Semed: Escola Família Agrícola, em Marabá, contribui com a educação de alunos do campo de 8 municípios
O papel da escola não é só formação, a escola tem o objetivo do desenvolvimento local e regional, Rafael Soares, diretor da EFA
Na Escola Família Agrícola de Marabá (EFA) Professor “Jean Hébette”, aos poucos as atividades voltam ao normal. Localizada a 23 km da zona urbana, às margens da Rodovia Transamazônica, sentido Itupiranga, ela é a única escola do tipo no estado e funciona baseada na pedagogia da alternância: a cada 02 semanas, os 76 estudantes se revezam entre a EFA, em regime de internato, e a casa da família, período chamado de tempo comunidade. São duas turmas por quinzena.
Em sala de aula, os alunos distribuídos em turmas do 6º ao 9º ano, do ensino fundamental, aprendem as disciplinas convencionais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de acordo com os anos correspondentes, mas na EFA, as temáticas trabalhadas são diferenciadas pela contextualização com a realidade do campo. Na teoria e na prática, os estudantes aprendem, ainda, a lidar com atividades rurais, tanto no trabalho com a terra, no plantio, quanto na criação de animais como parte do componente da Agricultura Familiar e Práticas Agroecológicas. O objetivo é levar esse conhecimento para benefício da comunidade da qual fazem parte.
Há 2 anos, a professora de Língua Portuguesa Ana Célia Santos trabalha com alunos da EFA e percebe o quanto a missão dela é importante para o futuro dos alunos. “Trabalhamos de forma integrada de acordo com o tema gerador. Esse bimestre, por exemplo, estamos trabalhando com a comercialização de produtos agropecuários. Então, a metodologia é relacionando aos textos da Língua Portuguesa com esse tema, e todas as disciplinas são assim. É uma experiência boa e gratificante”, pontua.
Juvane Aguiar, professor de Educação Física, vive uma experiência nova como docente na EFA há alguns meses, mas já iniciou um projeto de ginástica com os estudantes. “Como eles vivem aqui em tempo integral, possibilita a implementação de projetos paralelos a grade curricular. No momento, estamos dando introdução ao projeto de ginástica, porque possibilita trabalhar todos os conteúdos da Educação Física dentro desse campo, e também a participação de alunos de todas as faixas etária para desenvolver a prática com autonomia e segurança”, explica.
Estrutura e atendimento
Com uma área de 15 hectares, a EFA Marabá atende alunos de sete municípios da região (Marabá, Itupiranga, Repartimento, São João do Araguaia, São Domingos, Bom Jesus do Tocantins e Parauapebas). Por dia, os estudantes são alimentados com cinco refeições. Lá, eles contam com dormitórios femininos e masculinos e espaços pedagógicos.
Por outro lado, a escola também tem unidades produtivas, espaços criados para práticas de zootecnia, agricultura e administração rural. Dentre os espaços existem avicultura, sistema agroflorestal, horta, suinocultura e bovinocultura, que estão em fase de implantação. As unidades produtivas são desenvolvidas por meio de parcerias tanto com a EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará, quanto com Secretaria de Agricultura de Marabá.
A SEAGRI contribui com a formação dos alunos com professor de ciências agrárias, através da implementação de insumos, mão de obra e recursos de infraestrutura. Já a EMATER colabora com a formação sobre piscicultura e suinocultura. No SAF (Sistema Agroflorestal), iniciado em parceria com a SEAGRI, em 2020, pode ser encontrado plantio de banana, açaí, cupu e acerola. Com o retorno das aulas presenciais, as aulas estão voltadas para a teoria e prática sobre poldas.
“Um dos objetivos dessas parcerias é que possamos fomentar a formação dos agricultores locais. Que eles possam servir como uma unidade demonstrativa para os agricultores do projeto o qual a escola está inserida. O papel da escola não é só formação, a escola tem o objetivo do desenvolvimento local e regional. Desejamos que os nossos alunos possam ser protagonistas da sua própria história. Esse é o nosso lema”, destaca Rafael Soares, diretor da EFA Marabá.
Recentemente, os alunos tiveram a disciplina de música adicionada à grade. São 10 violões cedidos pela Secretaria de Educação e os professores são da Fundação Casa da Cultura.
Alunos falam da experiência
Artur da Silva, 13 anos, morador da zona rural do município de São João do Araguaia, é da turma do 8º ano. O garoto está no 3º ano na escola e disse que já ajuda a família com uma horta. “Eu acho bom estudar aqui, desde o dia que cheguei na EFA percebi que os professores são bons. Eu aprendi a mexer com porco, galinha, adubo e levei o ensinamento pra casa. Para o futuro, só penso em melhorar e seguir a carreira como técnico agrícola”, diz o adolescente.
Suelen Batista, 15 anos, está se despedindo do ensino fundamental e fala com entusiasmo da participação dela na EFA. A menina já teve experiência com ensino dito comum, na zona urbana, mas se adequou ao sistema de ensino do campo. Ela mora no PDS Porto Seguro, em Marabá. “É ótimo, tem muita diferença. Acho muito importante que tenhamos um aprendizado diferente, na teoria e na prática, temos a produtividade. Aqui aprendi sobre a criação de galinha, porco, horta mandala e horta medicinal. E o SAF, que é o Sistema Agroflorestal, plantando árvores. E esse aprendizado eu levo pra casa, pra agricultura familiar. Nós trazemos conhecimentos pra cá e daqui pra casa. Tô tentando levar alguns projetos pra casa”, afirma a adolescente.
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Texto: Leydiane Silva
Fotos: Farias Jr / Divulgação