CAPS: Procura por serviços de saúde mental aumentaram com a pandemia
Na semana passada, uma equipe, que trabalha com a manutenção da ponte sobre o rio Itacaiúnas, voltava do almoço, quando avistaram uma mulher parada, segurando uma criança, com atitudes estranhas. Eles, felizmente, conseguiram impedir que o pior acontecesse. “Uns colegas agarram e sentaram ela no chão”, explicou seu Gilmar Fernandes dos Santos. Essa mãe, deste caso, que tem três filhos, sofre de depressão, aliado ao problema emocional, encontra-se desempregada.
“O que ela falou nos deixaram chocados, pois não estava pedindo muito, apenas comida para dar aos filhos e uma oportunidade de trabalho. Eu tenho cinco filhos e sei que não é fácil, é doído, teve colega que chorou, a turma ficou sensibilizada”, disse seu Joseilton Conceição.
Uma equipe da Guarda Municipal (GMM), que passou pela ponte, minutos depois, foi abordada pelos trabalhadores. A viatura da GMM levou a mulher e a criança para avaliação e atendimento médico, psicológico e de assistência social. De acordo com a Secretaria de Assistência Social e Assuntos Comunitários (Seaspac), a jovem mãe está recebendo acompanhamento familiar psicossocial, que é um apoio tanto com benefício eventual, quanto com o atendimento com o assistente social para encaminhar a pessoa para os demais serviços disponibilizados pela rede de assistência social.
Pessoas, como essa mãe, que sofrem com algum tipo de transtorno mental ou emocional são atendidas pelo Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), localizado próximo à Casa da Cultura, na Nova Marabá. Familiares, amigos e conhecidos, e até mesmo a própria pessoa, percebendo qualquer transtorno deve procurar o posto de saúde. Dependendo da situação, terá acompanhamento com psicólogo na Unidade Básica de Saúde ou será encaminhado para o CAPS, onde casos mais severos e graves são acompanhados. Se houver necessidade, a pessoas será internada até receber alta.
Atendimento no CAPS
O atendimento no CAPS é realizado 24 horas por dia, tanto feriados, quanto finais de semana. O acolhimento é dado a qualquer pessoa que procure o serviço. Após o atendimento, é verificado o caso do paciente, valendo ressaltar que no Centro são atendidos, diretamente, os casos graves, severos e persistentes.
A coordenadora do CAPS, Tatiana Morgana, avalia que a pandemia trouxe um cuidado a mais, pois a saúde mental ficou muito em evidência. “O usuário é acompanhado por uma equipe de multiprofissional, psicólogo, enfermeiros, assistente social, médico. E o acompanhamento é feito até ser estabelecido, como é o caso dos pacientes mais graves, que chegam a passar meses ou até ano. E com os familiares também temos um acolhimento para ajuda-lós nas dificuldades e vivência, pois a família é o apoio do usuário”, afirma.
O CAPS atende somente usuários da cidade de Marabá, a farmácia fica aberta diariamente para retirada de medicamentes com o receituário médico. Brenda Corrêa é uma das psicólogas. Ela enfatiza que, na pandemia da covid, o isolamento promoveu um estado de adoecimento, agravando a saúde mental de muitas pessoas.
“Todos nós precisamos de contato e, antes, era comum o abraço, a vida social. Com a pandemia, gerou o medo de se aproximar, veio o uso de máscara, álcool e o isolamento, os quais prejudicaram o contato social. É importante ressaltar que qualquer pessoa que demonstre comportamento diferente do que fazia antes, se a família notar que o indivíduo não faz mais as mesmas tarefas, deve levar em consideração a necessidade de procurar, o quanto antes, ajuda especializada”, destaca Brenda.
Texto: Susana Galvão
Fotos: Paulo Sérgio Santos
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