Educação: Surdos e deficientes auditivos são atendidos no CAES
Surdo ou deficiente auditivo? Saiba a diferença com os profissionais especializados
Há mais de três anos, Caio Felipe, 11 anos, tem frequentado o Centro de Atendimento Especializado na Área da Surdez (CAES), em Marabá, instituição ligada à Secretaria Municipal de Educação (Semed). Por conta da deficiência auditiva identificada ainda na primeira infância, o menino usa um implante coclear (um dispositivo médico eletrônico para pessoas com perda auditiva de grau severo a profundo). Quando começou a frequentar a escola pública, a mãe Edilene Silva recebeu da escola a indicação do CAES para o atendimento educacional especializado do filho. Lá Felipe é atendido pela fonoaudióloga e também pela professora de Língua Portuguesa, no contraturno da escola, e já consegue falar algumas palavras.
“Esse acompanhamento é de extrema importância para a fala dele, para o crescimento dele, no relacionamento com as outras crianças. O primeiro atendimento dele foi em Bauru, com dois anos de idade, onde aconteceu o implante. Aqui no CAES, quando começou a estudar. Ele tem atendimento duas vezes por semana, e está desenvolvendo”, esclarece a dona de casa, Edilene Silva.
Para o CAES, Caio Felipe é considerado um deficiente auditivo porque apesar de perdas na audição consegue ouvir. Assim, diferente do que muita gente pensa, surdez e deficiência auditiva não são sinônimos para a comunidade surda e no centro, os dois casos tem atendimentos especializados diferenciados.
Surdo ou deficiente auditivo? Tratamento especializado
Para não errar, geralmente o mais correto é perguntar à própria pessoa com qual termo ela prefere ser tratada. Por outro lado, Karini Costa, fonoaudióloga do CAES, ressalta que é o grau de deficiência que define o atendimento necessário para cada caso. Ela explica que existem classificações diferentes para o nível de deficiência auditiva consideradas como grau leve, moderado, severo (profundo).
“Normalmente aqueles com perdas auditivas com grau profundo, dentro da comunidade surda, gostam de ser chamados de surdos. Existe uma questão cultural. Já os demais, tem uma classificação diferente porque dependendo do grau de deficiência eles conseguem ouvir, conseguem se comunicar oralmente, falam, outros precisam de dispositivos eletrônicos, ou mesmo um implante coclear”, esclarece.
O trabalho da fonoaudióloga do CAES só é feito após o diagnóstico realizado por profissionais especializados como otorrinolaringologista.
“A partir de então nós vamos direcionar o atendimento deles aqui no CAES, juntamente com a equipe vamos discutir do que ele precisa. Se precisa do fonoaudiólogo. Se usar um aparelho, implante coclear, ele vai fazer um treinamento para aprender a ouvir, para aprender diferenciar os sons, e passe a se comunicar oralmente. Há também todo um trabalho com a família. Então, o trabalho do fonoaudiólogo no CAES, é voltado para o treinamento auditivo, habilidades auditivas, treinamento e estimulação da linguagem”, pontua.
Na outra ponta, a professora Luciene Mendes, de ensino da Língua Portuguesa, faz o atendimento complementar com os deficientes auditivos, inclusive com o uso de espelho instalado na sala de aula para percepção do movimento da boca. Ela explica a diferença entre as atividades com deficientes auditivos e surdos.
“Trabalho com eles utilizando a fonologia. Eles não são totalmente surdos, então eu trabalho com eles, a dicção, os fonemas que têm dificuldades de falar devido ao problema auditivo, como o LH, NH, junção de sílabas, repetição de palavras. Já o surdo, ensino a partir da língua deles, que é a Libras. Eles são alfabetizados em Libras, só depois é que vem para a Língua Portuguesa”, destaca a professora.
No CAES atualmente são atendidos 79 alunos entre surdos e deficientes auditivos. Para os surdos, a proposta pedagógica inclui o ensino bilíngue, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e a Língua Portuguesa, além de Matemática, tudo no contraturno da escola regular. O centro conta com uma equipe de oito profissionais, dentre eles há interpretes, fonoaudióloga e professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Vale ressaltar que a comunidade surda do CAES é bem diversa. Por lá existem aqueles que oralizam, outros que se comunicam por leitura labial e os que se comunicam apenas por meio da língua de sinais.
O CAES conta com salas de aulas climatizadas, salas de coordenação, banheiros e refeitório. O espaço também oferece serviços de interpretação de Libras, que é um departamento que atende a comunidade surda fora da escola que precisa acessar órgãos públicos, denominada de CIL – Central de Interpretação de Libras.
O Centro de Atendimento Especializado na Área da Surdez- CAES está localizado na Folha 26, Quadra 01 Lote 25, Nova Marabá.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Paulo Sérgio