Caps: Cuidados com a mente são cuidados com a vida. Hoje, 10, é celebrado o Dia da Saúde Mental
Nesta segunda-feira, 10, é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental. A data tem como objetivo conscientizar sobre os cuidados com esse aspecto importante da vida humana e que necessita de atenção. Em Marabá, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) atua no atendimento às pessoas que possuem algum transtorno.
O Caps atua como porta aberta, além de receber demandas vindas de escolas, Centro de Referência da Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), além de demandas judiciais. O Caps também atua junto a pessoas em situação de rua e usuários de drogas.
Entre os casos atendidos estão pessoas com transtorno de personalidade borderline, transtorno bipolar, além de outras demandas.
Paula Aviz é enfermeira psiquiátrica do Caps e uma das técnicas de referência do centro. O trabalho dos técnicos é acompanhar os pacientes desde a primeira vez que ingressam no serviço e buscar conhecer a realidade de cada um.
“Então, ele se envolve na vida dos pacientes, que é essa a tarefa mais árdua de qualquer um de nós, esse envolvimento. Essa parte do envolvimento na vida do usuário é o mais complicado. Você acolhe na crise, prepara-o pra sair da crise, prepara a família para recebê-lo de volta, faz um ensinamento de como a família vai ter que lidar ou na crise ou depois da crise, como a escola vai receber de volta, como o trabalho vai receber de volta. A gente está em todos os setores juntos. A gente caminha junto”, explica Paula Aviz.
O quadro funcional do Caps conta com clínico geral especialista em saúde mental, psiquiatra, enfermeiros psiquiátricos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, técnicos de enfermagem. “Todo mundo tem um vínculo bom com paciente. Todo mundo se envolve junto”, explica a enfermeira.
No centro, os profissionais trabalham com o Projeto Terapêutico Singular (PTS). Nesse sentido, quando as pessoas são acolhidas, por meio da história de cada um e suas realidades são pensadas as atividades que irão executar a fim de melhorar algum sintoma e desenvolver habilidades.
“Os grupos, cada pessoa vai ver um perfil diferente para o grupo. Se é um usuário que gosta muito de dançar, então as atividades geralmente vão ser com a educadora física ou o que é mais tímido, que gosta de falar, gosta de escrever, já vai ser com a psicóloga, depende muito do que o usuário traz para a gente”, reforça Paula Aviz.
Entre as oficinas disponibilizadas estão pintura, crochê, jardinagem, oficinas funcionais de expressão verbal e corporal e outras. Há também os grupos de convivência com diversas atividades como exibição de filmes.
Em relação ao acolhimento, os técnicos de referência avaliam as pessoas atendidas e veem como serão as atividades executadas, sejam no acolhimento diurno ou no acolhimento integral, que pode durar até 14 dias.
A terapeuta ocupacional Sílvia Alves está há pouco tempo à frente da oficina de pintura com um grupo de pessoas atendidas. Cada um apresenta um perfil de pintura e busca representar as propostas sugeridas pela equipe.
“Meu objetivo com eles é cada semana ter uma proposta e no final eles fazerem uma reflexão do que eles pintaram. A pintura trabalha a autoestima, independência, interação, trabalha vários contextos. Tem pessoas que são muito fechadas e com a pintura eles se abrem, se descobrem muitos talentos na pintura”, destaca a terapeuta ocupacional.
Em uma das atividades realizadas, a equipe pediu para eles representarem seu final de semana e algo que gostam de fazer no tempo livre. O resultado apresentado foram pinturas de pipas, prateleiras de livros, natureza, futebol, caminhada, embalo na rede, entre outras situações.
Weslley Oliveira, 25 anos, faz tratamento no Caps há quase dois anos e atualmente faz parte do acolhimento diurno. Olhando para trás, ele percebe o quanto melhorou nesse período frequentando o centro.
“A melhora se comparada de um dia para o outro é imperceptível, mas se comparar como eu me sinto hoje a como eu me sentia no começo do tratamento eu estou bem melhor. Eu não converso muito com os outros, mas hoje até que estou conversando bastante”, explica.
A enfermeira Paula Aviz reitera avalia que com a pandemia e seus efeitos sobre a população muitas pessoas passaram a perceber mais os serviços de saúde mental.
“Todos nós precisamos, precisamos de acolhimento, precisamos de um cuidado mais especial, precisamos ter atividades que nos ajudem a nos socializarmos, expressarmos, prevenir muitas situações. Eu estar conversando com você, fazer uma atividade física, comer bem, isso já me gera uma saúde mental boa, não só física”, finaliza.
Serviço: O Caps é localizado na Folha 31 próximo à Fundação Casa da Cultura de Marabá.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Secom PMM