Cultura: Boi Estrela Dalva mantém tradição e se prepara para festejo junino de Marabá
Há 30 anos a Rua Maria Adelina, no Bairro Independência, não abandona a sua maior tradição e orgulho. Época de São João é época de Boi Estrela Dalva. Vencedores do festejo junino por 15 vezes, no ano passado o título escapou por pouquinho, mas o “esquadrão de ouro”, como são chamados, estão determinados a retomar o trono em 2023.
O Boi Estrela Dalva foi fundado em 23 de junho de 1993 por cinco amigos, dos quais três já faleceram, mas a tradição segue viva e de lá para cá o grupo só deixou de participar do festejo na época da pandemia. O boi que começou com 25 pessoas, mais que dobrou para 60 participantes no segundo ano de existência. Hoje são 140 brincantes que ensaiam diariamente nesta época do ano.
Os ensaios ocorrem ali mesmo, no fundo da casa do seu presidente e fundador, mestre Genival de Almeida, de 70 anos.
“Participamos do festejo desde o ano de criação. São 15 troféus de campeão em Marabá, fora outras cidades que disputamos e que o pessoal vê a gente e já nos dão o troféu. O público sempre espera muita alegria e animação de nós. Quando vamos para a arena, vamos botando pra arrebentar mesmo, não é brincadeira”, destaca Genival.
Uma das responsáveis pelo ensaio é a coreógrafa Carol Paixão, que garante que este ano o boi vem com uma apresentação completamente nova.
“Zerou tudo que fizemos ano passado e começamos tudo de novo. Estamos ensaiando desde a entrada até o final para levar para a arena a história do boi bumbá. Ensaiando cada item. Uma apresentação diferente, entrada diferente, saída diferente. Os ensaios estão bem intensos, puxados, cansativos, sugamos muito deles e espero que dê bons frutos”, conta.
Um dos principais destaques do Boi-bumbá é a Cunhã-Poranga, que esse ano será interpretada pela primeira vez pela Camile Eduarda. Mas se engana quem pensa que ela não tem experiência. Camile é neta de Genival e desde a infância participa das apresentações do Boi Estrela Dalva.
“Antes mesmo de entrar o mês de junho já começa a acelerar o coração. Muita expectativa, correria, pedindo patrocínio, atrás de ajuda. Ficamos apreensivos, ansiosos para poder chegar o dia. Quando chega, aí que não aguentamos a emoção mesmo. É uma das melhores festas do ano. Quando chega essa época é a felicidade para todo mundo, ainda mais quem cresceu dançando, vendo essa cultura. Fico feliz de ter essa representatividade em Marabá”, completa.
Outro destaque é Matheus Martins, diretor das aldeias. Ele entrou no Boi em 2019 pra dançar como índio e foi evoluindo.
“Consegui destaque e fui para frente do batalhão. É muita responsabilidade porque todo mundo copia a coreografia. De lá eles viram minha capacidade de evoluir e agora estou como diretor das aldeias, um dos principais destaques”, comenta.
Hoje, relata que o boi já faz parte da sua vida. “Tenho 23 anos e nunca tive interesse em participar de festa junina, eu gostava só de assistir. Me fizeram o convite e eu vim participar e foi só amor. Quando me aproximei, a energia dos tambores, pessoal cantando e dançando, me apaixonei. É um momento de calmaria, de descontração, de querer lutar com garra para vencer. É uma competição e temos que chegar com tudo para sermos campeões.”, conclui.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes