Seaspac: Cursos e oficinas garantem geração de renda e mudam vidas de pessoas
Todos os dias Leila Lima Lopes, 43 anos, prepara bombons que são vendidos pela filha, na escola Inácio Sousa Moura. A atividade começou a ser praticada na última semana, ajudando no orçamento da professora, que está desempregada e completa a renda com aulas particulares. Leila aprendeu a fazer os doces em uma oficina, ministrada pelo Departamento de Emprego e Renda da Secretaria de Assistência Social, Proteção e Comunitários (Seaspac).
Nascida em Barra da Corda, Maranhão, Leila mora há 11 anos no Bairro Araguaia, com dois filhos e a mãe, aposentada, que, no momento, é a principal fonte de renda da casa. “Fiz as oficinas de bombom e de caixa de presente e já estou vendendo. As oficinas ensinam técnicas que facilitam nosso trabalho. Está dando certo e o pessoal gosta muito. Então decidi completar e fazer um curso maior para aprender mais e incrementar a renda”, completa.
O curso, ao que ela se refere, é o de Massas e Folheados, que acontece de 22 de novembro a 3 de dezembro, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Folha 28, Nova Marabá. O curso é completamente gratuito e tem 30 inscritos, com inscrições já encerradas. Todo material é doado pela Prefeitura, tanto para a parte prática, com materiais e ingredientes utilizados na produção, quanto na parte teórica, com apostilas, lápis, canetas, etc.
“Não tenho nenhuma experiência com folheados. Estou com expectativa de aprender. É uma massa bem difícil de fazer, que não é fácil de achar para vender na rua. A gente acha que é novidade, pensa que é novo, mas é uma massa do século 19. Aprendi isso aqui agora”, comenta, rindo.
A primeira semana do curso é toda teórica. “Nesse primeiro momento explicamos o curso. Abordamos a questão social em que estão inseridos. Como empreender, ou trabalhar como assalariado. Trabalhar o crescimento pessoal, como se portar em serviço, ética, maneira de agir. A importância de não ficar parado muito tempo, dá contribuição para a renda”, explica a instrutora do curso, Lucicleia Socorro Nascimento.
Já a segunda semana é toda dedicada à parte prática. Além de preparar a massa folhada tradicional, as participantes aprendem a fazer croissant, palmier e outros salgados, incluindo sugestões de recheios e como prepará-los. O curso tem carga horária de 40 horas.
“A segunda parte é toda pondo a mão na massa. A massa folheada é uma massa que tem que ser resfriada, é uma técnica que dá mais trabalho. Damos dicas de como manusear, de como preparar, trabalhar com higiene. Usando técnicas profissionais para que possam comercializar em feiras, ruas ou mesmo vender a partir de casa”, completa Lucicleia.
Dias melhores
Há 14 anos, Camila de Souza Xavier, hoje com 26 anos, começou a dar os primeiros passos como vendedora ambulante. Ela vende espetinho, cachorro quente e batata frita, em parques de diversões e eventos, pela cidade. Com muito trabalho, em fevereiro de 2020 ela conseguiu comprar um trailer, mas, no mês seguinte, veio a pandemia que paralisou atividades pelo mundo todo.
“Foi um momento muito complicado. Passei quase dois anos vendendo bombom para segurar as pontas. Não consegui trabalhar com meu trailer. Agora que estão retomando as atividades que posso utilizar ele, resolvi aproveitar a oportunidade e fazer o curso para aprimorar ainda mais meu conhecimento e acrescentar mais um item às minhas vendas”, comenta.
Camila é, hoje, a única fonte de renda de sua casa, composta por ela, a irmã e a mãe. É o primeiro curso administrado pela Seaspac que ela participa. “Decidi me inscrever e aproveitar essa oportunidade. Espero aprender bastante coisa. São salgados diferentes, que notei não vermos muito por aí. Espero que tenhamos festejo junino e outros eventos e que possa comercializar por lá”, conta.
Mais de 1500 beneficiados
Ao longo do ano, já foram realizadas 55 oficinas, que atingiram mais de 1200 pessoas, e 15 cursos profissionalizantes, que abarcaram cerca de 330 pessoas. As oficinas costumam ser realizadas em apenas um dia.
Entre as oficinas realizadas estão a de bombom, tempero, caixa de presente, biscuit, bolsa de lona, chopp e pipoca gourmet, amendoim caramelizado, sabão líquido, sabonete artesanal, docinho de leite em pó, etc. As oficinas costumam ter a duração de até três dias e são mais focadas na parte prática, em atender o público do local, onde são ministradas.
“Trabalhamos muito com os CRAS [Centro de Referência de Assistência Social], associações dos bairros e realizamos as atividades lá. Damos todo o material necessário e, assim, o participante não precisa gastar nem com transporte’, explica Hildo Tavares, coordenador do Departamento de Emprego e Renda da Seaspac.
Já entre os cursos, foram realizados os de eletricista básico, manicure, bolo caseiro, depilação, cozinha paraense, garçom, massa e folheados. Com uma carga horário maior, eles são realizados em diferentes locais da cidade para abordar a maior quantidade de pessoas.
Somente nesta semana, além do curso de Massas e Folheados, estão sendo realizados o curso de garçom, para 16 pessoas, com carga horária de 40 horas, na sede da Seaspac, no Bairro Amapá, e o Curso de Manicure, na Vila Santa Fé, zona rural, que conta com 20 inscritos e carga horária de 20 horas.
O Departamento de Emprego e Renda trabalha também com a Feira artesanal do Por do Sol para que as pessoas possam vender seus produtos. Atualmente, são 40 barracas e a feira acontece todos domingo, a partir das 17 horas, na Praça São Félix de Valois, na Orla de Marabá.
Para saber mais sobre os cursos e oficinas, procure os CRAS da cidade.
Confira outras fotos:
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Aline Nascimento.