Seaspac: Em novo abrigo, indígenas venezuelanos Warao recebem toda assistência social
Seaspac alerta a população sobre a cultura de mendicância dos venezuelanos em espaços públicos: Doe Futuro, não dinheiro.
Os indígenas venezuelanos Warao acolhidos em Marabá recebem toda a assistência da SEASPAC – Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac). Uma das ações é a disponibilidade de abrigo ou aluguel social para eles. A esse respeito, nesta quinta-feira (21), mais de 20 famílias da etnia Warao mudaram para um novo espaço: o abrigo localizado no antigo prédio do NEI Magalhães Barata, na Marabá Pioneira. O local, na Travessa João Abreu, é mais amplo e com salas adaptadas como quitinetes para proporcionar bem-estar e maior comodidade aos acolhidos. Os indígenas que estavam morando no Bairro Laranjeiras também foram levados para lá, devido a um problema estrutural na casa antiga que era oriunda do aluguel social.
Segundo Nadjalucia Oliveira, titular da Seaspac, além de moradia, a Prefeitura de Marabá disponibiliza alimentação, materiais de higiene, água e luz. Os venezuelanos contam com um fogão comunitário, construído de acordo com a cultura deles, mas também foi fornecido fogão de piso, gás, geladeira, bebedouro coletivo e camas com colchões novos. “Eles não gostaram das camas e querem escapas pra rede”, comenta Nadjalucia, esclarecendo sobre uma das particularidades da cultura, que dentre outras, tem a preferência por trigo, ao invés de arroz.
A gestão do abrigo é dos próprios indígenas para que tenham o máximo de autonomia, embora um técnico de referência esteja acompanhando de perto a comunidade, para dar o suporte necessário, mas principalmente, para garantir e proteger os direitos das crianças. Uma das maiores preocupações da Prefeitura é a cultura pedinte deles, inclusive com a exposição dos indígenas menores em diversos pontos da cidade.
“Já temos acordado por muitas vezes, que não queremos crianças em espaços públicos pedindo esmolas, e eles não cumprem. Nós gostaríamos de fazer uma campanha para toda a comunidade, para que não dê dinheiro. Se quiser ajudar tem de ser com alimento, material de higiene, limpeza, fralda ou, se puder, disponibilizar emprego. A prefeitura tem dado assistência educacional, de saúde, mas sozinha não dá conta, por causa da demanda que é grande e rotativa”, explica a secretária.
Nadjalucia destaca que as crianças em idade escolar estão matriculadas na rede municipal de ensino e receberam kits escolares. Além disso, participam das atividades do CRAS Amapá. Quantos aos imigrantes adultos, estão com documentação legalizada, sem impedimento para contratação de trabalho. Dentre as atividades que podem exercer, de acordo com as habilidades deles, no caso dos homens, são os trabalhos braçais, a exemplo de ajudante de construção civil.
“Um grupo deles dizem que querem se fixar na cidade, então o que gostaríamos mesmo, é que a comunidade oportunize emprego, porque pedir esmola é um ciclo vicioso e quem vai são as crianças, e isso a gente tem debatido muito. Fazemos um trabalho diariamente com eles de sensibilização, mas culturalmente, eles saem como se fossem trabalhar, que é arrecadar dinheiro nos semáforos, por isso, a gente não quer que a população alimente essa situação. Falta de assistência não é”, pontua a secretária.
As pessoas interessadas em ajudar a comunidade Warao podem procurar a Seaspac, que fica na Travessa Ubá, no Agropólis do INCRA, no bairro Amapá. Esta semana, a pedido dos próprios imigrantes, a Seaspac providenciou a viagem de cinco famílias para os municípios de Altamira e Itaituba.
Comunidade Waraó
Os índios Warao (povos da canoa) são oriundos da região norte da Venezuela, ribeirinhos que tradicionalmente têm como atividades pesca e a coleta, anos depois convertidas em horticultura, outra habilidade forte é o artesanato. A imigração para o Brasil é histórica, dentre as principais causas, estão a invasão de suas terras por agricultores e pecuaristas, mas os indígenas também foram atingidos pelo caos do país vizinho e fogem da fome. Em Marabá, os venezuelanos são acompanhados pela Prefeitura desde 2017.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento