Semed: Atletas de Marabá conquistam 10 medalhas e um recorde nacional nas Paralimpíadas Escolares
Três ouros, seis pratas e um bronze. Esse foi o desempenho dos 7 atletas de Marabá nas Paralimpíadas Escolares realizadas em São Paulo, entre os dias 23 e 26 de novembro. As vagas foram conquistadas após o desempenho nas seletivas realizadas em Belém. A performance ajudou o Estado do Pará a conseguir o 2º lugar geral entre todos os 27 estados da Federação, ficando atrás apenas dos donos da casa.
O Projeto
O projeto Marabá Paralímpico é executado através de uma parceria entre Estado e município que busca contemplar a inclusão e o desenvolvimento, através do esporte, abrangendo os estudantes do município portadores de deficiência. Atualmente o projeto contempla 56 alunos.
O idealizador do projeto, professor de educação física, Arionaldo Borges dos Reis, explica que o contato com as escolas é realizado quase diariamente, para identificar e atrair os alunos. “Falamos com os professores, com as famílias, é uma relação constante e dinâmica. Conversamos com os alunos, fazemos exercícios, vemos onde ele se encaixa de acordo com a sua deficiência”, conta.
A Prefeitura de Marabá é responsável pelo ônibus que busca e leva todos os alunos para o treino, além de ceder estagiários e profissionais de educação física. A professora, Luiza Crisóstomo, atua no projeto desde 2014. “Ficamos muito felizes com o desempenho. Foi até superior ao que esperávamos. Mas é importante destacar que a medalha é o menos importante. A experiência, inclusão e o desenvolvimento deles é o principal”, ressalta.
Os medalhistas
O Alexandre Cunha Vieira estuda na Escola Acy Barros. Ele garantiu a medalha de prata na natação, competindo pelos 100m peito. O estudante de 16 anos perdeu a perna em um acidente de trânsito e começou a nadar por indicação médica. “No começo eu não gostava. Hoje eu gosto bastante, fico feliz de poder competir e de tudo que me proporciona”.
O estudante participa do projeto desde 2017 e já tem mais de 20 medalhas em competições locais. Ele também já havia disputado a competição nacional em 2019, quando também trouxe medalhas para Marabá.
Jheimeson Feitosa da Silva tem 17 anos e é estudante do 8º ano na Escola Darcy Ribeiro. Está participando há 6 anos do projeto e trouxe medalha de prata pela bocha paralímpica. Cadeirante, ele reforça as oportunidades que teve “Representa muito para nós cadeirantes, deficientes. O contato que temos com os colegas, a viagem. Estou feliz de ter treinado e poder ganhar essa medalha”, comenta.
O tênis de mesa também trouxe medalhas para Marabá. O responsável foi o Pedro Levy Sousa Silva, 16 anos, estudante do 1º ano da escola Anísio Teixeira. A medalha de bronze veio após uma vitória equilibrada por um placar de 11×9. Ele conta que já foi atleta da natação, mas está feliz competindo no novo esporte. “Foi bom. Maravilhoso poder competir e trazer a medalha. Espero continuar jogando e participando”.
Única mulher da delegação, a estudante Ana Paula Garcia Pedrosa Galvão trouxe três medalhas, sendo uma de ouro. Ela conquistou a prata nos 60m e 150m, já o outro veio no arremesso de pelota. “Foi muito bom. Gostei muito de ter ido lá e poder competir, fiquei muito feliz com a vitória e minha mãe também ficou muito feliz”, comemora a atleta de 12 anos, estudante do 6º ano da Escola Cristo Rei, que desde os 7 anos participa do projeto.
O Izaque do Carmo Martins foi medalhista de ouro nos 1000m. O atleta é portador de deficiência visual e realiza os treinamentos sempre com um guia. Para treinar é preciso ensaiar os passos. “A mão e os pés tem que fazer o movimento ensaiado durante os treinos. Se puxar errado, o atleta pode interpretar que tem que parar. É tudo sincronizado”, explica Ariovaldo.
O estudante de 14 anos é estudante do 6º ano da Escola Felipa Serrão e disputou a sua primeira competição nacional. Ele comemora o resultado pensando nas próximas disputas. “Foi a primeira vez. Estou muito feliz com o desempenho. Gosto bastante daqui do projeto e das competições”.
Novo Recordista Brasileiro estudantil em arremesso de peso, o estudante da Escola Geraldo Veloso, Luan Lincon Pinheiro também trouxe três medalhas da competição. Além do ouro no arremesso de peso, ele também trouxe a prata nas corridas de 75m e 250m. O estudante de 15 anos está no 9º ano e já participa do projeto há 6 anos.
“Mudou muita coisa depois que entrei no projeto. Na minha rotina e na forma de encarar os desafios. Gosto daqui, já disputei a competição pela natação e também obtive medalhas’, conta o estudante.
Os treinos
Os treinos são realizados diariamente, em diferentes locais da cidade, divididos por turmas. Atualmente eles ocorrem na AABB e no Colégio Alvorada, mas podem acontecer em outros locais, até antes da pandemia havia ponto no Núcleo São Félix. “Eles treinam como qualquer atleta. Se esforçam e por isso conseguem resultados”, comenta Ariovaldo.
Ele destaca a importância de não romantizar a deficiência e que além do esporte o projeto envolve outros desenvolvimentos para o aluno. “Para trazer os resultados é necessário trabalho e treino. Mas convivendo com eles vivemos muitas situações. Alunos que não sabem se vestir, comer com talher, amarrar o cadarço. Tudo isso nós esforçamos e desenvolvemos com eles também”, completa.
Festival Paralímpico
No dia 4 de dezembro o município de Marabá será uma das sedes do Festival Paralímpico. Evento que acontecerá simultaneamente em 45 cidades da federação em alusão ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. “Marabá foi uma das cidades escolhidas exatamente pelo seu desempenho no esporte. Contribuímos para a 2º colocação no Estado que foi algo muito positivo e surpreendente”, reforça Luiza Crisóstomo.
O evento acontecerá na Escola Ida Valmont, das 8h às 14h, e contará com três oficinas que serão realizadas em forma de rodízio para que todas as crianças possam participar de cada oficina.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Aline Nascimento