Cultura: Boi Flor do Campo se prepara para o retorno ao arraial municipal
A pré-temporada das festas juninas está aberta e o Boi-Bumbá Flor do Campo já iniciou aos ensaios da marujada que dão ritmo às toadas. O esquenta acontece na sede da agremiação, no bairro Independência. No local, cerca de 70 brincantes se preparam, ajustando a apresentação dos personagens.
Diante dos batuques não tem quem consiga ficar parado. A vontade de dançar contagia até mesmo quem vai apenas observar. Uma animação total, que só perde mesmo para a ansiedade, principalmente do dono, José Rodrigues, o Mestre Zé do Boi. Ele disse que há dias não consegue dormir direito e o motivo é a proximidade do festejo junino municipal, com data prevista para o próximo mês, entre os dias 17 a 25 de junho, que volta a acontecer depois de dois anos de pandemia.
“O tempo está corrido, está muito próximo, e eu tenho acordado de madrugada e não consigo dormir mais. Já tem dois anos que não entramos no arraial, então para esse ano vamos levar muita animação, alegria. Não podemos dizer tudo, porque senão fica sem graça quando entramos lá”, enfatiza Zé do Boi.
As toadas do Flor do Campo, a maioria composta por Zé do Boi, falam da relação do homem com a natureza, sempre cheias de elementos culturais, sociais e até políticos, que provocam fortes reflexões.
Boi-Bumbá é tradição popular e familiar
Com mais de 30 anos de fundação, o Boi-Bumbá Flor do Campo, atual vice-campeão do Festejo Junino Municipal, tem como cores predominantes o branco e o vermelho, que representam a paz e o amor. Foi nesse ambiente que Janailson Barros, 25 anos, nasceu e cresceu. Neto do mestre Zé do Boi, participa da festa desde a barriga da mãe. O primeiro cargo personagem, dentro do grupo, foi da burrinha, que acua o boi. Na sequência participou da marujada, na caixa, e foi o miolo do boi (quem controla boi). Mas Janailson retornou à marujada, e agora, ao lado do avô, assumiu o vocal, tendo seis composições autorais, duas delas serão reveladas, esse ano, no arraial.
“O boi é minha paixão. O Flor do Campo está na minha veia. É uma coisa que vem de família. O meu foco é dar continuidade à cultura, já estou cantando, compondo, crio batidas e melodias. Estou trilhando esse passo para que, mais na frente, eu consiga manter a história e a tradição”, conta.
Elane Rodrigues, 30 anos, também começou criança no grupo, aos 10 anos, seduzida pelas batidas. Aos 13 anos, tornou-se parte do grupo que representa os indígenas. Desde 2018, ela é destaque do Flor do Campo.
“Achei uma brincadeira boa pra sair de algumas coisas, que tinha no bairro, que não eram legal. Testei uma vez ensaiar no boi e nunca mais saí. Comecei no finalzinho da fila das índias, passei para o meio e depois assumí a função de destaque. Para mim é emocionante. Impactante tanto na minha vida, como para as pessoas ao meu redor. Quando chega a época do festejo junino, eu levo todo mundo para assistir e torcer no arraial”, revela Elane.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento
Veja a galeria: