Professor Fora de Série: Fabrício Lima, educando através do esporte
É orientando e acompanhando as práticas de atividades físicas escolares que Fabrício Lima, 47 anos, há 25, se dedica a Educação na rede municipal de ensino. O professor que desde criança tem apreço pelo o esporte escolheu a Educação Física para transformar vidas, já que por meio do esporte ele consegue introduzir conceitos importantes para a vida das crianças e adolescentes que estão sob sua docência.
“Identifiquei-me muito com a prática desde que entrei na universidade e o principal motivo é poder propor experiências novas para os alunos”, declara o professor de Educação Física.
Há 12 anos é na escola Pedro Peres Fontenele, no distrito de Morada Nova, que Fabrício exerce sua profissão. O professor aposta nas competições esportivas para motivar os alunos a vencer os desafios da vida conquistando boas posições.
“Antes da situação pandêmica a gente participava de muitas competições e sempre tive a felicidade de me consagrar campeão, vencedor e levar alunos para conhecer outros lugares. Oportunizar ao aluno a descobrir outras cidades, outros estados, outras pessoas. A escola está localizada em Morada Nova e tem alunos que não conhecem nem a Velha Marabá. Com as competições, várias vezes fomos à capital do estado”, disse Fabrício sorridente.
E é justamente o incentivo e determinação do professor que tem inspirado os alunos, tanto, que a equipe da EMEF Pedro Fontenele tem em seu acervo de troféus, o título de campeão em disputas municipais, (Jogos da Castanha), estaduais (Jeps/ Super Jeps) e chegou a representar o estado em uma disputa nacional em Fortaleza, com a equipe do sub-14 do futsal, nos Jogos Escolares da Juventude, realizados no Ceará. O ano de 2015 marcou a trajetória da escola.
“Foi um feito inédito para gente, se tratando de uma escola pública. Quando chegamos a Fortaleza, os árbitros e organizadores nos parabenizaram, porque infelizmente esses jogos são uma janela pro aluno que é destaque do esporte, e muita das vezes, a maioria dos alunos que participam dessas competições nacionais são de escola particular que tem toda uma estrutura. Mas a Prefeitura de Marabá nunca nos deixou nas mãos. A primeira equipe que nós enfrentamos foi o Santos de São Paulo. Os meninos estavam mais tietando do que jogando. Era uma coisa muito linda, porque sairmos daqui do bairro de Morada Nova e de repente ir parar em Fortaleza”, comenta Fabrício com brilho nos olhos.
As conquistas dos estudantes são a do professor. Com saudade das quadras e dos alunos, por conta da pandemia, Fabricio reflete sobre a profissão e guarda uma certeza no coração, a de querer continuar a atividade por muito tempo ainda.
“É muita dedicação, muito tempo, muito treino, abdicando muitas das vezes da família, dos finais de semana e a gente só alcança nosso objetivo com isso, a partir do momento que a gente tem um foco. A nível escolar eu digo que consegui chegar ao ápice do nosso esporte escolar. Principalmente aqui no nosso estado do Pará. Porque normalmente as equipes que sempre representam o estado são equipes da capital, Belém, e em 2015 nós fomos campeões e se Deus quiser, quando tudo isso passar, nós vamos trabalhar para tentar voltar novamente ao cenário nacional”, destaca o professor.
Sobre a Educação ele declara o sentimento de amor e gratidão à prática docente.
“A educação é tudo! Tudo que eu tenho e sou devo à educação. Ao meu trabalho na educação. Não me vejo fazendo outra coisa que não seja dando aula. Eu não penso em parar. O futuro a Deus pertence, mas quero continuar por muitos anos. Focando no trabalho. O objetivo é trabalhar para conquistar mais títulos para cidade”, afirma.
Relação Professor-aluno e família
“Antes de tudo o aluno tem de ser nosso amigo. Ele tem de confiar na gente. E principalmente a gente que trabalha nessa questão de competição, viajando. Tanto o aluno quanto os pais têm de confiar, porque às vezes você vai passar até 5 dias fora da cidade e até mesmo em outro estado e a família tem de confiar. A partir do momento que o aluno passa a nossa responsabilidade a gente é pai, é mãe, é amigo, tem de ter essa reciprocidade”, esclarece.
Mensagem para novos educadores físicos escolares
“Tem de estudar, se dedicar, procurar ao máximo possível incentivar o jovem à prática de esporte. Através da prática esportiva você alcança muitas coisas, principalmente a saúde. Sem falar que você vai tirar o jovem ou adolescente da rua, vai propor, dá oportunidade do aluno conhecer outros lugares, oportunizar mesmo o aluno, e isso primeiramente parte da gente que é educador para que ele tenha essa motivação a mais na vida. Dar qualidade de vida para os alunos”, pondera.
Expectativas para futuro
“A vontade é de estar na quadra vendo os meninos gritando, sorrindo, brincando, se Deus quiser logo a gente vai estar de volta. Já tive problemas, desafios, mas vencemos os desafios, a gente aprende com os desafios. Quem trabalha na educação, trabalha por amor, não é fácil. O meu sonho é que a gente volte ao normal, e essa questão pandêmica fique no passado para que possamos voltar a nossa rotina normal e para escola”, conclui.
Alunos declaram que a docência evoluiu para amizade fora da escola.
O militar Edson Frank Simplício Lopes, 20 anos, ainda guarda vivo nas lembranças e no coração a passagem dele pelo 8°ano, do ensino fundamental, na EMEF Pedro Peres. Foi o primeiro contato dele com o professor Fabrício, na equipe de futsal da escola, aquela que foi campeã de 2015.
“Fomos tendo uma convivência de professor e aluno de uma forma um pouco mais descontraída. Fazíamos brincadeiras entre os colegas do time, mas sempre com uma responsabilidade. Vale lembrar os conselhos que ele me deu de como me comportar. Ele me ensinou a diferença entre os momentos de brincadeira e de trabalho, e nisso nós fomos campeões de quase tudo que disputamos, indo disputar os jogos escolares da juventude em Fortaleza no Ceará, onde representamos o Pará. Ficamos em um dos melhores hotéis da cidade e nisso fomos criando uma amizade de respeito” se recorda o jovem.
No time das meninas, a auxiliar administrativo, Carol Barbosa da Rocha, hoje com 21 Anos, também tem muito que contar sobre os tempos de escola nas aulas de Educação Física. Fabrício foi professor dela a partir de 2013.
“Ele foi meu professor na matéria a qual eu não gostava no momento. Mas devido ao seu método de ensino comecei a gostar. Muito prestativo e atencioso. É uma pessoa que está sempre querendo o melhor de seus alunos. Devido a um convite seu cheguei até a participar da equipe de futsal, nada mau para uma pessoa que não gostava de atividades físicas “, comenta.
A jovem relata que com o professor um ensinamento valioso que levou para vida.
“Lembro-me de quando perdíamos algum jogo, enquanto muitos viravam as costas ele estava lá com uma palavra de incentivo. Mostrando-nos que o importante às vezes não é só ganhar, mas sim competir e dar o melhor de si independente do resultado. Ele é aquele cara que te aconselha, incentiva e consegue ver o lado bom das pessoas. Foram momentos de muito aprendizado, que ajudaram muito no meu desenvolvimento pessoal. Se hoje sou uma pessoa melhor devo uma parte a ele, devido seus conselhos na minha adolescência. Continuamos amigos,” revela.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento