Secult: Lei Aldir Blanc fomenta setor cultural de Marabá
A pandemia do novo coronavírus atingiu bastante o setor cultural, gerando desemprego e insegurança quanto ao futuro dos espaços e práticas culturais. No ano passado, por meio da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, iniciativa voltada para o fomento de artistas, espaços e coletivos culturais, Marabá recebeu mais de 1 milhão e 800 mil reais.
Um dos espaços contemplados pelo edital lançado pela Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), foi a Galeria de Artes do Pará (GAP). A galeria, localizada no Núcleo Cidade Nova, bairro Belo Horizonte, atua com aulas de marciais, música e dança. A fundadora, Daiana Viegas, deixou a carreira como bancária e abriu a GAP há oito anos. Ela destaca que o auxílio por meio da lei aconteceu em um momento necessário.
“No primeiro momento da pandemia, a nossa situação era crítica. Nós tínhamos em mente que não queríamos desligar os funcionários. Então, os recursos provenientes da lei nos ajudaram bastante a manter nossos funcionários”, ressalta a fundadora.
A GAP recebeu a ajuda por meio do inciso II do 2° artigo que dispõe sobre o apoio ao setor cultural por meio de espaços artísticos e culturais. Ao todo, a iniciativa recebeu 25 mil reais por meio da Lei Aldir Blanc no município.
Como contrapartida, a GAP produz um documentário sobre os professores da instituição e o projeto Musicando, uma experiência voltada para a regravação de clássicos da Música Popular Brasileira com instrumentos musicais inusitados, como copos e talheres. O resultado será uma apresentação que será disponibilizada pelas redes sociais. Ambos estão em fase de produção.
A galeria também abriu espaço para exposições de artistas locais que atuam com fotografias e obras de arte e que foram contemplados pelo edital. “A Aldir Blanc ajudou a tirar muitos artistas do anonimato. Pessoas que não teriam oportunidades sem esse recurso. Então, essa iniciativa faz jus a quem foi Aldir Blanc, a importância dele para o cenário cultural e tudo o que ele representa”, destaca, emocionada, Daiana Viegas.
Aldir Blanc foi um importante letrista da MPB e faleceu em maio de 2020. vítima da Covid-19, aos 73 anos, no Rio de Janeiro. Entre as grandes canções que ajudou a compor está o clássico “O bêbado e o equilibrista” em parceria com João Bosco e interpretada por Elis Regina. Ele também foi cronista e publicou diversos livros.
As letras encantaram o escritor marabaense, Airton Souza, que trabalha há 21 anos com literatura. Durante esse período já publicou mais de 40 livros e recebeu mais de 90 prêmios literários, além de ter poemas traduzidos para o inglês, espanhol e alemão. O autor atua em várias temáticas e também foi contemplado pela lei Aldir Blanc no município.
“Meus trabalhos mais recentes são livros infantis sobre o imaginário amazônico que vão desde as lendas até a situação de alagamento dos ribeirinhos. É uma obra aberta em relação às temáticas, o que faz com que meu trabalho seja, ao mesmo tempo, cultural, social e político”, relata o escritor.
O recurso da lei ajudou o autor a lançar o livro “A porca de bobes” previsto para agosto e que estava guardado há cinco anos. Exemplares do livro serão disponibilizados na Biblioteca Municipal.
Para o escritor, a Lei Aldir Blanc viabilizou que muitos artistas continuem fortalecendo seus sonhos de fazer arte e de tornar viável sua disseminação na sociedade. Ele destaca a importância para a nossa cidade.
“É incomensurável. Não dá pra medir ou quantificar porque… o que esse recurso vem proporcionando à cidade e, diga-se de passagem, ao país, é de uma grandeza imensa. Não é apenas simbólico, cultural e econômico, mas também político”, ressalta.
O assessor especial da Secretaria Municipal de Cultura de Marabá, Genival Crescêncio, destaca a importância da lei para o momento que o país vive.
“A Aldir Branc veio em um momento em que a pandemia atingiu bastante o setor cultural. Pela primeira vez recursos do Fundo Nacional de Cultura foram destinados diretamente a artistas, mestres da cultura, além de espaços e empreendimentos contemplados nos editais”, reforça.
Trabalhar com cultura em Marabá significa muito para quem está a frente da área. Poder contribuir de alguma forma para o desenvolvimento cultural da cidade é gratificante para pessoas como Daiana Viegas, que nasceu em Tucuruí, passou parte da infância em Marabá, mudou-se pra Cametá e foi transferida pelo banco em que trabalhava para Marabá.
“Essa cidade é especial. Vivi parte de minha vida aqui e, hoje, poder fazer o que a gente faz e trabalhar com cultura é também poder retornar para a cidade tudo o que eu vivi aqui”, finaliza.
Serviço
A Galeria de Artes do Pará fica localizada na Rua Rio Vermelho, n°638, bairro Belo Horizonte, Núcleo Cidade Nova e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
A Secult informa que há um novo prazo para prestação de contas de artistas e projetos em diversas modalidades dos editais, até o dia 31 de setembro. Para mais informações, procurar a sede da Secult na Rua 5 de abril, n°696, Núcleo Marabá Pioneira, em frente à Praça São Félix de Valois, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h ou contato pelo email: secult@maraba.pa.gov.br
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Divulgação