Cidadania: Garis de Marabá têm admirador de 5 anos de idade
“Sou fã dos garis”. Essa frase expressa o sentimento do pequeno David, de apenas 5 anos, pelos profissionais que trabalham com o recolhimento regular de resíduos sólidos e limpeza das vias públicas. A criança mora com os pais, na Rua Marechal Deodoro, no bairro Santa Rosa, na Marabá Pioneira. Todos os dias o menino espera o caminhão passar para ajudar os garis com a coleta na porta de casa. Uma rotina prazerosa não só para ele, mas também para os trabalhadores.
David ficou conhecido pela turma da limpeza, ainda no ano passado, no bairro Cidade Jardim. Aos fins de tarde, bastava ouvir o som do caminhão se aproximar para comemorar a chegada dos “parceiros”, como o garotinho trata os profissionais. Os pais de David perceberam que a admiração cresceu quando o menino fez um pedido inusitado para a mãe, a professora Carmélia Farias. “Ele pediu para fazer uma roupa igual à dos garis e usou no carnaval todinho. Ficou amigo deles. Pede para fazer bolo, para dar lanche e fez amizade com os garis como se eles fossem da idade dele”, contou.
Carmélia admira a atitude do filho. “Faz parte da inocência da criança e a gente procura ensiná-lo. Se depender de mim ele não vai acabar com essa admiração”, destaca a mãe de David.
Já para Wagner Garcia, o pai de David, o mais surpreendente dessa relação do garoto com os homens do uniforme laranja, é o ato do filho querer ajudar os garis. “A gente sempre estar a alimentar e nunca desmotivar o que ele sente, o respeito que ele tem pelo trabalho, pela farda. A gente se sente gratificado por isso, por esse respeito pelo trabalho. Em qualquer lugar da cidade onde a gente passa que ele vê o pessoal fardado ele diz, olha lá, meus parceiros. Têm muitos que não têm essa admiração”, enfatiza.
Para a equipe da limpeza, a amizade do Davi possui muito significado. Osmar da Cruz, o motorista do caminhão, disse que o menino motiva a todos com essa demonstração de carinho. “O primeiro contato com ele foi quando a gente passou e ele começou a gritar dizendo ‘tchau motorista eu quero correr atrás, eu tenho a minha farda’, tem muita gente que critica e diz que o carro está fedendo e o Davizinho veio para mudar essa história”, ressalta Osmar.
O gari Valdemir da Cruz lembra do primeiro dia que viu Davi fardado. “Ele correu onde a gente estava pegou a sacola de lixo e jogou no carro. Ele se alegrou. Onde a gente passa ele fala com a gente. As crianças valorizam os garis”, expressa o trabalhador.
Em dois anos de profissão, Adriel Ferreira, disse que nunca tinha visto coisa igual. “É uma satisfação para nós! Muitos não respeitam a gente e ele motiva. Toda vez que passamos ele está esperando com a sacola na mão, eu sei que as crianças gostam da gente, mas usando farda só vi mesmo o Davi”, falou animado o trabalhador.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Hilton Rodrigues