Seaspac: Da alimentação ao lazer, Cipiar promove qualidade de vida a idosos acolhidos
Centro recebe o nome de Antônio Rodrigues, conhecido como seu “Paulista”, para homenagear um grande defensor de direitos dos idosos em Marabá
Com as atividades iniciadas em maio de 2018 e reinaugurado, ampliado e revitalizado, em abril deste ano, o Centro Integrado de Atenção à Pessoa Idosa Antônio Rodrigues (Cipiar) surgiu a partir da necessidade da Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac) em oferecer um espaço de acolhimento, com profissionais qualificados, para atender idosos em situação de vulnerabilidade. A instituição de longa permanência está localizada na Avenida Itacaiúnas, no bairro Belo Horizonte, e é exclusiva para atender casos do município.
“Nós temos apenas 5 anos de Cipiar, porém essa iniciativa tem feito muita diferença na vida desses idosos que realmente precisam, pois é um direito de todos ter uma moradia e aqui a gente proporciona qualidade de vida a eles”, pontua a atual coordenadora do Centro, Adriana Ferreira.
Atualmente, 22 idosos são acolhidos no Centro. A maioria deles não possui referência familiar. Alguns chegam por meio do Conselho Municipal da Pessoa Idosa (CMDPI) ou de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS e CREAS), os quais detectam quando há idosos em situação de vulnerabilidade ou sofrendo violência. O trabalho é realizado em parceria com o Ministério Público. A partir do momento em que os idosos recebem acolhimento, o MP é notificado e passa a acompanhar cada situação e realizar, junto à equipe do Cipiar, a busca ativa de parentes dos idosos sem referência.
Seu Luís Nonato, 65 anos, chegou em fevereiro ao Cipiar, bem debilitado. Ele morava na Vila Cupu. Hoje, o sorriso no rosto é sinônimo de saúde. “Eu gosto daqui. Os meninos aqui são bons. Eles cuidam, ‘Ave Maria’. Tenho amigos aqui. Estou feliz graças a Deus”, expressa o idoso.
Onde tudo começa
A Assistente Social do Centro, Ariana Lima, esclarece que o Cipiar enquadra-se no serviço de alta complexidade, ou seja, é em último caso, quando a pessoa idosa não tem mais laços familiares ou esses vínculos estejam fragilizados, impossibilitando a continuação com a família.
“O estudo de caso desse idoso é iniciado pelo órgão de proteção de média complexidade aqui do município, o CREAS, o qual recebe denúncias de diversos órgãos como o Hospital, Conselho do Idoso, Centro Pop etc. A partir daí, ele vai indicar se aquele idoso é perfil para acolhimento nas instituições de longa permanência, como Lar São Vicente e o Cipiar”, enfatiza.
Ao chegar no Centro, o acolhido passa por uma triagem médica e atendimento psicossocial. “Aqui é como se fosse uma residência, por isso a gente trabalha com uma rotina e tenta deixar o mais claro possível para eles entenderem e viverem em harmonia. Pela manhã temos o banho, café da manhã, banho de sol. Todas as refeições têm o horário bem estabelecido. A vida social deles também é bem ativa, como passeios etc.”, explica a coordenadora Adriana.
Atualmente, a equipe do Cipiar tem 59 servidores, atuando em sistema de escala, 24h por dia, entre agentes de serviços gerais, cozinheiras, assistente social, cuidadores, pedagogos, psicólogos, técnicos de enfermagem, enfermeiros, educadores físicos, assistentes administrativos, motoristas e outros.
“Os nossos idosos são um público mais vulnerável a doenças, e, por isso, o nosso trabalho é fundamental para trazer a qualidade de vida, promoção e proteção à saúde, além do conforto e longevidade deles”, destaca a enfermeira responsável técnica do Cipiar, Ruth Oliveira.
Busca ativa por familiares
Quando não há quaisquer documentações pessoais ou referências familiares do idoso no município, os profissionais do Cipiar realizam a busca ativa com auxílio de informações repassadas pelo próprio idoso. A partir daí, a pesquisa é feita nos cartórios dos municípios de origem do acolhido, a fim de acessar mais informações e ampliar as possibilidades de encontro dos familiares.
“Quando não for encontrada nenhuma documentação nem no cartório, a gente entra em parceria com o Ministério Público para a emissão de todos os documentos pessoais desse idoso, bem como o CadÚnico [Cadastro Único] e benefícios sociais, como o BPC [Benefício de Prestação Continuada], garantindo até mesmo uma renda para ele”, reitera a Assistente Ariana.
Encontrada a família, a assistente aborda que é preciso realizar um processo de reintegração familiar desse idoso, o que pode durar até um ano. O processo é chamado de “desacolhimento seguro”, e é necessário para que a equipe profissional conheça os familiares daquele acolhido, bem como as condições financeiras e sociais atuais, a fim de saber se é possível reintegrar esse idoso sem haver riscos.
“Muitos desses idosos passam aí quase 40 anos longe da família e é como se fossem pessoas desconhecidas, por isso a gente precisa trabalhar o início, meio e fim desse desacolhimento seguro, para que esse idoso não venha retornar ao Centro. É uma responsabilidade para nós e para os familiares”, completa a assistente.
O último caso de desacolhimento seguro no Cipiar foi do idoso Antônio Valdeci, conhecido por ‘Toninho’ que, por meio de publicações no site e redes sociais da Prefeitura de Marabá, familiares o encontraram. A Secretaria de Assistência Social tirou a documentação pessoal dele, solicitou o Benefício de Prestação Continuada, construiu um quarto na casa da mãe dele, com mobília e enxoval, e fez o transporte de seu Toninho. Atualmente, o seu Toninho vive na cidade de Castelo do Piauí, com a mãe e irmãs.
“Toda vez que um idoso volta para sua família e a gente vê esses laços sendo reconstruídos, é emocionante e feliz para nós do Cipiar. A gente vê que estamos no caminho certo, pois o idoso precisa estar com sua família. É onde ele vai se sentir completo. Mas é preciso que seja uma família que cuide desse idoso, assim como nós o cuidamos aqui, senão infelizmente não adianta”, complementa Adriana.
Vale ressaltar que o Centro é aberto a visitas. Basta marcar a visita pessoalmente ou pelo (94) 98421-1479.
Texto: Sávio Calvo
Fotos: Paulo Sérgio