Cidadania: Roda de capoeira marca final de oficina no Residencial Jardim do Éden, em Morada Nova
No meio do Ginásio Erlon Carlos da Silva, em Morada Nova, uma roda pra lá de animada. Também, pudera! É a finalização da oficina de capoeira desenvolvida pelo Projeto Técnico Social (PTS) para os moradores do Residencial Jardim do Éden, promovido pela Prefeitura de Marabá, por meio da Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU), da secretaria de Assistência Social (Seaspac), da secretaria de Obras (Sevop), e Caixa Econômica Federal.
Desenvolvido junto à comunidade do Jardim do Éden, há oito meses, com duração de 12 meses, o PTS é realizado em três eixos: educação patrimonial e ambiental, fortalecimento social (oficinas) e desenvolvimento socioeconômico (cursos profissionalizantes). No eixo de fortalecimento de vínculos, há oficinas como a de capoeira e de relações sociais.
“Finalizando a oficina de capoeira, trabalhamos a sociabilidade entre os moradores. A capoeira trabalha tanto a disciplina, tanto no comportamento quanto na coordenação motora. Nós observamos o crescimento das crianças nesse sentido”, explica Lúcia Martins, assistente social do SDU pelo PTS.
O Projeto Técnico Social, vinculado ao Casa Verde e Amarela, é executado pela empresa ABRADESA, ganhadora da licitação, que garante, além de oficinas, cursos profissionalizantes e outras atividades socioeconômicas e ambientais.
“Quando iniciamos, foi na pandemia, quando essas crianças tinham aulas on-line, a oficina veio contribuir com o resgate dessas crianças”, conta Diana Oliveira, assistente social e coordenadora do projeto pela ABRADESA.
Com apoio da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel), a culminância da oficina de capoeira, após seis meses de aulas, é marcada pela troca de cordas, como explica o contramestre Bahia, do grupo de Capoeira, Filhos de Luanda.
“Na mudança dessa corda, a gente está valorizando as crianças. No final de seis meses, cada um tem que pegar sua valorização. A primeira corda é de incentivo. A capoeira é uma ferramenta de inclusão social muito boa, tira as crianças das ruas, da ansiedade, de muitas coisas ruins, que o mundo oferece hoje em dia”, ressalta.
As meninas Maria Cecília do Nascimento e Lara Araújo, ambas de 10 anos, gostaram de aprender o novo esporte.
“Eu achei muito bom, deu de aprender muita coisa, a me defender, fiz muitas amizades. Gostei bastante. Hoje é um dia de festa, dia muito especial para nós”, disse Lara.
Maria Cecília revela: “Eu gostei de tudo, tudo muito legal, muito criativo, cultural, é bom participar, eu adorei, e nunca vou desistir de participar dessa capoeira”.
Pedro Augusto de Jesus, de 11 anos, aprendeu muito e quer aprender mais. “Aprendi meia lua de frente, queixada, mortal, estou aprendendo ainda. Com a nova corda, eu estou muito feliz”, disse.
Enquanto Pedro fica empolgado, a mãe dele, Andreia Oliveira de Jesus, dona de casa, é só orgulho e enumera os benefícios que a capoeira trouxe para o filho. “Ele está mais tranquilo, era muito estressado, ele mudou muito, ficava brigando com a maninha, ele quer brincar de capoeira comigo (risos). O sentimento de mãe é muito gratificante, muito orgulho”, completa.
A capoeira é inclusão e também superação. Cadeirante há cinco, vítima de um acidente de trânsito, Marlene Maria dos Santos, encontrou na capoeira ainda mais alegria de viver. “Sou conhecida como mulher furacão, entrei por conta do meu filho, agora sou mulher cadeirante capoeirista. Tenho muito orgulho. Eu estou aqui para representar todos os cadeirantes. A capoeira traz leveza, alegria, amor próprio. Gente, eu gosto de viver a vida, dançar, virar cambalhota, pare de reclamar e curta a vida!”, aconselha.
Marlene não sabe, mais inspira e orgulha o filho Ezequiel dos Santos. “É uma inspiração, me sinto orgulhoso da minha mãe, espero que ela nunca pare, que possa realizar o sonho dela e tenha um futuro melhor. Eu me sinto feliz na capoeira”, revela.
Para o Reully Arrais, presidente da Associação dos Moradores do Residencial, esse é “um momento de felicidade que o projeto proporciona a toda a comunidade em todos os segmentos, de profissionalização, de cultura e esporte. Hoje estamos vendo isso, o projeto de capoeira, que contemplou e vai contemplar muitas crianças do nosso núcleo”.
Cursos de capacitação
Vários cursos já foram realizados, como manicure, bolos caseiros, atendente de farmácia, assistente administrativo. Ainda serão executados o de recepcionista, de docinhos e outros.
Texto: Kélia Santos
Fotos: Paulo Sérgio