CCZ: No Dia Mundial de Combate às Zoonoses, conheça como funciona o Centro em Marabá
Neste 6 de julho, é comemorado o Dia Mundial das Zoonoses, data alusiva ao dia 6 de julho de 1885, quando o cientista Louis Pasteur inoculou a primeira vacina antirrábica. Dessa forma, a data tem o objetivo de alertar sobre os perigos dessas doenças infecciosas e capazes de serem naturalmente transmitidas entre outros animais e seres humanos, como o vírus da raiva (transmitido de morcegos e outros mamíferos); fungo da esporotricose (por arranhões e mordidas de gatos e cães infectados); bactéria da salmonelose (em contato com o pó das fezes de pombos); bactéria da leptospirose (por meio de ratos infectados) e os vírus da febre amarela, malária, dengue, zika e leishmaniose (causados por mosquitos vetores como o Anopheles darlingi, Aedes Aegypti e flebotomíneos, por exemplo o mosquito palha).
Dessa forma, a zoonose torna-se uma questão de saúde pública, cuja atuação é feita pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que atua no combate, controle e prevenção dessas doenças, desde o ano 2000 e está localizado na Avenida 2000, bairro Belo Horizonte.
“Segundo a OMS, 69% das zoonoses são transmitidas de animal para o ser humano. E por isso a gente faz esse serviço para que as pessoas não venham adoecer. Há cidade que não tem esses programas funcionando e muitas vezes as pessoas ficam à mercê, por isso o CCZ na cidade é fundamental, porque ele ajuda na prevenção e controle dessa enfermidade, com ações à população, para que tomem conhecimento desse serviço e tenham uma qualidade de vida melhor. Os donos dos pets devem levá-los para fazer desde a vacinação, exames e controle das enfermidades”, aborda o médico veterinário Flávio Ferreira, coordenador do CCZ.
Inicialmente, o centro foi criado para cessar os casos de raiva animal na época. Atualmente o CCZ dispõe de vários outros serviços, como vacinação, castração, doação de animais, testes, ações itinerantes, orientações, entre outras.
Vacinação
A vacinação antirrábica se destaca por ser um dos programas mais antigos e mais realizados no CCZ. Apenas este ano, mais de 5 mil animais receberam doses contra a raiva, em ações pela cidade. O coordenador do Centro relembra que a vacina está disponível diariamente, das 7h às 18h e pode ser aplicada tanto pelos agentes de endemias quanto pode ser transportada pelo proprietário quando este não puder levar o pet até o local. Além disso, anualmente acontece a Campanha de Vacinação Antirrábica, que ocorre geralmente de setembro a novembro e busca atingir melhores índices de imunização no município. “Fazemos a vacinação de casa em casa. Em todos os bairros de Marabá, a equipe de zoonoses passa, junto com o pessoal do Exército, Endemias e Saneamento Ambiental. Terminando na sede de Marabá, a gente vai para a zona rural, nas vilas e vicinais dessas vilas”, explica Flávio.
Leishmaniose
Outro serviço fundamental é a realização dos diagnósticos de leishmaniose, de forma gratuita, nas segundas e quintas, das 8h às 10h e às terças e quartas, das 13h às 15h, independente de haver sintomas ou não, pois segundo o coordenador, o animal pode ser assintomático. “Às vezes, a pessoa vem vacinar um animal e quer fazer o exame, a gente faz também, mesmo que não apresente sintomas”, complementa Flávio.
De janeiro a junho deste ano, o CCZ já realizou 1885 testagens para a Leishmaniose, o que representa cerca de 314 exames por mês.
O combate à doença também é conduzido por meio de ações externas nos bairros, para prevenir, diagnosticar e fazer inquéritos sobre os locais de maior incidência do “mosquito-palha”, transmissor da doença. Mas é importante lembrar que a população precisa colaborar para evitar a proliferação do mosquito, evitando água parada e a limpeza dos quintais.
Além das ações, rondas semanais são feitas para a captura de animais de pequeno porte, abandonados nas ruas, levados para a realização de teste da Leishmaniose. Caso o teste dê negativo, o animal vai para adoção.
Por falar nisso, geralmente o Centro disponibiliza para a adoção, cães e gatos resgatados pelos Agentes de Combate a Endemias (ACE). Atualmente, 13 animais estão disponíveis para adoção, com vacinas e testagem de leishmaniose em dia. No ato de adoção, um dos agentes faz um termo, que garante a castração, com agendamento especial. Há também orientações quanto à vacinação, viroses e vermífugos.
Porém, é importante alertar que o CCZ não é abrigo, tornando-se proibido abandonar quaisquer animais nas proximidades da Unidade, além de configurar-se crime previsto no artigo 32 da Lei 9.605/98.
Castração
Para reduzir tanto as enfermidades, quanto o abandono de animais, o CCZ dispõe também do Centro de Esterilização, para castração de cães e gatos, tanto fêmeas como machos. As equipes trabalham com sistemas de agendamento, por meio do aplicativo WhatsApp. Até agora, 1.284 cirurgias de esterilização já foram realizadas pelo Centro.
“As pessoas podem agendar, e após a castração fazemos a primeira medicação no animal, e assim sai pronto para o proprietário fazer as outras medicações do pós-operatório”, ressalta o coordenador.
Controle de Sinantrópicos
O Centro também atende denúncias de infestação de animais transmissores das zoonoses, como pombos, morcegos, baratas, atuando na retirada e controle. Este ano, até então, 6 denúncias já foram feitas em Marabá.
“É importante frisar que esses animais não podem ser exterminados nem capturados porque não temos ambiente para colocar esses animais. Eles devem ser retirados do local, como em órgãos públicos, residências e a gente faz a orientação de como fazer esse controle”, esclarece Flávio.
Texto: Sávio Calvo
Fotos: Sara Lopes