CAPS: Dentro da programação do Setembro Amarelo, profissionais de saúde recebem capacitação
No Centro de Atenção Psicossocial (Caps) III – Castanheira, a programação da campanha Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, segue até o dia 30, quando pela manhã será realizada uma caminhada em prol da vida. A concentração será na Praça do Idoso com trajeto até a Câmara Municipal de Marabá, para fortalecer um projeto de lei que aponta a necessidade de psicólogos e assistentes sociais na educação básica.
Durante todo o mês foram desenvolvidas diversas ações para sensibilizar a população e profissionais de saúde sobre os sintomas desse grave problema de saúde que acomete pessoas de todas as idades. Na sexta-feira (24), profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) participaram de uma capacitação sobre o assunto, desenvolvida pelo CAPS, com palestras realizadas pelo psiquiatra e psicólogo do centro.
“Fizemos uma programação acolhendo todas as Unidades Básicas de Saúde da cidade. Com oficinas, teatro, acolhimento, palestras, desenvolvemos várias atividades em virtude ao setembro amarelo, que é uma campanha pela vida. É na UBS onde tudo começa. Todos os anos a gente trabalha com as equipes da Saúde da Família. A mensagem que a gente deixa é o amor à vida, cada vida significa muito”, enfatiza a enfermeira Morgana Lobo, coordenadora do CAPS.
Alan Ranieri Silva, enfermeiro especialista em Saúde Mental, reforça que o objetivo da campanha é conscientizar sobre a identificação e abordagem das pessoas que, porventura, corram risco de cometer o suicídio, a fim de minimizar e diminuir esse problema de saúde pública. Ele destaca a importância dos profissionais de saúde das UBS nesse processo, já que geralmente são os primeiros a terem contato com essas pessoas devido à proximidade de casa à unidade de saúde.
“Na verdade, é mais uma troca de conhecimentos. Esse paciente muito antes dele chegar no CAPS está transitando por aí e a chance de ele conhecer um profissional, um técnico em enfermagem, agente de saúde, enfermeiro dali, da redondeza de onde mora, é muito maior, então a possibilidade de contato é grande. Se esse profissional conseguir fazer uma abordagem, escuta qualificada, as chances desse paciente não chegar à tentativa de suicídio é muito alta”, pontua o enfermeiro.
A enfermeira Élida Ramos da Silva trabalha na UBS Emerson Caselli, no bairro Liberdade, há um ano. Ela participou do evento por considerar importante para a rotina no postinho e até para a vivência comunitária. “Quando somos convidados para esse tipo de evento é muito importante, porque nós como enfermeiros, médicos, equipe multidisciplinar, saibamos quais são os sinais de alerta que podemos ver nos pacientes da nossa área de cobertura, das áreas descobertas que procuraram ajuda na nossa unidade básica de saúde, é muito importante para nós quanto profissionais e quanto pessoa também, para o convívio familiar” ressalta.
A estudante de enfermagem, Larissa Barros, aproveitou a oportunidade para agregar conhecimentos. A estudante do nono período está estagiando no CAPS e fez questão de participar da qualificação. “Muitas das pessoas não sabem lidar com esse tipo de acontecimento, então é importante ser capacitado pra que lá na frente possa ajudar pacientes, usuários do SUS. Vai contribuir muito para minha formação porque, às vezes, a gente tem acesso a isso lá no início da faculdade, mas prestes a se formar é importante porque já vamos para área de trabalho”, observa a estudante.
Durante o evento também foram expostos aos visitantes, materiais produzidos pelos pacientes com ajuda de artesãos. Aliás, essa é uma das atividades realizadas no CAPS como parte do atendimento aos pacientes. Vale ressaltar que, apesar do mês de setembro ser voltado a prevenção do suicídio, o CAPS enfatiza que é preciso estar atento o ano inteiro ao problema e o centro está aberto para atendimento.
Campanha Setembro Amarelo
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, foi criado em 2015, pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar à cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).
O enfermeiro Alan Ranieri deu algumas dicas de prevenção:
Fatores de risco
“O suicídio é um evento multifatorial, tem alguns fatores de risco, como a pessoa ser portadora de transtorno mental, a pessoa ser desfavorecida socialmente, estar passando por um momento muito conturbado na vida, ser vítima de violência, todos esses fatores já devem deixar a gente em alerta, principalmente os fatores sociais, porque a gente vive em uma sociedade que busca produtividade, rapidez, vende uma imagem de perfeição pelas redes sociais, então a gente é impelido, a sentir o fracasso, frustação, perda, e se a gente conseguir corrigir a gente minimiza na ponta, na saúde”.
Sinais
“Atrelando os fatores a mudança de comportamento das pessoas, ela começa a dar sinais de isolamento, mudanças bruscas. Se era mais quieto e começar a ficar falante, como se tivesse se despedindo, ou resolvendo as questões da vida de maneira muito radical; ou aquela pessoa que faz o contrário, que fica completamente retraída, reclusa, uma pessoa que costumava ter uma boa interação social. São vários sinais que podemos observar. Principalmente a fala da pessoa. Se está trazendo fala de pedido de socorro, de ajuda”.
Rede de atendimento
“Se a pessoa consegue ter uma rede de apoio, de amparo, ela vai buscar ajuda. E a gente com esse protocolo aplicado, a gente já consegue perceber, se junto com essa fala eu identifico fatores de risco, temos de ligar o alerta. Se é um familiar, um amigo que está observando todo esse contexto, deve buscar ajuda profissional realmente. Se a pessoa for identificada com um planejamento, ou histórico de tentativas de suicídio, ele tem de ser encaminhado ao Caps pra que seja feita uma escuta qualificada para avaliar a gravidade, se for grave a gente encaminha ao hospital municipal, se a gente consegue manejar, mediar com a família e comunidade, permanece aqui no Caps. Se é usuário com risco leve, que tem suporte familiar, tem o suporte da comunidade a gente encaminha pra atenção básica”, esclarece Ranieri.
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Texto: Leydiane Silva
Fotos: Paulo Sérgio