Ano passado, em meio à pandemia, alguns alunos nossos se inscreveram nas Olimpíadas de Matemática Financeira e conseguimos cinco premiações. Medalhas de ouro, de bronze e de prata”, comenta sobre a relação dele com os alunos e a escola.
Devido às mudanças na lei, o especialista em matemática ainda não planejou a aposentadoria . Por isso, diz que continuará sua missão de ensinar motivado pelo o amor à profissão e pelos frutos que isso tem trazido para a vida dele.
“Quando eu encontro com pessoas que foram meus alunos que hoje, dentro da sociedade, desempenham trabalhos excelentes e me falam: professor você acreditou em mim e olha aonde eu cheguei! Você sempre falou que era possível e eu nunca esqueci. Então, essa é a maior conquista de todas. Quando o aluno reconhece, para mim, vale muito mais que dinheiro”, destaca Fabrício.
Por outro lado, o professor ainda tem esperanças de que a profissão tenha o reconhecimento maior também por parte da sociedade.
“Espero que enxerguem o professor com um olhar diferente, como alguém que quer contribuir. Alguém que se dedica para construir uma sociedade melhor”, enfatiza.
Para os ingressantes na docência Fabrício dá a receita para o sucesso na carreira.
“É uma profissão que você tem de ter muita vocação. Ninguém é professor por acaso. As que são por acaso geralmente serão pessoas frustradas, porque requer muita dedicação. Tem de saber lidar com vários seres humanos ali, com uma sala com 40 alunos. Ter jogo de cintura, ser um pouco de psicólogo. Muitos fatores que o professor precisa ter. Antes de entrar na profissão faça essa avaliação pra que você não seja um profissional frustrado”.
Ex-aluno diz que aprendeu mais que matemática
Matheus Mesquita, 20 anos, é um futuro médico. O estudante de medicina da Universidade Estadual do Pará (UEPA) teve o primeiro contato com o professor Fabrício ainda no 6º ano do ensino fundamental. Ele relata que a docência de Fabrício fez diferença na vida dele.
“A participação do Fabrício foi imprescindível para que eu chegasse onde estou. Eu aprendi muito com ele em diversas áreas da vida secular e estudantil. Ele fazia questão de resolver minhas dificuldades burocráticas com a escola e abriu diversas portas para mim. Em sala de aula, além de uma aula fluida, com bastante conteúdo, ainda sobrava tempo para discutirmos sobre diversos temas. Ele sempre tinha algo interessante, divertido ou sábio para nos passar. Tenho muito que agradecer a ele”, ponderou o ex-aluno.
Texto: Leydiane Slva
Fotos: Aline Nascimento