Covid-19: Tecnologia diminui distância entre pacientes internados e familiares
No Hospital Municipal de Marabá (HMM), os profissionais de saúde dedicam-se cada vez mais para levar além dos cuidados médicos aos pacientes. Eles investem nas atitudes e gestos de afeto, o mesmo que na humanização na linguagem hospitalar, para a recuperação dos pacientes.
Há dois meses, por exemplo, a equipe, que trabalha na Ala Covid, desenvolve protocolos para minimizar a distância entre pacientes e familiares, embora de forma virtual. As ações que tem feito a diferença inclusive na vida dos próprios profissionais.
“A gente observou essa necessidade por conta dessa dinâmica territorial. Temos em Marabá uma zona rural extensa. O Hospital Municipal de Marabá é um hospital de portas abertas, então, a gente recebe pacientes de vários municípios. Percebemos que essas ações contribuiriam para que as famílias que estão longe ficassem um pouco mais tranquilas e no processo de recuperação dos pacientes”, esclarece Sheyla Kaline Silva, assistente social da ala covid do HMM.
O trabalho da Sheyla dentro do hospital é desenvolver ações que abrangem desde o auxílio as informações do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), mediação dos direitos que os usuários têm com a equipe técnica-clínica, ao acolhimento e escuta, dentre outras. Por isso, os novos protocolos foram aceitos com sucesso pela equipe multidisciplinar composta também por médico, enfermeiro, técnico em enfermagem, fisioterapeuta, psicóloga e nutricionista. São eles que em conjunto avaliam quais ações devem ser realizadas para cada paciente.
“Dentre essas ações estão as vídeo-chamadas, os áudios, algumas ligações telefônicas. Todos os pacientes são atendidos com exceção daqueles que estão intubados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os extubados também são atendidos. A gente faz a escuta qualificada no leito, aciona a psicologia também, e faz a escuta familiar”, enfatiza a assistente social.
O protocolo é organizado, ou seja, os encontros virtuais, as gravações e as ligações telefônicas têm dia e hora para acontecer. As vídeo-chamadas, por exemplo, só acontecem às terças e quintas-feiras.
“A gente se dirige ao leito, mas antes verificamos se o paciente tem algum problema cardíaco, se não vai alterar a pressão, se tem alguma comorbidade, porque a ideia é que faça bem e não prejudicar. Primeiro eu ligo para o familiar que deixou o contato, faço uma conversa prévia, às vezes faço até uma preparação para não preocupar o paciente. A gente tem percebido que o paciente tem melhorado bastante”, observa a assistente social.
Outra forma de comunicar os familiares sobre a situação dos seus entes queridos é por meio do boletim médico. Esse é feito diariamente, ao fim do dia, pelo médico de plantão.
“A partir das 17 horas é feito um checklist de todos os pacientes. Cada médico faz da sua área. E aí ele liga para passar o quadro clínico deles. Porque o médico? É o profissional que é qualificado para passar as informações clínicas. O serviço social fica no apoio, acompanha”, explica Sheyla.
Para os profissionais o sentimento de ver a emoção dos pacientes em contato com os familiares é gratificante e funciona como uma terapia para todos.
“Cada paciente que se recupera, que saiu de lá é uma vitória da equipe toda. Eu acho que ver a felicidade do paciente, você visualizar alguém falando com sua família é gratificante. Você vê o ânimo, o estímulo. A gente ainda pede para as pessoas que mantenham distanciamento, usem máscaras, evitem aglomeração, porque além de estar cuidando dos pacientes que estão lá, nós também temos famílias, a gente espera que a pandemia passe e que a gente possa alcançar o maior numeração de recuperação possível”, finaliza a assistente social.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Jordão Nunes