Saúde Mental: É sobre isso e tá tudo bem
Cuidado com a saúde mental ganha cada vez mais espaço. Valorizando a profissão do psicólogo e diminuindo o estigma sobre quem procura tratamento.
Cada vez mais a preocupação com a saúde mental vem ganhando espaço na vida das pessoas. Em um mundo cada vez mais complexo os cuidados com doenças como depressão, estresse e ansiedade se tornam essenciais. Com a mudança de rotina provocado pela pandemia a procura por atendimento psicológico tem aumentado ainda mais, reforçando a importância para saúde pública e a vida cotidiana.
Dados do Conselho Federal de Psicologia (CFP), apontam que o país conta com 398.227 profissionais em atuação em todo território nacional. Na Prefeitura de Marabá, por exemplo, 13 profissionais estão distribuídos na Assistência Social em locais como Cras, Creas, Coordenadoria da Mulher, Casa Lar e Casa do Idoso. Já na Saúde, os psicólogos estão disponíveis em espaços como o Caps, hospitais e o CEI.
Ao apresentarmos comportamentos que fogem ao normal, a exemplo dos sintomas de medo, depressão, tristeza, angústia, raiva e outras emoções, constantemente podemos contar com o profissional psicólogo para nos ajudar. É ele que estuda os processos comportamentais e mentais das pessoas e diferente do que muita gente acredita, atua em diversas vertentes, são 13 especialidades.
A marabaense Alessandra Silveira, psicóloga no Centro de Especialidades de Marabá (CEI), está entre os profissionais atuantes na rede municipal e dedica 15 anos de sua vida à psicologia clínica, sendo 9 deles na rede municipal de Marabá. Foram 5 anos no CAPS e mais de 3 anos na Saúde Básica entre o CEI e assistência.
“Desde pequena sempre tive vontade de ter uma profissão de ajuda. Então se eu não fosse psicóloga eu seria médica. Eu comecei a cursar psicologia, gostei, e a partir do momento que comecei a atuar gostei ainda mais”, comenta a psicóloga.
Alessandra Silveira é especializada em psicologia infantil, na parte de avaliação psicológica e mental, mas jamais deixou de atender outros públicos e um dos motivos é que com a profissão ela tem a oportunidade de ajudar as pessoas.
“A psicologia vem trazer um lugar de apoio, de compreensão e acolhimento às demandas dos seres humanos de uma forma geral, em relação a diversas demandas, sejam elas pessoais, grupais, familiares ou sociais. Acredito que hoje nós vivemos numa época de muito estresse onde a vida está muito acelerada, e isso causa uma série de demandas psicológicas e psiquiátricas, e sem contar com os conflitos psicológicos, pessoais e familiares que existem e estão aumentando”, enfatiza a psicóloga.
Pela dedicação ao exercício da profissão, Alessandra Silveira revela que além de atuar no CEI, faz atendimento no presídio e ainda consegue tempo para as consultas particulares.
“Ao longo desses quinze anos de profissão eu desenvolvi muitas coisas e tive a oportunidade de realizar muitos trabalhos, inclusive voluntários. Esse trabalho que eu desenvolvo com crianças e famílias é o que me motiva. Eu acredito que toda essa gama de experiência que tenho, especificamente relacionada a infância-adolescência e as famílias é algo que vem crescendo e que pretendo continuar “, destaca.
Reconhecimento profissional e os estigmas da profissão
Segundo American Psychological Association (APA), a psicologia é o estudo da mente e comportamento. Assim, o profissional atende no diagnóstico, na prevenção e no tratamento de doenças mentais, personalidade e distúrbios. É na interação com o paciente que ele consegue analisar e identificar padrões de comportamento.
Durante a pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que as crises de ansiedade aumentaram quatro vezes após o início da COVID-19 e o Brasil é o país com maior prevalência de ansiedade no mundo – 9,3% da população enfrenta o problema.
Apesar da crescente atuação, Alessandra Silveira observa que mesmo nos dias atuais, ainda existem estigmas a serem quebrados sobre a importância do atendimento profissional.
“Infelizmente a gente ainda vive nesta época onde o estigma e o preconceito são muito fortes em relação a área psíquica. Eu acredito muito que quanto mais informação tiver, quanto menos preconceito em relação a área em si, maior será a busca ao serviço e automaticamente ao aumento da saúde mental e da qualidade de vida”, esclarece a psicóloga.
Onde e quando procurar o psicólogo?
Na rede municipal, o acesso a este serviço deve iniciar nas Unidades Básicas de Saúde, (UBS) e o encaminhamento é feito pelo clínico geral.
“A busca pelo psicólogo não pode ser forçada. Não posso dizer que você deve buscar um psicólogo sendo que você não tem essa necessidade. Então antes de mais nada, deve ser individual, deve estar pautada em uma necessidade que a gente define a algumas dificuldades em relação a questões emocionais, psicológicas e comportamentais. Assim que a pessoa se vê inclinada a isso, então busque o profissional”, esclarece a psicóloga.
No dia 27 de agosto, o Brasil lembra o Dia Nacional do Psicólogo. A data marca os 59 anos de regulamentação da profissão. Para Alessandra Silveira, nessa trajetória ainda há batalhas para vencer.
“Eu gostaria muito que a nossa profissão fosse melhor reconhecida, acredito que precisa de um pouco mais de informação, não só como funciona o trabalho, mas como é o desenvolvimento, acredito que isso poderia começar com a quebra dos estigmas. O psicólogo é um profissional que sempre vai estar em alta, porque as questões psicológicas e emocionais vão existir sempre. Então esse dia traz um marco importante”, conclui.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Paulo Sérgio